
As 20 melhores séries estreadas este ano. A escolha televisiva do Expresso é uma oportunidade de (re)ver as melhores produções do ano e recuperar o tempo perdido com os programas que mais vale esquecer
As 20 melhores séries estreadas este ano. A escolha televisiva do Expresso é uma oportunidade de (re)ver as melhores produções do ano e recuperar o tempo perdido com os programas que mais vale esquecer
A criação de Christopher Storer é um prato cheio de boa ficção. “The Bear”, considerada pelo Expresso a melhor série do ano, tem segunda temporada garantida. Mas não é a única grande estreia de 2022: São 20 os títulos escolhidos, numa lista onde estão representados títulos de vários géneros — dos dramas juvenis aos épicos de grande orçamento, sem esquecer as biografias, os thrillers e os (quase) remakes.
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Série sensação deste verão nos Estados Unidos, “The Bear” chegou a Portugal apenas em outubro via Disney+ (a produção é da FX e Hulu). É quase caso para dizer que mais vale tarde do que nunca, pois se as expectativas eram altas para uma série tão caótica como viciante, deliciosa de deixar água na boca mas ao mesmo tempo indutora de uma aflitiva ansiedade — e que do outro lado do Atlântico foi aclamada como uma das melhores criações do ano —, elas não foram goradas, de todo.
“The Bear” não pede licença para impor um ritmo frenético desde o princípio, confiando que o espectador apanhe o fio à meada e entenda o que está a acontecer enquanto gritos, respostas tortas, insultos e jargão de cozinha se misturam com ruídos de panelas, facas e comida ao lume. O trabalho de câmara — a captar os gestos apressados, as dores de cabeça, os rostos suados e olhares nervosos — e montagem meticulosa ajudam a criar uma atmosfera febril e a captar o caos frenético que se apodera da cozinha de um restaurante durante o serviço. Tudo isso auxiliado pelos constantes acordes irrequietos e em loop do hino punk da banda Refused (‘New Noise’) mas que, ao contrário do que se ouve no álbum (“The Shape Of Punk To Come”), nunca alcança a catarse. É uma banda sonora de stress e tensão, e apenas amplifica a panela de pressão de Christopher Storer e Joanna Calo, os criadores da série.
Os pedidos que chegam à cozinha estão errados, as contas aos fornecedores não são pagas, a autoridade sobre os seus empregados é nula. Stresse. Esta não é a típica cozinha de fine dinning a que Carmen Berzatoo estava habituado. Carmy, como também é conhecido, é um génio da gastronomia. Um jovem chefe e estrela em ascensão que trabalhou nos melhores restaurantes do mundo, e que abandonou para assumir o pequeno restaurante familiar que o irmão lhe deixou em herança quando se suicidou.
O restaurante está a cair de podre e Carmy ainda tem de enfrentar a resistência do staff, em especial de Richie (Eben Moss-Bachrach) , o ex-braço direito e melhor amigo do irmão de Carmy. Resumidamente, este é o conflito — por vezes efervescente, visceral e inebriante — que “The Bear” explora em oito episódios que são uma ode ao binge watching: devem ser degustados de enfiada.
A atmosfera é eletrizante e o elenco brilhante. A começar pela ambiciosa cozinheira que Carmy contrata para sous-chef, a Sidney interpretada por Ayo Edibiri. Passando pelo pasteleiro Marcus (Lionel Boyce), por Tina, a cozinheira de feitio complicado (Liza Colon-Zayas), sem esquecer Richie, a maior força de bloqueio à mudança. Todos eles contribuem para fazer de “The Bear” uma série irresistível. Mas chefe, há só um: Carmy, interpretado por Jeremy Allen White, até aqui conhecido pela sua participação em “Shameless”, mas que doravante será difícil dissociar do chefe tatuado de avental azul constantemente à beira de um ataque de pânico. Ferido pelo suicídio do irmão e vergado pelo fardo de recuperar o restaurante, Carmy vive num quase permanente estado de ansiedade — e, como ele, também nós. A segunda temporada já está no forno. / M.A.
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A novela gráfica passa para o pequeno ecrã a história de amor de Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor). onde os dois adolescentes tentam compreender o sentimento que os une enquanto um lida com o bullying de que é alvo e o outro com incertezas quanto à sua orientação sexual. “Heartstopper” abre uma nova etapa da representatividade LGBTQIA+ na TV, mostrando que nem sempre o lado mais negro vinga nas vidas de uma imensa, e diversa, minoria, que continua estigmatizada e perseguida. A participação especial de Olivia Colman é a cereja no topo do bolo. / M.R.V.
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Depois de uma temporada inagural de sucesso, a segunda temporada repete a base satírica mas mudam os ingredientes. A exceção é Jennifer Coolidge, que volta a dar vida a Tanya McQuoid. Neste novo “White Lotus”, as personagens desembarcam na Sicília, num ambiente distópico que sufoca as suas relações interpessoais. Conduzido por um brilhantismo de autor, desta vez o enredo assenta na toxicidade e sexualidade. No desfecho, tudo corre bem porque tudo corre mal. / M.O.D.
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Protagonizada por Taron Egerton e um assombroso Paul Walter Hauser, a minissérie “Black Bird” conta a história real de James Keene, carismático criminoso recrutado pelo FBI para arrancar uma confissão a Larry Hall, homem obcecado pela guerra civil norte-americana que se revelou um dos assassinos em série mais mortíferos da história dos Estados Unidos. / M.R.V.
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Nathan Fielder já fez muito por muitas pessoas. Já as ensinou a ter lucro com os seus negócios (“Nathan for You”) e a cozinhar “o risotto perfeito” (“How to with John Wilson”, série documental que produziu). Desta vez foi ainda mais longe: aqui ajuda pessoas a prepararem-se para momentos particulares das suas vidas, ensaiando-os. É com os erros que se aprende. Ou não. / H.B.
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Prequela de “A Guerra dos Tronos”, “House of the Dragon” debruça-se sobre a luta pelo poder numa casa real Targaryen em declínio, 200 anos antes de Daenerys. Sombria e tensa, a primeira temporada vive das interpretações memoráveis de Paddy Considine (o rei Viserys), Matt Smith (o irmão Daemon), e Emma D’Arcy (a princesa Rhaenyra). / M.R.V.
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“Shining Girls” chegou com o selo da Apple TV+, de forma discreta, sem alaridos. Não fosse pelo elenco encabeçado por Elizabet Moss, Wagner Moura e Jamie Bell, e quase corria o risco de passar despercebida. Não passou, e ainda bem, pois é um thriller original que combina de forma inteligente elementos sobrenaturais, terror, serial killer, muito suspense e ficção científica qb. / M.A.
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O SENHOR DOS ANÉIS: OS ANÉIS DO PODER
De J. D. Payne e Patrick McKay
Amazon Prime Video
Temporada 1
20 anos após Peter Jackson “O Senhor dos Anéis”, grande bíblia da literatura fantástica, “Os Anéis do Poder” leva ao pequeno ecrã os apêndices da trilogia de J.R.R. Tolkien. Na primeira temporada, conhecemos as origens de Sauron, homem que trouxe as trevas à Terra Média e forjou o tão disputado anel. / M.R.V.
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A Theranos ia revolucionar as análises com um aparelho que detetaria um sem fim de maleitas. Afinal era mentira e a CEO acaba de ser condenada a 11 anos de prisão. Jennifer Lawrence ia interpretá-la num filme, mas desistiu ao ver Amanda Seyfried na série sobre uma das startups caidas em desgraça. É assim tão boa. / M.A.
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O mais expressivo filme de Olivier Assayas, “Irma Vep”, inspirava-se num seriado gaulês realizado nos tempos do cinema mudo por Louis Feuillade. Vinte e seis anos volvidos sobre a estreia, deu agora origem a uma série airosa de oito episódios - sobre a qual o realizador falou ao Expresso - , um bocadinho mais cinematográfica do que aquilo a que estamos habituados. Não é sequela nem remake e está muito bem adaptada aos dias de hoje, com Alicia Vikander no papel que antes foi de Maggie Cheung. / F.F.
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