Saúde

FNAM diz que o Governo voltou atrás nas negociações com os médicos: “Não assinamos cheques em branco”

A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, em setembro de 2023
A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, em setembro de 2023
ESTELA SILVA

A longa ronda negocial com os sindicatos médicos no Ministério da Saúde terminou esta terça-feira sem acordo, na última oportunidade de o consumar antes do temido mês de novembro

Terminou sem acordo a ronda negocial que decorreu esta terça-feira no Ministério da Saúde com os sindicatos dos médicos – que acusam o Governo de ter voltado atrás face ao que já tinha sido anteriormente conversado.

“Ficámos perplexos com o facto de tudo aquilo que tínhamos conversado no último domingo – e estivemos nove horas reunidos – não se ter vertido no documento”, declarou Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), à saída da reunião no Ministério da Saúde.

“Não assinamos cheques em branco”, garantiu, frisando: “Temos de ter a certeza que o que nos foi dito no domingo se vai verter num documento escrito, de forma séria”.

As principais reivindicações dos médicos são “a reposição do horário de trabalho para 35 horas”, além da “reposição do tempo de urgência, para passar a ser de 12 horas”, resumiu Joana Bordalo e Sá.

A presidente da federação dos médicos adiantou também que “faltava conhecer os diplomas das Unidades de Saúde Familiar e da criação do regime da dedicação plena”. Segundo a médica, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, negou a hipótese de discussão desse conteúdo.

Já num intervalo da ronda negocial no Ministério da Saúde, após mais de três horas de reunião, os sindicatos médicos admitiam estar “muito longe” de obter um acordo com o Governo.

Recorde-se que negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos começaram há um ano e meio. A partir desta quarta-feira, entra em vigor a recusa de centenas de médicos de todo o país a exceder as 150 horas extraordinárias anuais obrigatórias, o que deve provocar ainda mais constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais.

O diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, já avisou que, sem acordo com os médicos, novembro vai ser “o pior mês” nas urgências em “44 anos do SNS”.

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