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Presidenciais: Santos Silva admite candidatar-se, Barroso afasta-se, Marcelo e Raimundo desvalorizam

Augusto Santos Silva
Augusto Santos Silva
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Presidente da Assembleia da República junta-se a Marques Mendes como os nomes que admitem candidaturas a Belém em 2026. Assunto viajou entre Castelo de Vide, Ponte da Barca e Seixal

Presidenciais: Santos Silva admite candidatar-se, Barroso afasta-se, Marcelo e Raimundo desvalorizam

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Desde que Luís Marques Mendes, há uma semana, anunciou a disponibilidade para candidatar-se a Presidente da República, o mundo político português (mais à direita) tem-se animado à volta do assunto. Este fim de semana, foi um tema que viajou de Ponte da Barca ao Seixal, fazendo um desvio por Castelo de Vide. Quatro foram os protagonistas que sobre o tema falaram, os quatro para retirarem gás ao assunto, mas um dos quais para se afastar da corrida e outro para dizer que pode mesmo correr para presidente ao país (tal como para a sua junta de freguesia).

É Augusto Santos Silva o nome de quem não fechou a porta a candidatura presidencial. Não é uma novidade, e voltou a fazê-lo em Ponte da Barca, bem mais acima do que a sua região de nascimento, no Porto. “Posso repetir o que já disse: não enjeito em absoluto qualquer candidatura, seja a ela a que cargo for, incluindo à minha junta de freguesia”, disse o presidente da Assembleia da República no evento de verão da Comissão Europeia, em declarações transmitidas pela SIC Notícias. Uma repetição depois de semanas em que no seu campo político o nome de Mário Centeno começou a ganhar lastro, mas sem que haja um nome óbvio dentro do PS.

Santos Silva não quis estender-se mais, limitando a recordar que as eleições presidenciais serão apenas em janeiro de 2026, e que o calendário marca setembro de 2023. Nada mais quis comentar o socialista que não fecha a porta a Belém, como há uma semana Marques Mendes, aqui no campo dos sociais-democratas, a deixou aberta: “Se um dia perceber que com uma candidatura à presidência da República serei útil ao país, tomo essa decisão”. O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes completa esse leque, ao atirar para o próximo ano uma decisão definitiva.

Mas já houve quem tenha dito que não está disponível para ser sujeito a sufrágio presidencial. Durão Barroso, na Universidade de verão do PSD (aquela que em antecipação terá levado Marques Mendes a antecipar a sua disponibilidade), recusou ter vontade. “Não estou com qualquer disponibilidade para intervenção política ou partidária, não estou na vida política ativa”, atirou o antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, respondendo aos jornalistas que, sim, “exatamente”, está a dizer “nunca” a uma candidatura presidencial.

Nuno Veiga

Outras prioridades, e a proximidade

“O PSD tem uma prioridade política que é preparar-se para ser governo e oferecer ao país um governo de qualidade, mas a prioridade imediata do ponto de vista eleitoral são as eleições europeias, que são daqui a alguns meses”, apontou Barroso ao PSD de Luís Montenegro em Castelo de Vide.

Não é uma posição muito distinta da que Paulo Portas, convidado para a Universidade de verão, disse: a prioridade não é a escolha de um sucessor para Marcelo Rebelo de Sousa, mas sim o combate a António Costa.

Ora, o próprio Marcelo Rebelo de Sousa voltou a falar do assunto este sábado, para dizer que não é o mais relevante. Questionado sobre a hipótese de o socialista António Guterres ser candidato em 2026, Marcelo Rebelo de Sousa disse que, "de longe", está mais preocupado com as eleições europeias do que com as presidenciais.

Vão servir, declarou o Chefe de Estado, para medir o “pulso da Europa: “Os populismos sobem, não sobem? Os partidos que estão no poder aguentam ou não aguentam? Os partidos mais europeístas aguentam ou não aguentam? Isso é mais importante”, declarou Marcelo, citado pela agência Lusa. Disse, apenas, uma coisa: espera um sucessor que mantenha a “proximidade”.

Estas são eleições que vão acontecer dentro de dois anos e pouco, e, do lado do PCP, que tem sempre um candidato por si apoiado, a discussão em torno dos candidatos só mostra preocupação de um lado do espetro político. “Como a direita não tem assunto – porque no fundamental, no que é estruturante, está ao do Governo do PS – tem de criar assunto”, atirou Paulo Raimundo, no Avante. Nem com as europeias está ainda preocupado.

“Nem consigo perceber, a não ser falta de assunto, não consigo perceber sequer esta agitação”, continuou. Mas há, e este fim de semana a agitação percorreu mais de 500 km, para discutir o que irá acontecer dentro de cerca de 880 dias.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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