Política

Críticas à representação do Estado no Catar aumentam: viagem do Presidente é votada esta segunda-feira

Marcelo, Santos Silva e António Costa na sessão solene dos 48 anos da Revolução
Marcelo, Santos Silva e António Costa na sessão solene dos 48 anos da Revolução
MANUEL DE ALMEIDA/Lusa

Deputados e comentadores do PS e do PSD consideram que representantes da República não devem ir ao Mundial, apesar de os seus partidos já terem garantido aprovação da viagem. Votação em plenário na terça-feira

Ana Gomes e Marques Mendes. Sergio Sousa Pinto e Alexandra Leitão. E também os sociais-democratas Paulo Rangel e Miguel Poiares Maduro – nos últimos dias todos se manifestaram contra a ida ao Catar do Presidente da República, mas também do presidente do Parlamento e do primeiro-ministro. A viagem do Presidente, a única que é sujeita a alterações, é discutida e votada esta segunda-feira na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros.

E foi o próprio presidente da comissão, o socialista Sérgio Sousa Pinto, um dos deputados que este fim-de-semana manifestou a sua oposição á ida dos principais representantes do Estado aos jogos de Portugal no Campeonato Mundial de Futebol, que começou este domingo. Marcelo, Santos Silva e Costa combinaram o que já tem sido habitual noutras competições deste tipo: o Presidente vai ao primeiro jogo, o presidente do Parlamento ao segundo e o primeiro-ministro ao terceiro. Depois, se Portugal, passar da fase de grupos, voltam a organizar-se, em princípio mantendo a ordem hierárquica decrescente.

A polémica sobre estas viagens começou depois das polémicas declarações do PR a desvalorizar as violações dos direitos humanos no Catar. Antes, só o Livre tinha manifestado a sua oposição à viagem presidencial. Mas, pouca horas depois, o Bloco de Esquerda entregou um projeto de resolução no Parlamento a defender que não haja qualquer representação institucional no Mundial.

Marcelo voltou a falar do assunto em público para garantir que vai ao Catar falar de direitos humanos e para lembrar que o Parlamento é que o autoriza a sair. Os líderes parlamentares do PS e do PSD já vieram dizer que os seus partidos garantem a aprovação do pedido de Marcelo, até porque é essa a tradição: nunca rejeitar.

No entanto, a polémica continuou. "Não vejo qual é a necessidade de irem, a questão é essa", afirmou à SIC Paulo Rangel, eurodeputado e vice-presidente do PSD. O mesmo pensa o também social-democrata Miguel Poiares Maduro. E ainda no mesmo campo político, o comentador e conselheiro de Estado Marques Mendes alinha pela mesma posição no seu comentário semana na SIC.

No campo socialista, além de Sousa Pinto, também a ex-ministra Alexandra Leitão já tinha escrito a sua crítica à representação do Estado no Catar e voltou a expressá-la no programa Princípio da Incerteza, na CNN. Por seu lado, Ana Gomes, no seu comentário na SIC, foi mais longe considerando “intolerável” gastar dinheiro público com a deslocação de responsáveis políticos ao Catar.

Depois do debate e votação esta tarde na comissão de Negócios Estrangerios, a viagem de Marcelo vai também ser votada na terça-feira em plenário. As saídas do PR de território nacional têm sempre de ser aprovadas pelo Parlamento, mas quando não há votações em plenário agendadas, o presidente do Parlamento faz uma consulta informal aos líderes parlamentares, ficando a votação formal para o primeiro plenário seguinte. A´te já aconteceu a votação em plenário só acontecer depois da viagem realizada. E era o que estaria em preparação para esta ida ao Catar, uma vez que a Assembleia da República está em período orçamental até sexta-feira. Mas a polémica suscitada levou o Parlamento a introduzir uma votação sobre o pedido do Presidente no plenário de terça-feira destinado à votação do Orçamento do Estado.

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