Bloco contraria Marcelo e apela a que Costa e Santos Silva não vão ao Catar
Partido entregou projeto de resolução a condenar violações dos direitos humanos e condições de trabalho no país que acolhe o Campeonato do Mundo
Partido entregou projeto de resolução a condenar violações dos direitos humanos e condições de trabalho no país que acolhe o Campeonato do Mundo
Na manhã seguinte às declarações do Presidente da República a desvalorizar a violação de Direitos Humanos no Catar, o Bloco de Esquerda pôs-se em campo e entregou no Parlamento um projeto de resolução em que condena as violações de direitos humanos e direitos laborais no país que acolhe o Campeonanto do Mundo. No mesmo projecto quer pôr o Parlamento a dizer nem o Governo, nem a Assembleia da República se devem fazer representar naquela competição.
Quase ao mesmo tempo, a coordenadora do BE, Catarina Martins, deixava o apelo ao Presidente da República para não ir ao Qatar. "Não podemos esquecer as condições dos trabalhadores", afirmou Catarina Martins quando questionada esta sexta-feira, em Lisboa, pelo jornalistas sobre as declarações do Presidente da República na quinta-feira.
Como o Expresso já noticiou, as três principais figuras da hierarquia do Estado vão ao Catar acompanhar os jogos de Portugal. A deslocação do Presidente, como é de lei, tem de ser votada no Parlamento, mas as de Santos Silva e de António Costa não. Mas com a discussão e votação que o Bloco quer provocar vão também acabar por ser votadas.
O BE pretende que o Parlamento recomende ao Governo que “não se faça representar no Mundial de Futebol de 2022 e condene publicamente as inúmeras e reiteradas violações dos direitos humanos no Qatar, incluindo no processo de preparação deste Campeonato”. Também propõe que a Assembleia delibere “condenar publicamente as inúmeras e reiteradas violações dos direitos humanos no Qatar e repudiar a discriminação das mulheres, a perseguição das minorias e dos opositores políticos, a exploração laboral e os maus-tratos a trabalhadores migrantes perpetrados no processo de preparação do Campeonato, não se fazendo representar no Mundial de Futebol de 2022”.
Na sua fundamentação de duas páginas, o Bloco lembra os vários direitos, liberdades e garantias que são postos em causa naquele país. “O Mundial de Futebol de 2022 está a ser usado para legitimar um regime de monarquia absolutista onde o privilégio de uma elite minoritária se sobrepõe aos direitos humanos”, lê-se no requerimento que é como que um manifesto contra o Catar, mas também contra as palavras do Presidente da República.
“O trabalho forçado, a discriminação e violência de género, a perseguição e prisão de pessoas em função da sua orientação sexual, a censura e absolutismo são violações grosseiras da liberdade e dos mais elementares direitos e não são compatíveis com os valores do desporto e, em concreto, do futebol”, defende o Bloco, poucas horas depois de Marcelo ter dito que o que importa agora é o futebol.
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