Longevidade

Associação Stop Idadismo lança manifesto por um "Portugal para Todas as Idades"

Associação Stop Idadismo lança manifesto por um "Portugal para Todas as Idades"
Flashpop

Documento foi entregue aos partidos políticos, aos quais serão solicitadas reuniões após as eleições de 10 de março. “A única preocupação que surge nos debates é a palavra pensão, isso é importante, mas não é tudo. Queremos garantir o acesso a cuidados de saúde e também ao mercado de trabalho”, diz o presidente da associação, José Carreira

A Associação Stop Idadismo lança na quinta-feira um manifesto para que os partidos políticos deixem de encarar a vida das pessoas mais velhas apenas do ponto de vista das pensões e trabalhem pela valorização do que podem dar à sociedade.

"A única preocupação que surge nos debates é a palavra pensão, isso é importante, mas não é tudo. Queremos garantir o acesso a cuidados de saúde e também ao mercado de trabalho", disse à agência Lusa o presidente da associação, José Carreira.

O manifesto "Portugal para Todas as Idades" contém várias propostas, nomeadamente uma revisão do Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo, por forma a que um dos pilares estratégicos seja justamente o combate ao idadismo (discriminação em função da idade).

A associação, que começou por ser um movimento, pretende igualmente uma revisão da Constituição da República Portuguesa para incluir a idade nos princípios da igualdade, pelos quais os cidadãos não podem ser discriminados, como a cor da pele, religião ou género (Artigo 13º).

O mesmo responsável considerou que é necessário assegurar "uma transição suave" para a reforma a quem pretende continuar ativo. O trabalho a meio tempo poderá ser uma opção.

"Devem ser criadas modalidades de transição, até porque é isso que está a acontecer noutros países, como a Alemanha, e quando essa reforma é compulsiva tem consequências na saúde física e mental das pessoas", defendeu, acrescentando que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) prioriza o combate ao idadismo.

"Muitas vezes, essas pessoas são afastadas nas empresas para serem substituídas por outras mais novas, mais baratas, com o falso argumento de não se adaptarem e não serem criativas, o que não é verdade. A criatividade não tem nada a ver com a idade", acrescentou José Carreira.

O manifesto seguiu já para os partidos com assento parlamentar, aos quais serão solicitadas reuniões após as eleições de 10 de março, que ditarão a nova composição do Parlamento. A palavra idadismo, sustentou, entrou no dicionário da língua portuguesa em abril de 2023, mas "não entrou nos programas dos partidos".

"Portugal deve posicionar-se para que exista uma Convenção Universal dos Direitos da Pessoa Idosa", advogou o dirigente associativo, sublinhando que grande parte desta população não tem literacia para defender os seus direitos.

De acordo com José Carreira, a idade é a terceira causa de discriminação, a seguir ao racismo e ao sexismo. A organização pretende ainda a criação de um Observatório para que sejam desenvolvidos estudos académicos destinados à adoção de medidas.

Igualmente importante, considerou o dirigente, é chegar às escolas para combater preconceitos: "Nas histórias, a personagem da bruxa má continua a ser uma pessoa feia e velha".

Para assinalar o lançamento do manifesto, a associação promove uma videoconferência, com o apoio do Centro Internacional de Longevidade Brasil e da Liga Iberoamericana de Combate ao Idadismo, que conta com a participação de especialistas e ativistas contra o idadismo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate