Celebrou esta semana 70 anos, idade em que é imposta a aposentação obrigatória na Administração Pública. Esta segunda-feira deu a sua última lição na Faculdade de Direito de Lisboa. Como encara esta reforma compulsiva?
Como abusiva. Acho que a obrigatoriedade da reforma é um erro. As pessoas que ainda se sentem bem a trabalhar e que acham que ainda têm muito para dar deviam poder continuar. Para algumas pessoas, a imposição da reforma pode ter um impacto psicológico devastador. E até físico porque algumas doenças surgem desta falta de sentido que muitas pessoas começam a encontrar na vida, depois da reforma. Sentem que estão fora dos circuitos, que já não servem para nada e que a sociedade os mandou para uma lista de inúteis.
A reforma compulsiva aos 70 anos foi introduzida em Portugal em 1929, quando a esperança de vida à nascença não chegava aos 50… Entretanto, aumentou mais de 30 anos, mas esse marco manteve-se inalterável.
É impressionante. É preciso pensar que houve um grande período em que os direitos dos trabalhadores praticamente não existiam e a segurança social era uma coisa miserável. Depois do 25 de Abril, o foco centrou-se na idade da reforma, mas no sentido de encurtar o tempo da carreira, e esqueceram-se as pessoas que querem continuar a trabalhar. Isso faz parte de uma conceção da sociedade de pensar que os idosos não servem para nada, já não têm força, já não têm energia, são uns preguiçosos, devem mas é ir tratar dos netos.
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