"Como acontece a muitos empreendedores, o projeto falhou após um ano"
Sérgio Silva, presidente da Metalogalva
D.R.
Sérgio Silva é o CEO do Vigent Group e um dos seis finalistas da 9ª edição em Portugal do EY Entrepreneur of the Year, a que o Expresso se associa. É a quarta das seis entrevistas que vamos publicar ao longo do mês de junho com cada um dos escolhidos na antecâmara do decisão final que será conhecida a 29 de junho. Até lá saiba mais sobre os nomeados e o prémio
O que o levou a criar uma empresa Brasil após tirar o curso e não entrar logo à partida na empresa da sua família?
Na génese da Brasmar esteve uma exploração de camarão de aquicultura que a minha família tinha no Brasil. Ao sair da faculdade, decidi que pretendia trilhar o meu próprio percurso e, ao invés de entrar na empresa familiar, decidi criar uma empresa de importação e distribuição do camarão produzido nessa exploração. Como acontece a muitos empreendedores, o projeto falhou após um ano. Mais tarde, através da aquisição de uma pequena empresa do sector do pescado congelado, retomei o projeto, agora com uma visão mais clara para o desenvolvimento do negócio. A minha grande influência foi o meu pai, um modelo de self made man que, tendo origens humildes, ambicionou ter um projeto empresarial, assente em princípios sólidos de seriedade, humildade e muito trabalho.
Só assim é que é possível enfrentar as adversidades inerentes ao negócio?
Em 2010, quando assumi a liderança do grupo, o contexto macroeconómico não era o mais favorável. A Metalogalva estava exposta em mais de 93% ao mercado português, o qual começava a entrar em retração profunda, estando a banca com dificuldades em apoiar as empresas. Foi um momento crítico em que reformulámos a estratégia, apostando na internacionalização, na modernização e automatização de processos produtivos. Foram anos desafiantes e de grande exigência, mas, com uma grande equipa a meu lado, e tanto na Metalogalva como na Brasmar fomos capazes de superar as adversidades. Saímos mais fortes com os alicerces preparados para o forte crescimento que se verificou nos últimos anos.
É necessário mudar mentalidades em Portugal e desenvolver apoios mais consistentes ao empreendedorismo?
Mais do que apoio ou reconhecimento ao empreendedorismo, é necessário que o país funcione e não cause entraves a quem tem vontade de investir e desenvolver os seus negócios. É necessário que a justiça seja célere e efetiva, que os sistemas de saúde e de educação funcionem, que a carga fiscal sobre o rendimento do trabalho seja aliviada e que haja uma desburocratização da administração pública.
Mas estar entre estes seis finalistas é significativo para si?
É o reconhecimento de um trajeto empresarial, iniciado há mais de 20 anos, primeiro com a criação e desenvolvimento da Brasmar e, mais tarde, ao assumir a liderança do Grupo Vigent e subsequente reposicionamento estrategicamente a Metalogalva. Estendo este reconhecimento aos fundadores do grupo – o meu pai e o meu tio – que há 50 lançaram as bases deste projeto empresarial, bem como a todos os colaboradores que contribuíram ao longo dos anos para o desenvolvimento sustentado do grupo.
E os próximos passos?
Queremos continuar a criar valor nas várias áreas de negócios em que operamos, prosperando com os nossos colaboradores e parceiros de negócios. Os planos também passam por apoiar ativamente os empreendedores portugueses através da Point Capital Partners, uma sociedade de capital de risco em que o Grupo Vigent participa, apoiando-os em processos de transformação, crescimento e expansão internacional.
A vida em três atos
Música favorita
“Tudo o que eu te dou”, de Pedro Abrunhosa.
Objeto de que não abdica no dia a dia
“iPad”.
Citação favorita
O slogan do Vigent Group, “Prospering Together”, que em português significa “prosperando juntos”.
O que precisa de saber sobre o EY Entrepreneur of the Year
Com arranque nos EUA em 1986, o EY Entrepreneur of the Year já se realizou em mais de 60 países,com um total aproximado de 10 mil candidaturas. Em Portugal,esta é a 9ª edição.
Guy Villax, António Rios de Amorim, Dionísio Pestana ou Belmiro de Azevedo são alguns dos vencedores portugueses.
Líderes como Jeff Bezos,da Amazon, Howard Schultz,da Starbucks, Michael Dell,da Dell Computer Corporation,ou Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, são alguns dos mais destacados vencedores internacionais.
A seleção foi resultado de um processo que combinou a recolha de informação com uma entrevista pessoal com o empreendedor, realizada por uma equipa sénior da EY. A informação foi então integrada num dossier sobre cada candidato e entregue ao júri, encabeçado por António Horta Osório, para definir os seis finalistas entre todos os candidatos.
Os principais critérios para avaliação do empreendedor são: propósito, crescimento, espírito empreendedor e impacto.
Após nova reunião do júri para chegar ao veredicto final, o grande vencedor será conhecido numa gala a realizar a 29 de junho.
Daniela Braga, diretora executiva da Defined.ai, considera que os criadores de inteligência Artificial que propagam xenofobia ou sexismo devem ser penalizados