"Vou continuar a encorajar outros a dar este salto de fé"
D.R.
Diogo Mónica é o co-fundador e presidente da Anchorage Digital e um dos seis finalistas da 9ª edição em Portugal do EY Entrepreneur of the Year, a que o Expresso se associa. É a segunda das seis entrevistas que vamos publicar ao longo do mês de junho com cada um dos escolhidos na antecâmara do decisão final que será conhecida a 29 de junho. Até lá saiba mais sobre os nomeados e o prémio
Em Portugal, é dado o apoio necessário e o reconhecimento devido ao empreendedorismo?
Os três requisitos mais importantes para um ecossistema empreendedor próspero são: talento, capital e cultura. Tudo o que possamos fazer para formar pessoas em novas tecnologias, atrair capital para ser investido em Portugal e incentivar riscos calculados por parte dos empreendedores, pode ajudar a acelerar o crescimento do nosso PIB. Acredito também que o reconhecimento do sucesso dos empreendedores seja um dos componentes mais importantes para fomentar essa cultura de empreendedorismo.
Cultura que o levou do doutoramento no Técnico para CEO nos EUA…
Venho de uma família muito focada nos estudos, por isso, a decisão de fazer um doutoramento foi fácil para mim. Completei o meu doutoramento em Ciências da Computação no Instituto Superior Técnico de Lisboa. Para mim, foi na verdade uma questão de "estar no lugar certo à hora certa" - durante a loucura inicial das criptomoedas, um cliente veio ter comigo por causa da minha especialização em cibersegurança, pois tinha perdido o acesso às suas cryptowallets e precisava da minha ajuda para as recuperar. Foi então que, juntamente com o meu co-fundador Nathan McCauley, comecei a identificar uma procura por serviços de custódia de criptoativos seguros, e a Anchorage Digital nasceu.
Quais foram os grandes desafios que enfrentou nos primeiros tempos da empresa?
Das muitas dificuldades que a Anchorage Digital enfrentou nos últimos seis anos, a regulamentação e, especificamente, a obtenção de uma licença bancária federal pela OCC (Office of The Comptroller of The Currency), talvez tenham sido as mais difíceis. O Anchorage Digital Bank NA é o primeiro e único banco de criptomoedas com licença bancária federal nos Estados Unidos. Este foi um marco histórico tanto para nós como para toda a indústria dos criptoativos, colocando o Anchorage Digital Bank numa posição regulatória equivalente à de outros bancos nacionais dos EUA. Mas seguir um caminho - especialmente um caminho regulatório - que ainda não existe nunca é fácil. A tecnologia é neutra, mas as ambições das criptomoedas e a sua sobreposição com o tópico altamente controverso do dinheiro capturaram tanto a imaginação de pessoas brilhantes como criaram uma forte oposição dos incumbentes estabelecidos.
Perante o que já atingiu, o que representa para si estar neste lote de nomeados?
Estou muito orgulhoso por ter sido selecionado como parte do grupo de finalistas. Uma parte importante de um ecossistema empreendedor próspero é ter a cultura de assunção de riscos certa, e parte dessa cultura provém da celebração das grandes conquistas de outros empreendedores. Sou um business angel e invisto em todos os setores, com uma ênfase especial em cibersegurança, infraestrutura, fintech e criptomoeda. Também incentivo os colaboradores da Anchorage Digital a seguirem o caminho do empreendedorismo quando demonstram interesse, chegando inclusive a investir nas suas empresas, e vou continuar a encorajar outros a dar este salto de fé.
O que reservam os próximos tempos?
Profissionalmente, estou focado em continuar a construir e expandir a Anchorage Digital. O Nathan e eu fundámos a empresa no final de 2017, e ainda há tanto que pode ser feito para trazer cada vez mais instituições para o mundo das criptomoedas de forma segura. Estou muito entusiasmado com o que estamos a construir e com o impacto que isso terá na construção do futuro das finanças. Além de concentrar-me na Anchorage Digital, continuarei a ser um angel investor e continuarei a ler mais de 50 livros por ano.
A vida em três atos
Música favorita
A música “Self vs Self", dos Pendulum.
Objeto de que não abdica no dia a dia
"Óculos de sol".
Citação favorita
"Tudo o que não é proibido pelas leis da natureza é alcançável, dado o conhecimento certo" - David Deutsch.
O que precisa de saber sobre o EY Entrepreneur of the Year
Com arranque nos EUA em 1986, o EY Entrepreneur of the Year já se realizou em mais de 60 países,com um total aproximado de 10 mil candidaturas. Em Portugal,esta é a 9ª edição.
Guy Villax, António Rios de Amorim, Dionísio Pestana ou Belmiro de Azevedo são alguns dos vencedores portugueses.
Líderes como Jeff Bezos,da Amazon, Howard Schultz,da Starbucks, Michael Dell,da Dell Computer Corporation,ou Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, são alguns dos mais destacados vencedores internacionais.
A seleção foi resultado de um processo que combinou a recolha de informação com uma entrevista pessoal com o empreendedor, realizada por uma equipa sénior da EY. A informação foi então integrada num dossier sobre cada candidato e entregue ao júri, encabeçado por António Horta Osório, para definir os seis finalistas entre todos os candidatos.
Os principais critérios para avaliação do empreendedor são: propósito, crescimento, espírito empreendedor e impacto.
Após nova reunião do júri para chegar ao veredicto final, o grande vencedor será conhecido numa gala a realizar a 29 de junho.
Daniela Braga, diretora executiva da Defined.ai, considera que os criadores de inteligência Artificial que propagam xenofobia ou sexismo devem ser penalizados