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Os candidatos a próximo unicórnio mundial #5

André Miranda (à esquerda) é o fundador e CEO da Musiversal, que se lançou nesta aventura com Xavier Jameson (à direita), diretor de operações e cofundador
André Miranda (à esquerda) é o fundador e CEO da Musiversal, que se lançou nesta aventura com Xavier Jameson (à direita), diretor de operações e cofundador
José Fernandes

Portugal e Brasil também estão representados na final do Global Tech Innovator 2022. Hoje apresentamos-lhe duas startups em concurso na iniciativa da KPMG, apoiada pelo Expresso, que procura descobrir e divulgar os principais inovadores tecnológicos

João Queiroz

Na final da segunda edição do Global Tech Innovator marcam presença dois representantes da comunidade lusófona. Portugal joga em casa e leva à final a Musiversal, uma plataforma que disponibiliza músicos e produtores de estúdio para sessões de gravação em livestream. O objetivo é tornar mais acessível a produção e a criação musical a partir de qualquer local. A ambição de startup é gerar “centenas, se não milhares, de empregos estáveis, dignos e bem pagos”, para que se possa considerar esta uma carreira viável”.

Cruzamos o Atlântico para chegar ao Brasil, o país do vencedor do concurso no ano passado, e descobrir a Techtrials. Trata-se de uma health tech que concebeu um plataforma que, através do recurso a tecnologias de Big Data, fornece insigths importantes para o sector - hoje agrega os dados de mais de 175 milhões de doentes anónimos.

Termina aqui a viagem pelo mundo da inovação, da tecnologia e do empreendedorismo, depois de, ao longo das últimas quatro semanas, lhe termos apresentado os projetos das outras 20 startups participantes na competição organizada pela KPMG e a que o Expresso se associa. Esta quarta-feira, durante a Web Summit, em Lisboa, os finalistas terão um pitch de cerca de cinco minutos para tentar convencer os cinco membros do painel de jurados a atribuir-lhes o prémio de Global Tech Inoovator 2022.

Musiversal: estúdio virtual

Os músicos inscritos na Musiversal já estiveram "mais de dois milhões de minutos" no estúdio virtual
José Fernandes

Nasceu em 2018, pelas mãos de André Miranda, para ser uma solução mais acessível para produzir música de orquestra. Durante a pandemia, a estratégia mudou e o projeto passou a contar com o britânico Xavier Jameson, que liderou uma empresa de capital de risco que investiu na startup lisboeta: “Depois de nos conhecermos e conversarmos durante horas sobre música, decidi juntar-me e ajudar a transformar o seu produto de orquestra naquilo que é hoje”.

A Musiversal Studios, lançada em outubro de 2020, é uma plataforma que disponibiliza músicos e produtores de estúdio para sessões de gravação, com a missão de democratizar o acesso à criação e produção musical. “É o primeiro, e atualmente o único, estúdio de gravação online do mundo onde o utilizador pode gravar em tempo real com músicos de classe mundial”, garante o londrino, há dois anos e meio a viver na capital portuguesa.

O que apenas existia até agora, explica, era “uma combinação fragmentada de estúdios de gravação offline (caros e difíceis de montar), mercados online para contratar músicos freelance e soluções de software digital para colaborar remotamente, como o Zoom”.

A Musiversal vem tornar “muito mais fácil para qualquer pessoa produzir música com artistas reais”, e também é mais rentável do que as alternativas: “Ao pagarmos salários estáveis e fixos aos nossos músicos, maximizando o seu tempo, e criando uma estrutura eficiente para cada sessão, os utilizadores pagam cinco vezes menos do que fariam ao reservar o mesmo calibre de músicos online, e dez vezes menos do que em estúdios de gravação reais”.

A empresa tem hoje 35 artistas contratados, A meta é ter, pelo menos, 100 até 2023 e chegar aos 1000 em 2025. E não faltam músicos interessados em aderir à plataforma, “a procura é incrivelmente elevada”, revela: “É muito difícil, quase impossível, ganhar a vida como músico, mesmo sendo muito talentoso e dedicado. Por isso, ao oferecermos salários mensais fixos a músicos de estúdio significa que estamos constantemente inundados de candidaturas“.

"Queremos ser a plataforma para produzir música e alimentar o ecossistema musical e proporcionar empregos estáveis, bem pagos e dignos”, afirma Xavier Jameson, co-fundador da Musiversal

Xavier assegura que a Musiversal estará pronta a escalar no próximo ano: “Quando fizermos a nosso ronda de investimento Série A em 2023, estaremos em condições de diminuir a nossa lista de espera de músicos em constante crescimento e de conquistar mais utilizadores. Isso vai permitir criar centenas, se não milhares, de empregos para músicos em Portugal no mundo”.

Desde a fundação, os músicos inscritos na plataforma “já estiveram em estúdio mais de dois milhões de minutos e gravaram música para a Netflix, Warner Bros, HBO e inúmeros utilizadores independentes”, adianta André Miranda. E, recentemente, o renomado compositor italo-americano Marco Beltrami tornou-se membro da Musiversal Artistic Advisory Board. “Queremos dar a entender aos criadores de música que, apesar dos preços baixos, a nossa plataforma é uma solução de excelência”, remata o fundador.

50

mil assinantes é o número estimado pela Musiversal para poder tornar-se o próximo unicórnio português. Atualmente conta com 500

TECHTRIALS: dados para a saúde

Atualmente, a Techtrials agrega os dados de mais de 175 milhões de doentes anónimos
Getty Images

Propõe-se descobrir novos caminhos e apontar tendências na área da saúde, ao desenvolver uma plataforma de análise de dados da vida real para fornecer insights clínicos e estratégicos para o sector, recorrendo a tecnologias de Big Data. Atualmente, a Techtrials agrega os dados de mais de 175 milhões de doentes anónimos.

“A combinação de microdados estruturados de saúde pública e privada no Brasil, além de mapear todas as doenças, oferece insights valiosos que auxiliam os sectores farmacêutico, de saúde e governamental, permitindo aos clientes o acesso preciso e insights acionáveis com mais rapidez e regularidade para tomar decisões”, explica o CEO da startup sedeada em São Paulo.

“Desenvolvemos a maior plataforma de análise de dados da vida real em nuvem do mundo, baseada num único país”, assegura o CEO da startup brasileira, Douglas Valverde

Douglas Valverde acredita que, “através do uso de tecnologias de Big Data capazes de processar, tratar e disponibilizar evidências robustas de saúde populacional”, esta solução pode ter “amplo impacto na melhoria da saúde da população, pois identifica pontos de ação que trazem mais valor para impulsionar melhores desfechos clínicos, como maior sobrevida ao cancro, melhor uso de recursos e medicamentos de alto custo, entre outros.”

Comercializada através de assinaturas anuais específicas para as áreas de interesse do cliente - seja uma doença ou para a gestão estratégica de saúde pública - a Techtrials já aponta à expansão para outros mercados. “Com a aprendizagem obtida nas análises de dados de um país com o tamanho do Brasil, com o maior sistema de saúde do planeta, podemos implementar soluções semelhantes na internacionalização da plataforma trazendo benefícios para outras regiões do globo”, garante.

177

mil novos casos de cancro de pele por ano, no Brasil, é a estimativa do mapeamento realizado pela Techtrials, que acompanha 9 mil doentes com melanoma desde 2008 - 60% são homens entre os 61 e 65 anos

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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