São 22 as startups em concurso no Global Tech Innovator 2022, competição à escala mundial para encontrar o futuro líder da inovação tecnológica na Web Summit. Hoje contamos a história dos representantes da Alemanha, da Colômbia, da Dinamarca, dos Estados Unidos e dos Países Baixos
João Queiroz
O Expresso associa-se à KPMG na segunda edição do Global Tech Innovator. Trata-se de uma competição a nível mundial que procura dar a conhecer os principais inovadores tecnológicos e os futuros tech titans, e que se destina a empresas em fase de startup e de expansão, com tecnologias inovadoras, modelos de negócio robustos e a capacidade para mostrarem tração nas suas atividades e o potencial para terem escala global.
Neste concurso participam as startups vencedoras em 22 países de todo o mundo, incluindo Portugal, cujo representante vai disputar a grande final agendada para 2 de novembro, na Web Summit, em Lisboa. A partir de hoje, e até lá, o Expresso faz o retrato de cada um dos candidatos a próximo unicórnio mundial. Começamos por descobrir o que de mais inovador se está a fazer na Alemanha, na Colômbia, na Dinamarca, nos Estados Unidos e nos Países Baixos. E não se esqueça de clicar nos títulos se quiser aceder ao site da cada startup e saber ainda mais.
Reactive Robotics: robô já realizou mais de três mil terapias
Recorrendo à Inteligência Artificial (IA), há um robô que ajuda os doentes em cuidados intensivos a recuperarem de forma mais rápida, permitindo reduzir o tempo de internamento e, consequentemente, os custos por doente. O Vemotion, já certificado na União Europeia e na Austrália e com permissão para operar nos Estados Unidos, foi desenvolvido na Alemanha pela Reactive Robotics, “Até agora, já realizámos mais de três mil terapias e ajudámos inúmeros doentes na sua recuperação”, conta Alexander König, fundador e CEO da empresa de robótica médica, sedeada em Munique.
Este sistema robótico chega para se tornar parte ativa na terapia de mobilização precoce com os doentes em cuidados intensivos, uma intervenção considerada importante na prevenção de complicações relacionadas com a imobilidade e a ventilação mecânica. “Em vez de uma equipa de três a cinco enfermeiros, são apenas precisos um enfermeiro e um robô, que executa o trabalho, fisicamente exaustivo, através da nossa IA patenteada, que se adapta a cada doente”, explica Alexander König, sublinhando que “está provado que este tipo de terapia diminui o tempo de permanência do doente no hospital em mais de 20%, sendo em média, mais de 3 dias mais curto”.
“Em vez de uma equipa de três a cinco enfermeiros, são apenas precisos um enfermeiro e um robô, que executa o trabalho fisicamente exaustivo”, conta Alexander König
O Vemotion permite utilizar, pela primeira vez, a terapia de mobilização precoce em grande escala, até porque uma recuperação mais rápida significa que mais doentes podem ser tratados com a mesma infraestrutura. “A nossa visão é mudar a forma como o tratamento de cuidados intensivos é realizado. Dada a escassez de enfermeiros, a maioria dos doentes não pode beneficiar de uma mobilização precoce. Nós queremos mudar isso. Em última análise, queremos ser uma parte da solução para a escassez global de enfermeiros. Além disso, como o nosso robô pode acompanhar a recuperação dos doentes, aproveitaremos estes dados para fornecer uma terapia personalizada, melhorando ainda mais os seus resultados”, refere o CEO da Reactive Robotics.
20%
A Inteligência Artificial (IA) está a captar o imaginário não só da sociedade como das empresas, com a sua capacidade de automatizar a vida quotidiana e as tarefas rotineiras. No mundo dos negócios, onde empregados altamente qualificados passam muito tempo a desempenhar de tarefas de “baixo valor’, ela torna-se ainda mais relevante.
Tendo isso por base, a norte-americana Alkymi desenvolveu uma ferramenta de aprendizagem automática programada para pesquisar e localizar dados alvo de qualquer tipo de documento, capturá-los e colocá-los automaticamente onde são necessários - numa folha de cálculo ou numa aplicação - preenchendo o formulário necessário.
“O objetivo é substituir para sempre o processo manual dos seres humanos, filtrando e-mails, documentos e PDF para encontrar a informação que procuram - por uma ferramenta que automatiza esse processo, sem erros e num vigésimo do tempo, poupando 95% do esforço humano atual para realizar a mesma tarefa”, afirma Joe Sacchetti, global head of channel na empresa.
A visão a longo prazo da Alkymi é automatizar as tarefas manuais e de rotina necessárias para realizar estes grandes projetos, pondo na ponta dos dedos o poder da automatização. “O esforço humano nunca será substituído pela automação, mas sim reforçado, libertando os profissionais para a execução de tarefas de maior valor. O valor próprio do empregado está em fazer realmente a diferença”, salienta um dos responsáveis da empresa de Nova Iorque que, em apenas quatro anos, já tem como clientes algumas das maiores empresas a nível mundial, como a American Express ou a Interactive Brokers.
“O esforço humano nunca será substituído pela automação, mas sim reforçado, libertando os profissionais para a execução de tarefas de maior valor”, garante Joe Sacchetti
Na Colômbia há uma plataforma 100% digital que permite a qualquer pessoa plantar virtualmente as suas próprias culturas, de fruta ou vegetais, através de um simples clique no telemóvel. “Atribuímos estas colheitas virtuais aos agricultores nossos parceiros, de pequena e média escala, para que os clientes possam desfrutar de produtos saudáveis, deliciosas e, acima de tudo, social e ambientalmente sustentáveis”, refere Camilo Ramos, CEO da SiembraCo.
Aqui promove-se a agricultura limpa, implementam-se boas práticas agrícolas, os agricultores estão em contínua formação, são dotados das mais modernas técnicas e, através da tecnologia, os consumidores podem fazer o acompanhamento de todo o processo de cultivo, desde a plantação até à entrega dos produtos. Por outro lado, apoia-se o desenvolvimento económico dos agricultores, proporcionando-lhes estabilidade na sua produção e melhores rendimentos. Ganha uns e ganham outros. E também ganha o ambiente.
“Trabalhamos para melhorar as condições produtivas dos pequenos agricultores, promovendo a agricultura sustentável e contribuindo ao mesmo tempo para a segurança alimentar”, diz Camilo Ramos
“Na SiembraCo trabalhamos para melhorar as condições produtivas dos pequenos agricultores, promovendo a agricultura sustentável e contribuindo, ao mesmo tempo, para a segurança alimentar”, afirma o CEO da empresa, que tem o objetivo de, até 2030, “impactar positivamente mais de 12 milhões de pessoas”, entre agricultores, clientes e transportadora. Tendo sempre por base um modelo de produção responsável com a sociedade, o meio ambiente e os animais: “Uma empresa que cumpre esse objetivo merece estar na Nasdaq e é lá que queremos chegar”, aponta.
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A Copenhagen Nanosystems ApS (CPHNANO) é uma spinoff nascida na Universidade Técnica da Dinamarca, que está a comercializar uma plataforma fotónica sensitiva avançada como um ‘insert' a um dos mais prevalentes instrumentos dos laboratórios atuais. Trata-se de uma solução híbrida hardware-software que permite que a infraestrutura de instrumentos de espectrofotómetros substitua instrumentos especializados, com custos muito elevados, pelos produtos NanoCuvette e SpectroWorks desenvolvidos pela empresa.
“A plataforma tecnológica da CPHNANO providencia uma solução analítica fácil e eficiente nos custos, a partir de uma infraestrutura muito usada com o objetivo de substituir uma instrumentação cara e/ou muitas vezes complexa. Isto permite perceções analíticas mais acessíveis geradas onde o valor é maior”, explica o CEO Christopher Lüscher
A ambição é “mudar a forma como as perceções analíticas são usadas”, de forma a que as indústrias possam tomar melhores decisões baseadas no que está a acontecer em cada momento. “Com isto desafiamos uma indústria de biliões de euros de instrumentação analítica para benefício dos consumidores”, sintetiza.
“A plataforma providencia uma solução analítica fácil e eficiente nos custos, a partir de uma infraestrutura muito usada com o objetivo de substituir uma instrumentação cara e/ou muitas vezes complexa”
Thomas Bunnik e Evelien Remmelts são casados, apaixonados pelo mobiliário de design e assumidos “empreendedores experientes em tecnologia”. Em 2019, este casal holandês lançou o Whoppah, um Marketplace de mobiliário de design de primeira classe em segunda mão. “Alcançamos o sucesso assegurando a qualidade, bem como a logística da embalagem e transporte, o que nos permite estabelecer uma relação duradoura com os nossos clientes”, explica Thomas.
A ideia é tornar comum o mercado da segunda mão para o segmento de clientes, desde o médio ao mais sofisticado, à luz da sustentabilidade. Ou seja, recomercializar em vez produzir, tornando os artigos acessíveis a todo o mundo. “Estamos a mudar a forma como as pessoas olham para o mobiliário de design em segunda mão”, garante, apontando como meta para o próximo ano a conquista da liderança do mercado europeu e atingir os 50 milhões de euros em vendas.
“Estamos a mudar a forma como as pessoas olham para o mobiliário de design em segunda mão”, acredita Thomas Bunnik
Anualmente, o Whoppah prolonga a vida útil de 116 mil artigos de decoração de interiores, “evitando 5,5 milhões de quilos de emissões de dióxido de carbono, que representa compra de um artigo novo”. “Isto significa um dia sem qualquer emissão de dióxido de carbono numa cidade com 120 mil habitantes. Com o nosso objetivo de atingir mil milhões de euros em vendas anuais no final desta década, evitaremos as emissões de dióxido carbono durante um dia inteiro para 5,1 milhões de pessoas, ou seja, quase um terço da população dos Países Baixos”, contabiliza.
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