A Media Capital vale 1,90 euros por ação, segundo concluiu o auditor independente que foi chamado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para avaliar a dona da TVI. Um número que mostra que a Cofina poupou, segundo o especialista, 19% na compra da posição da Prisa na Media Capital mas que, por ser inferior à cotação inicialmente proposta pela dona do Correio da Manhã, em nada vai afetar o que vão receber os acionistas minoritários, como o Abanca.
Quando anunciou, em setembro, o negócio através do qual pretendia comprar a Media Capital, a Cofina apontava para dois preços. Para comprar à Prisa a posição de cerca de 95% na Media Capital, avançava um preço por ação de 2,1322 euros. Contudo, para os restantes acionistas com ações da empresa, como o banco espanhol Abanca, o preço a pagar era 2,3336 euros, a cotação média ponderada da Media Capital nos seis meses anteriores (e, portanto, o mínimo que poderia oferecer).
Ora, a CMVM decidiu que, como a troca de ações da Media Capital era limitada, seria preciso um auditor independente para analisar o preço adequado. Se o valor por ação definido pelo auditor fosse mais elevado, a Cofina teria de pagar essa nova cotação. Se fosse mais baixo, o valor a pagar seriam os 2,3336 euros inicialmente avançados.
Esta quinta-feira, 6 de fevereiro, a CMVM divulgou que já há conclusões: “O auditor refere que, «[c]onsiderando o trabalho desenvolvido pelos diferentes métodos e as limitações identificadas, nomeadamente ao nível do método dos múltiplos de transação (face à impossibilidade de aplicação de alguns dos rácios pretendidos), apurámos que o valor médio da ação da Média Capital, para 100% do capital, corresponde a € 1,90, que resulta da ponderação equitativa das duas abordagens (múltiplos de cotação e de transação)»”.
“A contrapartida mínima assim determinada é inferior ao valor oferecido pela Cofina no anúncio preliminar, de €2,3336 (dois euros, trinta e três cêntimos e trinta e seis centésimas de cêntimo), pelo que, atento o disposto no art. 175.º, n.º 2 do Cód.VM, o valor da contrapartida a pagar no âmbito da referida oferta deverá ser de € 2,3336”, concluiu o supervisor presidido por Gabriela Figueiredo Dias.
Só que, entretanto, a Cofina já poupou algum dinheiro e, com base nas contas do auditor, pagou à Prisa menos do que o valor por ação da Media Capital. Em dezembro, a empresa espanhola e a Cofina acordaram uma redução do preço: o valor por ação da Media Capital desceu de 2,1322 euros para 1,5406 euros - a auditoria realizada e as audiências tramaram a empresa.
Tendo em conta o novo preço de 1,90 por ação, a Cofina pagou menos 19% pela posição de 95% da Media Capital face ao valor por ação adequado segundo as contas do especialista convocado pela CMVM para a matéria. Contudo, este preço em nada interfere com tal negócio. Nem vai, também, afetar o preço da OPA.
Para já, a oferta - que vai juntar a oferta da Cofina, como CMTV, Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios, à Media Capital, da TVI, Plural e Rádio Comercial - ainda não se efetivou, apesar da autorização dada pela Autoridade da Concorrência. Só depois do registo pela CMVM é que a operação avança. A Cofina precisa de realizar ainda um aumento de capital para se financiar (de até 85 milhões de euros), através do qual Mário Ferreira passará a ser acionista. É também aqui que o Abanca entrará (depois de vender a sua posição na Media Capital na OPA).