24 dezembro 2019 10:13

Paulo Fernandes, presidente-executivo da Cofina
clara azevedo
Por agora, a Cofina continua a ter de alocar 10,5 milhões de euros para adquirir as ações dos acionistas minoritários da Media Capital. Só o preço pago à Prisa é que baixa. Mas há um auditor que pode mudar esta história
24 dezembro 2019 10:13
A Cofina baixou o preço que vai pagar à Prisa pela posição de 95% na Media Capital, a dona da TVI. No entanto, o preço proposto aos restantes acionistas, donos de cerca de 5%, não vai baixar. Aliás, foi chamado um auditor, pelo que o preço até pode vir a ser mais elevado - mais baixo é que não.
Esta segunda-feira, 24 de dezembro, a Cofina revelou que, no dia anterior, acordou com a Prisa baixar o preço da compra da participação de 95% da Media Capital para um total de 123 milhões de euros (assumindo que vale 205 milhões).
Este acordo veio alterar o contrato inicialmente fechado entre as partes, assinado a 20 de setembro, em que o preço de aquisição era de 171 milhões de euros, tendo como base um valor de 255 milhões da empresa. São menos 50 milhões.
“A modificação reflete o acordo entre as partes para dar a certeza total da execução da operação”, justifica a empresa espanhola no comunicado ao regulador do mercado de capitais.
Havendo esta redução, o preço máximo por cada uma das ações da Media Capital que a Cofina vai pagar à espanhola Prisa passa a ser de 1,5406 euros, quando anteriormente era de 2,1322 euros.
Tendo em conta este novo número, a companhia dona do El País antecipa um impacto negativo nas suas contas entre janeiro e setembro de 54 milhões de euros.
OPA não é afetada
Este preço não terá, contudo, impacto na contrapartida da oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre os restantes acionistas da Media Capital, donos de cerca de 5% do seu capital. Aí, o preço que a empresa liderada por Paulo Fernandes se propõe a pagar aos acionistas continua a ser de 2,3336 euros, que era o preço já anteriormente oferecido (a cotação média ponderada mais elevada nos seis meses anteriores à OPA).
Assim, a dona do Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios e Sábado poderá ter de gastar 10,5 milhões de euros na OPA, conforme confirma a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Ou seja, a Cofina poupa no que paga à Prisa, mas não no que paga aos restantes acionistas, onde se encontra o banco espanhol Abanca.
CMVM chamou um auditor
Só que o preço de 2,3336 euros por ação é o valor proposto pela Cofina aos acionistas e, na verdade, pode ainda ser alterado.
No final de outubro, e confirmando algo que até já tinha assumido anteriormente, a CMVM convocou um auditor independente para determinar a contrapartida adequada tendo em conta o valor da empresa adquirida. As regras de mercado não permitiam avaliar a adequação da contrapartida oferecida (são trocadas muito poucas ações da Media Capital por dia), daí que o regulador tenha chamado o auditor.
O especialista poderá definir um preço diferente daquele que é oferecido pela Cofina. Sendo superior, é esse o preço que a Cofina tem de pagar. Sendo inferior, a empresa de comunicação social não pode oferecer um montante inferior ao já anunciado: 2,3336 euros.
O que falta para operação avançar
Segundo o comunicado da Prisa à CMVM, a operação continua a “avançar favoravelmente”, estando ainda à espera de ver satisfeitas as condições pré-determinadas, como a obtenção de luz verde das autoridades competentes. A Autoridade da Concorrência já indicou que não vê problemas na operação, mas a decisão ainda não é final.
Falta ainda a aceitação de determinados credores da Prisa e uma assembleia-geral da empresa para aceitar a venda. “As partes estimam que o cumprimento destas condições terá lugar no primeiro trimestre de 2020”, antecipa a companhia.
A Cofina antecipa ainda a realização de um aumento de capital para o financiamento da operação.
Esta terça-feira, as ações da Cofina estão a disparar na Bolsa de Lisboa (marca um avanço de 6%). A Media Capital - depois de detectar incorreções nas contas semestrais e apresentar um recuo de 90% dos lucros até setembro - ainda não negociou.