"Há bens muito mais essenciais do que o livro. Por exemplo, a raspadinha, outros jogos. Tudo isso é essencial, como se pode facilmente perceber", diz José Pinho com ironia. É uma referência ao facto de as tabacarias permanecerem abertas em Portugal e as livrarias não. Fundador da icónica Ler Devagar, Pinho juntou entretanto ao seu portfólio participações na Livraria Francesa e na livraria Ferin, no Chiado, além de várias em Óbidos, integradas no projeto Óbidos Vida Literária. Enquanto presidente da Rede de Livrarias Independentes (RELI), criada o ano passado e neste momento com mais de oitenta associadas, Pinho tem sido crítico dos exíguos apoios oficiais a uma atividade cuja importância é com frequência subestimada em Portugal, e que, como muitas outras, enfrenta desafios extraordinários numa época de crise sanitária.
"As pessoas estão mais ou menos confinadas, não andam tanto na rua nem vão tanto a estes sítios como antes", explica. "A vender ao postigo ou com porta aberta, a quantidade de pessoas que entram é mínima". Daí a sua reivindicação de que se criem apoios específicos para as livrarias. Segundo explica, o único que existe é a compra de livros por parte do ministério da Cultura, mas as somas envolvidas são baixas e a margem que fica para as livrarias é apenas cerca de um terço.
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