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Cultura

“O que mais me impele a escrever são situações ligadas com pessoas, os pequenos nadas. Os pequenos nadas são fluorescentes”

“O que mais me impele a escrever são situações ligadas com pessoas, os pequenos nadas. Os pequenos nadas são fluorescentes”
Raquel Marinho
Catarina Santiago Costa nasceu em Lisboa, em 1975. Frequentou o curso de Comunicação Social na Universidade da Beira Interior e licenciou-se em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa. Os seus três livros, Estufa, Tártaro e Filha febril, foram publicados pela editora Douda Correria. Participou em edições da Enfermaria 6, Diversos Afins (Brasil), Flanzine, Tlön, na antologia de poesia feminina luso-brasileira Anamorfoses, bem como no número da Luvina – Revista Literária da Universidade de Guadalajara dedicada a Portugal. Passou muitos anos sem escrever, “demasiado absorvida por outras coisas” da sua vida
“O que mais me impele a escrever são situações ligadas com pessoas, os pequenos nadas. Os pequenos nadas são fluorescentes”

Raquel Marinho

O lobo comeu o colibri.
Agora, quando abre as mandíbulas,
o canto da avezinha escapa-se-lhe
- o colibri é o lobo
e o lobo o colibri.

Também o colibri pode comer o lobo
porém, ao abrir o bico,
morrerá com o uivo.

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O poema que leu é do seu livro "Filha Febril". Para quem não o conhece, como falaria dele?
O Filha Febril é um livro que se concentra essencialmente na linhagem feminina. Uma mãe é sempre filha de alguém e mãe de alguém. E há todo um mecanismo daquilo que passa de uma geração para outra, e coisas que se adivinham quando olhamos e vemos, reconhecemos elementos da nossa mãe que nem sabemos como lá chegaram, e vice-versa. E todo o questionamento que às tantas surge, quando identificamos comportamentos e pensamos "como é que vai ser a nossa filha?" De certa forma este fluxo visível e invisível entre as mulheres suponho que seja também exactamente o mesmo entre um pai, um filho e um avô. Estas recorrências, esta coisa que para nós acaba por ser misteriosa. Não basta dizer que são do mesmo sangue, há ali qualquer coisa misteriosa: o que é que passamos e o que é que já vinha de origem? Em última instância, isso não é importante, mas o resultado é surpreendente.

Este livro tem dois anos, mas antes já tinha publicado outros dois. Começou a escrever na idade adulta ou é uma coisa que vem de trás?
Já escrevia há muito tempo, mas estive muitos anos sem escrever e depois retomei.

Por que razão esteve muitos anos sem escrever?
Acho que estava demasiado absorvida por outras coisas da minha vida, e então houve essa pausa longuíssima. Não sou uma produtora constante. Tenho momentos de pausa, como se estivesse a reabsorver alguma coisa. Penso que os meus livros são muito em torno de um tema e para isso vir faço esses intervalos, porque estou a absorver alguma coisa. Na maioria das vezes nem sei bem o que é.

Não é uma coisa consciente.
Não, não é. Há qualquer coisa que começo a agarrar, a agarrar e, de repente, quando olho, já tenho ali um corpo, um organismo.

E depois quando começa a escrever, como é esse processo? É rápido ou também demora?
Não sei. Considerando que escrevo sempre livros não muito volumosos tenho de considerá-lo demorado.

Portanto, um poema não sai assim numa noite?
Sai, sim. Claro que sai. Mas há muita coisa que eu não aproveito, que acho que está ali para ser cortada. Funciono em slow motion, nitidamente.

A escrever.
E não só. Suponho que há coisas que são muito rápidas, outras muito lentas, mas na minha produção considero-me uma pessoa lenta.

Disse que teve uma longa pausa sem escrever e que escrevia antes. Antes é quando? Começou a escrever na adolescência como muita gente?
Sim, escrevia na adolescência, mas penso que comecei a escrever com alguma seriedade com 19 anos.

Sabe a idade exacta.
Sei a idade exacta porque foi quando entrei na faculdade a primeira vez, porque depois mudei de curso.

E lembra-se desse momento? O que é que aconteceu para começar a escrever?
Suponho que sempre quis escrever. Acho que já nasci com a ambição de escrever. E passei aqueles anos todos da minha infância a pensar que um dia, um dia um dia um dia. Nunca mantive um diário, mas a dada altura comecei a sentir uma necessidade de registar as minhas perplexidades e percebi que o fazia com uma certa linguagem que não era uma linguagem narrativa, era outra. (risos) E, pronto, já tive de escrever mil estilos ao longo da minha vida, mas onde me sinto inteiramente eu é quando escrevo poesia. É aí que me revejo naquilo que escrevo, é quando escrevo poesia e quando leio os meus poemas. Digo: "olha, realmente, aqui é que estás tu."

E tem uma urgência para escrever ou, por exemplo, a escrita de um poema pode até nem se concretizar?
Sinto essa urgência. Às vezes ando com ideias a martelar-me a cabeça. Posso dar o exemplo do Filha Febril: andei vidas com uma imagem obsessiva na cabeça, e disse a várias pessoas, "há uma imagem que não me sai da cabeça". E foi entre a "Estufa" e o "Tártaro" que esta imagem veio. Acho até que já estava escrita, perdida algures nos meus cadernos, porque eu escrevo à mão, e volta não volta vinha a imagem. Depois a dada altura saiu. No fundo é aquilo que dá origem à "Filha Febril", e é a imagem da capa do livro. A imagem obsessiva era um lobo na qual vejo alguma coisa daquilo que lhe disse, da mãe, da filha e da avó, do grande e pequenino, e daquela voragem de que falo no poema que li. Portanto, há uma urgência, mas a urgência quando surge é a imagem. Depois quanto tempo ela leva a maturar depende de mim. (risos) Sei que vou ter de fazer alguma coisa com aquilo, quando não sei bem.

Dizia há pouco que quando era mais jovem não mantinha diários, mas tomava notas das suas perplexidades. Que perplexidades?
Nós vivemos na observação das coisas, de reflexões. Essencialmente o que mais me impele a escrever são situações ligadas com pessoas - alguém que vejo na rua, um gesto, uma interacção que tive com alguém, pequenos nadas. Os pequenos nadas para mim são fluorescentes. Às vezes acontece uma coisa que pode ser perfeitamente fortuita e, de repente, vou a andar na rua e ouço uma voz dizer qualquer coisa, e nem vejo quem diz mas, quando isso acontece já nem olho, prefiro não olhar. De repente, aquilo tem de ficar isolado de toda a matéria que vá para além disso e, lá está, fico ali a matutar naquilo.

Ou seja, é adepta do espanto?
Claro. Sim, sim. Mas acho que as pessoas que produzem, sejam pintores, poetas, qualquer pessoa que cria alguma coisa vive desse espanto, porque se não houver espanto não há matéria sobre a qual laborar. Aquela ideia: "olha para isto! Não é tão engraçado, ou tão curioso, ou tão avassalador?" Ou mesmo que não seja avassalador é este dedinho que diz, "olha para isto", por mais sossegada que seja a coisa. Há ali qualquer coisa que sobressai e faz com que seja digno de menção. Depois trabalho com isto.

A Catarina integra, se quisermos dizer assim, este grupo de novos poetas, pessoas que são jovens e começaram a publicar há relativamente pouco tempo. Como é que vê esta produção tão fértil que está a acontecer agora?
(risos) Acho ótimo. É óbvio que nem tudo me agrada, nem tem de agradar, mas se há alguém, neste caso o editor, que olha para aquelas palavras e acha que merecem ser lidas por outras pessoas, porque não? O leitor que separe o trigo do joio. Eu enquanto leitora faço exactamente o mesmo. Agora, não tenho a pretensão de estar a dizer "esta pessoa não merece ser publicada", não gosto nada desse discurso. Regra geral não gosto de emitir muitas opiniões a esse respeito e quando as emito prefiro falar pela positiva. Prefiro falar de um livro que adorei a dizer "que porcaria aquilo". Acho isso feio.

Podemos então falar do que gosta e não do que não gosta nestas novas vozes?
Eu nem sei muito bem quais são as novas vozes mas, vá, aquelas que eu leio e de que gosto são a Cláudia R. Sampaio e a Raquel Nobre Guerra. São sempre assim as primeiras em que penso. A Andreia C. Faria gosto tanto e a Golgona (Anghel). É engraçado, vêm-me sempre primeiro as mulheres. Gosto também da Maria Sousa. Tenho sempre problemas em dizer nomes, porque tenho a certeza que vou deixar escapar muita gente. Gosto da Ana Paula Inácio, da Inês Dias... Gosto de tantas, felizmente!

Lê poesia regularmente?
Leio pouco muita vez. Pouco de cada regularmente. Gosto imenso do António Amaral Tavares, o Miguel Martins é esmagador. Bem, o Miguel Martins não é uma nova voz. O António Amaral Tavares e o Miguel Martins devem ter a mesma idade, mas a poesia do António veio a lume mais recentemente e começou a produzir mais tarde na sua vida, o Miguel começou a escrever e a publicar em jovem. Mas para mim o que não falta são vozes fantásticas na poesia.

E recorre a elas muitas vezes?
Sim, sim. A poesia é mesmo aquilo que me dá gosto ler.

Porquê?
Porque preciso. Aliás hoje em dia leio muito pouca prosa, muito pouco romance. Onde quero estar é na poesia. A poesia é mesmo aquilo que me dá gosto ler.

Disse que precisa.
Preciso sim.

Para quê?
É onde eu entro. Gosto muito de sentir que estou dentro das coisas, daí gostar tanto de cinema. Quando vou ao cinema estou dentro do filme, há uma sala escura e não estou na sala, estou dentro do filme. Sinto isso com a poesia. Há pessoas que sentem isso com um romance, uma história, sentem que estão dentro daquele romance. Eu não me sinto dentro do romance, sinto-me dentro dos poemas. Salto para dentro de um livro quando esse livro é de poesia. Por isso é que preciso tanto de ler poesia. Tenho de me sentir dentro das coisas, dentro dos objectos artísticos, com as exposições é a mesma coisa.

É esse tipo de relação que tem com os objectos artísticos?
Sim, sim. Eu tenho de sentir que estou dentro deles, senão é como se e estivesse de impermeável à chuva (risos), não me molho. E quero molhar-me, quero sentir-me imersa.

Raquel Marinho

- A poesia serve para quê?
Para imortalizar as coisas.

- Deve saber vários versos de cor. Qual o primeiro que lhe vem à cabeça?
«Eu beijo as minhas mãos brancas», «Dispersão» de Mário de Sá-Carneiro.

- Se não fosse poeta português (ou de outro país) seria de que nacionalidade?
De uma que não existe: lisboeta.

- Um bom poema é?
Absoluto.

- O que a comove?

A minha filha.

- Que poema enviaria ao primeiro-ministro português?
«Feira Cabisbaixa», do Alexandre O'Neill.

- Por sua vontade, o que ficaria escrito no seu epitáfio?
«À nossa.»

O Poema Ensina a Cair começou por ser, em 2015, uma rubrica semanal do Expresso Diário sobre poesia portuguesa. Pretendia divulgar autores contemporâneos, mas não só. A ideia original de Raquel Marinho volta agora ao Expresso, desta vez com uma comunidade grande de seguidores nas redes sociais. Pode acompanhá-la no Instagram e no Facebook.

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Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: raquelmarinho@sic.impresa.pt

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