1983: Dos pratinhos de cabidela a instituição gastronómica de nome reconhecido em Viana do Castelo
Arroz de sarrabulho com rojões e enchidos
Arroz de sarrabulho com rojões e enchidos
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Depois de anos de trabalho em França, já casado e com filhos, regressa à região que o viu nascer. Confiando na qualidade dos produtos autóctones, nas receitas regionais antigas e nas cozinheiras na família, António Camelo arrisca na abertura de um restaurante. Hoje, o Camelo, em Viana do Castelo, é uma instituição gastronómica do Minho, com um segundo espaço na Apúlia. Todas as semanas, para comemorar os 50 anos do Expresso, vamos viajar no tempo - com o apoio do Recheio - para relembrar os 50 restaurantes que marcaram as últimas décadas em Portugal.
Vapores caseiros elevam-se dos tachos e fazem adivinhar manjares divinos. Remexem-se talheres, copos e pratos, sai a posta e outras dezenas de pedidos. No meio de movimentos cruzados, Rosa Quesado atenta ao que vai para a mesa. “Ainda agora me deram a provar um arroz e disse que queria mais sangue, mais sal e mais um bocadinho de vinagre”, sentencia. Minutos antes, mandou para trás o cabritinho, precisava de mais forno. Paciente, Rosa tem só um propósito, agradar aos clientes do Restaurante Camelo, em Viana do Castelo. E sempre bem disposta...“Meninas, eu gosto de ver caras alegres a trabalhar”, já dizia a sua mãe.
Para a tarimba de Rosa na importante função arbitral, que mantém a qualidade em alta, contribuiu a irmã. Agora reformada, Marta Quesado foi a cozinheira que o marido de Rosa, António Camelo, convidou há quase 40 anos para o leme gastronómico deste afamado restaurante minhoto. Dizem que nasceu com o dom para a cozinha. Valorizava a opinião do pai, que desafiava a provar os temperos, e aprendia com a avó e o tio padre, um “gastrónomo” entendido naarte. Deleitava-os com “grandes sarrabulhos” e há dicas que não se esquecem, como a moderação do picante para preservar o sabor dos ingredientes.
Ant´nio Camelo, o fundador do restaurante
Quem conhece os cantos à cozinha de Rosa e Marta é Marcelo Rebelo de Sousa, que veio ao Camelo duas vezes antes da presidência da República. António conhecia-o dos congressos do PSD. Nos intervalos para refeições, Marcelo “encostava-se às mesas de Viana do Castelo...” e as idas ao Camelo foram criativas. Uma vez pediu “Língua de boi estufada no forno”, mas a acompanhar com arroz de sarrabulho, em vez da usual batata e ervilha. Uma versão “completamente diferente, que não é normal”, refere Pedro Lousinha, genro de António. Noutra visita, chegou pelas 15h00 com três pessoas e dispensou a ementa. “Quero arroz de sarrabulho com galo”. “Arroz de sarrabulho com rojões...”, emenda António. “Não, não, não, quero arroz de sarrabulho com galo”. “Ó professor, mas isso não existe...”. Marcelo insiste: “Vai começar a existir agora, e vai ver, vai ser um prato de sucesso”. Vendo que António duvidava, Marcelo pergunta-lhe se quer que vá à cozinha. Foi e só se juntou aos amigos “quando o arroz estava pronto, ele é que o mexeu na cozinha”. Todos gostaram da inovação. “Já se sabe que o Marcelo é assim e será sempre assim, adoro quando um presidente é ligado à terra”, comenta o proprietário.
Restaurante Camelo, em Viana do Castelo
Viagem clandestina
Quando regressou da guerra colonial, em Moçambique, António entendeu que a agricultura não dava para nada.Decidiu arriscar uma vida melhor em França, mas não lhe deram passaporte. “O Salazar ainda fez o favor de me obrigar a ir para França a salto”, atira. Atravessou sozinho o rio Minho, clandestino e de madrugada, e perdeu um sapato no lamaçal. À espera, na outra margem, estavam os passadores. Tinha também um cunhado em Paris, onde chegou no fim do Maio de 68. Esteve um ano nas obras, veio casar a Portugal, levou Rosa para França, onde ficou 15 anos a trabalhar numa farmácia em Versalhes. Depois de os filhos – Zita, que trabalha no Camelo de Viana, e Rui, que está com o Camelo Restaurante da Apúlia - completarem o ensino primário, voltou a Portugal e abriu, em 1983, um espaço de restauração na Quinta de São João, onde tinha nascido. Apesar de estar “tudo a cair”, ficou com a doação da madrinha.
Restaurante Camelo
“Eu sabia que nesta área não havia restaurantes e que na minha família cozinhavam bem. Para muita gente era uma completa utopia abrir um restaurante porque isto era uma aldeia. Gozavam comigo, diziam que nunca sairia do sítio, mas eu tinha fé porque tinha as cozinheiras da família, que são mesmo cozinheiras e percebem disto. Sabia que ia ter êxito, nunca pensei que tivesse tanto, mas tinha essa esperança”, confessa António Camelo. As mesas de pedra no exterior desta casa avarandada, com alvenarias e ferros forjados e uma escadaria com trepadeiras, foram aproveitamentos dos antigos lagares de vinho. No espaço da sala principal funcionavam as adegas e lagares, a sala pequena serviu de corte do gado e, na sala ao lado da atual esplanada, guardavam-se milhos, palha e lenha para o inverno. Por ali existiam armazéns de lavoura e galinheiros e ainda se veem o espigueiro e a eira onde secavam os cereais. Na parte de cima ficavam os quartos. Inicialmente, o Camelo – quando António nasceu, um padre impediu que os pais o registassem com o secular apelido Camelo, pelo que o nome do restaurante foi pensado em homenagem à mãe; só mais tarde, por intermédio de João Soares e Campos Ferreira, António consegue registar Camelo no seu nome - era um café com um balcão e meia dúzia de mesas para refeições. Os pratinhos de arroz de cabidela faziam furor e a demanda foi subindo até que, volvidos cinco anos, termina o café e o Camelo torna-se apenas restaurante.
Arroz de sarrabulho com rojões e enchidos
Feiras, festas e bons produtos
A partir da mudança, bem recebida, “nunca mais houve descanso, foi um êxito total”, constata António Camelo. Francisco Sampaio, então presidente da Região de Turismo do Alto Minho, foi “estupendo” no apoio e as idas à Feira Gastronómica de Santarém eram outro “passo importantíssimo” de projeção, a par de feiras no Norte de Espanha, Sul de França e no Brasil. Corrigiram o erro inicial, aumentando a cozinha, e foram disponibilizando mais salas, zonas de eventos (hoje, uma delas recebe até 1000 pessoas), e cada vez mais pratos. As festas minhotas são chamarizes... O porco vem do matadouro e fica pendurado, como se fazia outrora nas casas da região, e há vinho verde, manjares típicos, animação e cantares ao desafio. Apreciador do Arroz de galo e “doido por lampreia”, o amigo Quim Barreiros já ali atuou. Nos dias que se seguem à festa, a carne de porco desaparece. “Não se estraga nada, as orelheiras e presuntos é para os cozidos, os toucinhos para a cozinha, os rojões são tão bons que não há hipótese, acabam logo”.
Rosa Quesado com olhar sempre atento aos pratos que saem da cozinha. Judite Quesado segura uma travessa com carnes da salgadeira e enchidos
António estava consciente de que o segredo para o sucesso passava obrigatoriamente por recuperar as tradições. Apostou no que “os outros não tinham”, nos arrozes de sarrabulho e pé descalço, bacalhoadas, nos assados “como deve ser” e carnes na salgadeira.Marta, o alicerce do fogão, foi considerada “uma das melhores cozinheiras do Norte em gastronomia regional”. Experimentava, António provava e dava-lhe força para continuar. Habituou-a a usar produtos de qualidade e muita produção própria: legumes e vegetais, porcos, coelhos, perus, galos, galinhas, patos e garnizos. Não é suficiente, é preciso comprar galos caseiros e legumes a lavradores da zona. O peixe “é fundamental” que seja de mar. Boa matéria-prima e bom preparo resultam na rendição à mesa e alguns almoços estendem-se quase até à hora de jantar. António respeita os ritmos individuais de prazer:“Nessas ocasiões, já não são bem eles que decidem, é a cabeça, o vinho é capaz de pesar... Chateia-me ver gente à espera, mas não os podemos pôr fora. Queremos preparar as mesas para o jantar, mas quando eles engatam, engatam (risos)...”.
Uma das visitas de Mário Soares
“Caralhas”, sarrabulho e sopa de camelo cansado
Para se ver um cliente feliz nos entreténs de boca, é “assar um chouriço caseiro em aguardente à sua frente, ou mandar vir uma travessinha de carnes de salgadeira com orelheira e enchidos”. A broa de milho, os “Rissóis de carne ou camarão” e “Bolinhos de bacalhau” (€1), as “Papas de sarrabulho”, o “Polvo frito na caçarola” ou à galega na tábua (€14), “Presunto Pata Negra” (€17) e os “Cogumelos salteados com castanhas” (€7,50), as “Costeletinhas grelhadas ou em vinhotinto” (€5,50) e a “Alheira caseira” (€9,50) são alternativas, tal como as “Caralhas”, um escalfado de miúdos de novilho em vinho tinto de Perre e lume muito brando.
Ao segundo domingo do mês serve-se “Cozido à portuguesa” (desde €25), farto de produtos caseiros e autóctones e motivo de “peregrinações”. Igualmente desejados são o “Arroz de galopé descalço” caseiro com arroz de sangue do mesmo (desde €19), o “Cabritinho mamão da Serra d'Arga” (€58/Kg) assado no forno com batatinha assada, arroz e grelos, os “Rojões à moda do Minho” (desde €15), a “Vitela de lavrador à moda antiga”, o “Arroz de sarrabulhoà moda de Ponte de Lima” (desde €17), que é preparado com as carnes de porco e arroz de sangue com carnes desfiadas, o “Bacalhau à Camelo” (desde €18,50) que ajudou a lançar o restaurante (pergunte pelas versões assada na brasa, à Gil Eanes e Bacalhau lascado), e a “Lampreia”, que aqui serve assada no forno com batatinha nova. Mário Soares gostava desta receita lançada no Camelo, mas a lampreia também se serve à Bordalesa e em arroz.
Robalo cozido
O robalo (assado no forno, em cataplana ou em arroz), é uma espécie nobre no restaurante, a par do “Peixe-galo frito com arroz ou açorda de ovas” (€45, para duas pessoas). Acrescentem-se o “Arroz de lavaganteda nossa costa” (mínimo duas pessoas, €85/Kg), o “Tamboril grelhado com gambas”, as “Tripas à moda do Porto” à quinta-feira e a “Pazinha de anho no forno” (€35). Para terminar, a premiada “Rabanada” com ovo, mel e frutos secos, o “Arroz doce à Prior de Vila Franca”, o “Creme queimado de Santa Marta” ou a “Tarte de maçã”. Outra brincadeira, influenciada por Francisco Sampaio, é a “Sopa de camelo cansado”, feita com vinho tinto e pedaços de broa.
Visita de Álvaro Cunha ao Camelo
Azares com Soares e Durão, Amália indecisa
Por estas bandas, consta que Jorge Sampaio “sabia apreciar comida”, tal como Ramalho Eanes e Mário Soares, que “era alegre e falava muito” com a equipa. “No fim do almoço, se o presidente esticar os pés e começar a fumar um charuto, pode crer que adorou”, confidenciava uma profissional da televisão. Ansioso, António esperava e o sinal lá aparecia. Porém, Soares era também “muito, muito, muito exigente” e houve um pequeno incidente de diplomacia gastronómica com um funcionário que entregou o arroz de cabidela para o presidente servir aos convivas. “Esse arroz é bom é soltinho, mas Soares pediu que levasse o arroz para trás e o trouxesse quando estivesse duro, era assim que o comia. O rapaz levou-o e, como ficou impaciente, trouxe-o sem estar ainda bem preso. Quando Soares vê o arroz ainda mole, mandou-lhe um grito. Leva-me isso! Não sabes o que é um arroz preso?”, conta António Camelo. Já foi outra pessoa levar-lhe o arroz, “mas ele gostou da refeição, porque durante muitos anos aconselhou amigos a virem cá almoçar e jantar”, nota Pedro Lousinha.
Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto tratou de várias transferências no restaurante
Cavaco Silva comeu Bacalhau à Camelo no 10 de Junho e veio como presidente e quando era primeiro-ministro. Um dia, em campanha, chegou de Ponte de Lima “todo atrapalhado, com uma camisa na mão”. Teve “de ir a correr mudar de camisa a um quarto lá acima, porque uma mulher o tinha abraçado e beijado a camisa, que estava cheia de batom”. António gostou de conhecer Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Paulo Portas, Santana Lopes e adorou a“simpatia tremenda” de Álvaro Cunhal, a quem também disponibilizou uma sala privada para entrevistas. Pedro Lousinha recorda um episódio com Durão Barroso, que pediu arroz de cabidela, mas o prato “teve de ir para trás porque sua excelência não comia galo com osso”. “Ficou muito ofendido por levarem o galo com osso, tinha de se tirar o osso”, explica. Curiosamente, quem serviu Durão foi o mesmo funcionário que teve azar com Mário Soares. José Sócrates passou no Camelo quando era primeiro-ministro e António Costa é um habitué. Na segunda visita, a já debilitada Amália Rodrigues “queria sentar-se num sítio, depois noutro, depois queria ar condicionado, depois já não queria com uma ventoinha...”. “Estava um bocado insuportável”, confessa António Camelo. Os assistentes “deviam ter problemas graves”, imagina Pedro Lousinha. Das artes vieram ainda Fafá de Belém e Jorge Amado, outro fã do arroz de galo.
Ronaldo e Rui, filho de António Camelo, no Restaurante Camelo Apúlia
Ronaldo, Deco, Mourinho e Pinto da Costa
O futebol gerou muitas 'convocatórias'. Ronaldo já entrou nos restaurantes Camelo da Apúlia (gerido pelo filho de António Camelo) e de Viana, onde chegou lesionado. O empresário Jorge Mendes, de Viana do Castelo, é assíduo, tendo já trazido“muitas vedetas” e selado inúmeros negócios nestas mesas. Um deles foi a transferência de Nuno Espírito Santo do Vitória de Guimarães para o Deportivo da Corunha. Segundo Pedro Lousinha, no Camelo acordou-se a transferência de Pepe para o F. C. Porto, as saídas de vários jogadores do emblema portista, como Anderson e Ricardo Carvalho (quando este foi para o Chelsea), e as vindas de Costinha (do Mónaco), e do “mágico” Deco, primeiro transitando do Salgueiros e depois seguindo para o Barcelona. Em noites incontáveis, “ficavam sozinhos a conversar até altas horas da manhã”, acertando pormenores.
Sensível foi a saída de José Mourinho, então treinador do Porto, rumo ao Chelsea, acordada em 2004 no Camelo da Apúlia. O presidente do clube azul e branco, Pinto da Costa, soube das negociações quando os dragões disputavam a Liga dos Campeões. Como explica no livro de memórias, “Largos Dias Têm Cem Anos”, decidiu fazer-se passar “por anjinho”, dandoa entender que não se apercebeu de nada. A 19 de abril, Roman Abramovich, dono do Chelsea “é fotograficamente apanhado no aeroporto de Vigo a entrar num carro de matrícula portuguesa, acompanhado de um colaborador direto do empresário Jorge Mendes”. Nesse mesmo dia, “o multimilionário Peter Kenyon, Jorge Mendes e José Mourinho encontraram-se na Apúlia, no restaurante Camelo”, que abriu em exclusivo. “Aí selaram, pelo menos verbalmente, o destino próximo do treinador: Londres!”, explicaPinto da Costa, que decide “fazer de 'Camelo' e ignorar o sucedido, pelo menos até que terminassem os jogos de acesso à final”. “Dava-me até muito gozo ver que olhavam para mim como se efetivamente eu tivesse duas bossas”, ironiza.
Pedro Lousinha
O F. C. Porto venceu mesmo a Liga dos Campeões e Mourinho rumou ao Chelsea. Apesar de ter ficado chocadocom o processo da transferência, o presidente portista diz que perdurará a amizade com o “grande treinador” português. “Ao Pinto da Costa custou-lhe a perdoar ao meu filho, agora são amigos, e o próprio Jorge Mendes esteve meses sem lhe falar porque aquilo era um segredo dos deuses”, comenta António Camelo. A vitória na prova ajudou a apaziguar as relações. “Correu tudo bem, mas podia ter corrido muito mal...”. Não muito bom foi também um jantar, este no relvado do Restaurante Camelo(Rua de Santa Marta, 119, EN 202, Portuzelo, Viana do Castelo, Tel. 258839090) vianense. Pinto da Costa, que gosta de cabritinho e bacalhau, foi atacado por mosquitos que o deixaram “sem conserto”. “Haverá mosquitos?”, interroga-se agora quando o convidam para ir ao Camelo. Os ex-presidentes do Benfica e do Sporting, Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho, respetivamente, já vieram mais do que uma vez, e Sousa Cintra trouxe o então jogador Capucho quando o contrataram para os Leões.
Posta grelhada com batata a murro
Para comemorar os 50 anos do Expresso e do Recheio, fazemos uma viagem no tempo para relembrar restaurantes que marcaram as últimas cinco décadas. Acompanhe, todas as semanas, no Boa Cama Boa Mesa.
Recorde os primeiros restaurantes desta iniciativa:
Sempre numa perspetiva de crescimento, em 1983 o Recheio estabeleceu uma parceria com os maiores especialistas europeus de Cash & Carry, os ingleses da Booker, que é líder no Reino Unido e focada no canal HoReCa (engloba os segmentos da hotelaria, restauração e similares). A parceria com a Booker, cuja fundação remonta ao século XIX, durou até 1998 e foi a partir dessa joint-venture que o Recheio passou a focar-se na importante área da restauração, o que possibilitaria, entretanto, a introdução dos frescos, um fator crucial para a conquista da liderança do mercado em Portugal anos mais tarde.
A marca Recheio surgiu no mercado em 1972. 50 anos depois, dispõe de 40 lojas e três plataformas distribuídas por todo o território nacional, mantendo como grande objetivo ir ao encontro das necessidades dos clientes ao apresentar desde os ingredientes às soluções, assumindo claramente um compromisso de estar ao lado dos empresários do canal HoReCa e retalho tradicional, contribuindo para o desenvolvimento do negócio, como um parceiro.
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