Em 2003 estes eram os melhores restaurantes de Portugal
Restaurante Valle-Flôr
DR
A primeira edição do então “Livro da Boa Cama e da Boa Mesa” distinguiu 25 restaurantes com Garfo de Ouro. Passaram 20 anos e vários dos então premiados já fecharam portas. Em contraponto, outros tantos mantêm-se como baluartes da boa mesa. Recorde os vencedores e surpreenda-se com alguns dos nomes que lideravam a restauração em Portugal no ano de 2003
Em 2003, a palavra “chef” ou à portuguesa “chefe” ainda não tinha entrado no léxico da escrita gastronómica. Muitos anos antes, em 1976, o Expresso tinha iniciado a publicação de críticas gastronómicas assinadas por José Quitério. A página ganhou tal influência que poderia ditar o sucesso ou insucesso de um restaurante. Com o crescendo de interesse não só pela gastronomia, como também a maior procura e conhecimento sobre locais a visitar, o jornal decidiu avançar para a publicação de um guia com restaurantes, esplanadas, bares e hotéis, então chamado “Livro da Boa Cama e da Boa Mesa”, relativo a 2003, ainda que tenha sido colocado à venda ainda no final de 2002.
A primeira edição do “Livro da Boa Cama e da Boa Mesa” distinguiu, em 2003, um total de 25 restaurantes com Garfo de Ouro, símbolo com que eram premiados os melhores entre os melhores. Passaram 20 anos e vários destes templos gastronómicos já fecharam portas. Em contraponto, outros tantos mantêm-se como baluartes da boa mesa.
A poucos dias da apresentação do Guia Boa Cama Boa Mesa 2023, disponível a partir de 31 de março, fica o convite para recordar os primeiros 25 vencedores de 2003. Surpreenda-se com alguns dos nomes que então lideravam a restauração em Portugal.
A cozinheira Manuela Brandão no início do Pap'Açôrda
Lisboa continua bem e recomenda-se
Em 2003, o distrito Lisboa reunia oito restaurantes vencedores. Destes, alguns deixaram de existir - já lá vamos -, e outros ajustaram-se à mudança dos tempos. Um dos exemplos é o Solar dos Presuntos, recentemente renovado e que se mantém como referência nacional, outro é o Porto Santa Maria, no Guincho, que também foi objeto de várias remodelações ao longo dos anos, e continua um farol gastronómico. No Estoril, o English Bar, responde agora pelo apelido do proprietário, Cimas, mas mantém a elegância de sempre, assim como o Estoril Mandarim, ainda hoje reconhecido pelo Guia Boa Cama Boa Mesa como um dos melhores restaurantes chineses em território nacional. Entre os primeiros premiados em 2003 está também O Nobre, que depois do encerramento em 1998 tinha reaberto no Bairro da Ajuda, ainda que por pouco tempo, dando a conhecer o trabalho de Justa Nobre, este ano distinguida com o Prémio Carreira Boa Cama Boa Mesa, e o restaurante Valle-Flôr, no Pestana Palace, então liderado pelo chef Aimé Barroyer. Com mudanças de morada, mas com boa mesa garantida, estão ainda O Galito, em Campolide, e Pap’ Açorda, que trocou o Bairro Alto pelo Mercado da Ribeira.
Há 20 anos o Alentejo ostentava já um invejável currículo de Garfos de Ouro. Numa época em que a região ainda não tinha acordado para o turismo, pegar no carro para ir de propósito ao Fialho ou à Tasquinha do Oliveira, em Évora, bem como ao restaurante A Maria, no Alandroal, já configurava uma atividade de fim de semana para muitos comensais. Ainda nesta região, o restaurante A Bolota, na Terrugem, foi pioneiro nos menus de degustação, com um desfile de pratos alentejanos que tem tido presença assídua nas várias edições do Guia Boa Cama Boa Mesa. Na lista dos primeiros 25 Garfos de Ouro constam ainda restaurantes como o Chico Elias, em Tomar, a catedral da cozinha tradicional portuguesa em forno a lenha, a Adega Vila Lisa, na Mexilhoeira Grande, o Casa Velha, na Quinta do Lago, que já foi objeto de diversas remodelações, o Portucale, com uma das melhores vistas da cidade do Porto, o São Gião, em Moreira de Cónegos, ou o Tia Alice, em Fátima.
Restaurante Ermitage, em Almancil
Alberto Frias / Expresso
Os que não resistiram
O São Rosas, de Margarida Colaço, em Estremoz, é um daqueles casos difíceis de explicar por desaparecer da cena gastronómica sem deixar rasto. Um dia estava com casa cheia e lista de espera, no outro de portas fechadas. No Porto, referência para o Bull & Bear, que deu a conhecer o trabalho do chef Miguel Castro e Silva, e em Lisboa fecharam portas o Conventual, na Praça das Flores; e o Restaurante Clube de Golfe da Bela Vista, comandado na época por Vítor Sobral, então referido como “um dos mais criativos chefes de cozinha português”. O Condestável de Luís Suspiro, na aldeia de Ereira, no concelho do Cartaxo, é outro encerramento a referenciar, bem como o sempre concorrido Tromba Rija, às portas de Leiria, e o Ermitage, liderado por Vincent Nas, na Estrada de Almancil, a caminho de Vale de Lobo e da Quinta do Lago.
Livro da Boa Cama e da Boa Mesa 2003
Recorde a lista completa dos 25 Garfos de Ouro de 2003 e surpreenda-se com alguns dos nomes que lideravam a restauração em Portugal (por ordem alfabética e com indicação do concelho de localização)
A Bolota (Elvas)
A Maria (Alandroal)
Adega Vila Lisa (Portimão)
Bull & Bear (Porto)
Camelo (Seia)
Casa Velha (Loulé)
Chico Elias (Tomar)
Cimas English Bar (Cascais)
Clube de Golfe da Belavista (Lisboa)
Condestável de Luís Suspiro (Cartaxo)
Conventual (Lisboa)
Ermitage (Loulé)
Estoril Mandarim (Cascais)
Fialho (Évora)
O Galito (Lisboa)
O Nobre – Ajuda (Lisboa)
Pap'Açorda (Lisboa)
Passos Perdidos (Vila Real)
Portucale (Porto)
São Gião (Guimarães)
São Rosas (Estremoz)
Tasquinha do Oliveira (Évora)
Tia Alice (Ourém)
Tromba Rija (Leiria)
Valle-Flôr (Lisboa)
O hotel Choupana Hills, no Funchal, foi destruído por um incêndio, em agosto de 2016
O Guia Boa Cama Boa Mesa 2023, que conta com o apoio do BPI e do Recheio, vai estar disponível nas bancas, a partir de 31 de março, por €18,90. Pode, no entanto, desde já, aproveitar a campanha de pré-venda Boa Cama Boa Mesa, que inclui descontos e oferta de portes.
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