Mimicat e 'Ai Coração': “Há quem diga: 'esta música é pimba!' E tem um quê. É aquilo que as pessoas quiserem ler nela”
Mimicat
Jorge Simão
Em março, Mimicat falou sobre a forma como chegou ao Festival da Canção, depois de anos a sonhar com essa oportunidade, e descreveu ‘Ai Coração’ como um espelho dos seus gostos e da personalidade ‘dupla’ dos portugueses. “Tinha de ter elementos modernos, old school, aquela coisinha alegre do bailarico… Nós, portugueses, somos melancólicos mas, ao mesmo tempo, muito alegres. E esta canção tem as duas coisas”
A cantora Mimicat, que irá representar Portugal no Festival da Eurovisão, atuando na primeira semifinal, a 9 de maio, passou em março pelo Posto Emissor, podcast da BLITZ. Nessa ocasião, refletiu sobre ‘Ai Coração’, tema da sua autoria com que ganhou o Festival da Canção e que agora levará a Liverpool, Inglaterra.
“Andei anos a pedir aos meus agentes: ‘quero ir ao festival’, e nunca acontecia”, confessou. “Mas nunca submetia a canção, ficava à espera que me convidassem. Este ano não fiquei à espera e mandei-a, mesmo à última. É um motivo extra de orgulho, porque prova que há muitas coisas boas escondidas, que podem chegar ao público”, acredita a artista, que se tornou a primeira vencedora do Festival da Canção a ter participado em regime de livre submissão.
Quanto à sonoridade de ‘Ai Coração’, Mimicat afirma que reflete os seus gostos ecléticos. “Eu gosto de tanta coisa diferente, e esta música tinha de refletir isso. Tinha de ter elementos modernos, old school, a cena da canção portuguesa, aquela coisinha alegre tuga do bailarico… Há quem diga: ‘esta música é pimba!’ E tem um quê! Tem um quê de tudo!", diz. "É tudo e não é nada, é aquilo que as pessoas quiserem ler nela. Para mim, é uma comédia dramática. Que é o que eu sou: costumo dizer que sou um cabaré português. Nós, portugueses, somos melancólicos mas, ao mesmo tempo, somos muito alegres. E aquela canção tem as duas coisas. A portugalidade da música está nesse feeling.”
Quanto às expectativas para a participação na Eurovisão, Mimicat considera que o concurso é “muito imprevisível. Vamos numa de aproveitar a experiência e divertir-nos ao máximo, pois é uma coisa única que nunca mais nos vai acontecer.” A intérprete promete ainda entrar em palco “a 1000%, como no palco do Festival da Canção” e usar os recursos à sua disposição, mantendo-se fiel à sua “identidade. A minha música não é pop mainstream, não faço a mínima ideia como vai correr.”
Desde a vitória de Salvador Sobral na Eurovisão, em 2017, Mimicat acredita que a Eurovisão passou a olhar para Portugal de outra forma. “Desde então a malta despertou para Portugal: qualquer coisa que mandemos, ficam muito atentos. Nas entrevistas que dou lá para fora, dizem-me que as nossas canções são sempre surpreendentes e únicas naquele panorama, porque nunca levamos um pop mainstream. Por isso, nunca sabem o que esperar de Portugal. Isso cria muito alento para quem quiser concorrer ao Festival da Canção, na perspetiva de ir à Eurovisão, porque já estão à espera de algo diferente. E isso gera a oportunidade de um artista não mainstream apresentar uma coisa diferente.”
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