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Roger Waters falou na ONU a convite da Rússia: pediu “cessar-fogo imediato” mas defendeu que a guerra foi provocada pela Ucrânia

Roger Waters
Roger Waters

O veterano dos Pink Floyd acedeu ao pedido de Moscovo e discursou esta quarta-feira no Conselho de Segurança da ONU. A sua credibilidade como autoridade em assuntos de segurança foi questionada, nomeadamente pelos Estados Unidos. E ouviu a Ucrânia: “Que triste será para os antigos fãs vê-lo a aceitar o papel de apenas mais um tijolo no muro, o muro da desinformação e propaganda russas”

Roger Waters, ex-baixista dos Pink Floyd, falou esta quarta-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas a convite de diplomatas russos, tendo a guerra na Ucrânia como pano de fundo.

Em videoconferência na sede do organização, em Nova Iorque, o músico inglês de 79 anos considerou a guerra “ilegal”, apelou a um "cessar-fogo imediato", mas afirma que a invasão da Rússia não sucedeu sem provocação, colocando na mira a Ucrânia e a NATO, algo que já tinha verbalizado numa entrevista à “Rolling Stone” em outubro de 2022.

Waters asseverou que condena toda a violência “da forma mais vincada possível”, assumindo estar a representar "milhões de pessoas sem voz”. “Se esta câmara [de diplomatas] não tem dentes, posso abrir a minha grande boca em nome dos que não têm voz, sem medo que me arranquem a cabeça.”

A posição de Waters foi recebida com ironia pelos Estados Unidos, que através do embaixador Richard Mills questionaram a autoridade do artista para desempenhar este papel: “reconhecemos as suas qualificações impressionantes como artista de música, mas as habilitações para vir aqui falar sobre controlo de armas ou assuntos de segurança europeia são menos evidentes.” A representante do Reino Unido, Barbara Woodward, referiu que “a Rússia é a razão pela qual não há paz na Ucrânia”.

Mais contundente foi o embaixador ucraniano Sergiy Kyslytsya, que sublinhou a proibição de os Pink Floyd tocarem na Rússia, em 1979, depois de a banda ter condenado a invasão do Afeganistão por parte dos russos. "O sr. Waters sabe tão pouco (…) Que triste para os seus antigos fãs vê-lo a aceitar o papel de apenas mais um tijolo no muro: o muro da desinformação e propaganda russas.” Já o embaixador russo, Vasily Nebenzya, elogiou o “poderoso apelo” do músico contra a guerra.

Recorde-se que esta semana a escritora Polly Samson, esposa de David Gilmour, guitarrista e antigo companheiro de Waters nos Pink Floyd, atacou violentamente Roger Waters nas redes sociais, apelidando-o de “antissemita”. Insinua ainda que o ex-Pink Floyd apoia Vladimir Putin e acusa-o de fugir aos impostos e fazer playback, entre outras falhas. David Gilmour corroborou: “cada palavra é verdadeira”. Waters fala em “comentários incendiários”, dando a entender que poderá acionar judicialmente o casal Gilmour/Samson.

Em setembro do ano passado, o ex-Pink Floyd escreveu à primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska, pedindo que o país se rendesse. No mesmo mês, Waters escreveu também uma carta abertura a Vladimir Putin, presidente russo: “Há pessoas que acreditam que você quer invadir toda a Europa, começando pela Polónia e pelo Báltico. Se assim é, vá-se lixar, e mais vale deixar de brincar às ameaças nucleares e rebentar com tudo. O problema é que tenho filhos e netos e não quero ver o mundo a ir pelos ares. Por isso, Sr. Putin, faça-me esse favor, e garanta-nos isso”.

Roger Waters tem dois concertos marcados para Portugal este ano, a 17 e 18 de março, na Altice Arena, em Lisboa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: blitz@impresa.pt

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