O CEO é o limite em Podcast

Paulo Rosado, presidente da Outsystems: "É uma injustiça o que se faz aos jovens em princípio de carreira. Obviamente que vão embora"

Fundou um dos unicórnios portugueses, mas teve de esperar 12 anos até que o mercado desse valor à ideia que tinha para vender. Enfrentou por duas vezes o risco de falência. "Só teve graça porque já passou”, garante. Paulo Rosado, presidente executivo da Outsystems é o convidado desta semana do podcast “O CEO é o limite”. Falamos de ser empresário em Portugal, de fracasso, de resiliência, dos jovens e de como o país teima em falhar-lhes.

Paulo Rosado, presidente da Outsystems: "É uma injustiça o que se faz aos jovens em princípio de carreira. Obviamente que vão embora"

Cátia Mateus

Jornalista

Paulo Rosado, presidente da Outsystems: "É uma injustiça o que se faz aos jovens em princípio de carreira. Obviamente que vão embora"

Salomé Rita

Sonoplasta

Qual é o tempo certo para colocar uma empresa no terreno? Os gurus da gestão diriam que nem muito antes, nem muito depois de o mercado estar preparado para reconhecer a necessidade do produto ou serviço que se tem para oferecer. Mas Paulo Rosado, o CEO da Outsystems, quebra todos os mitos: criou a Outsystems “com os tempos sempre errados”, admite.

A empresa, criada em 2001, prometia ao mercado uma tecnologia (o low code) que facilitava a transição digital para as empresas, numa altura em que nem se ouvia falar em transição digital, chegou, assumidamente, cedo demais ao mercado. “Nós tivemos 12 anos à frente do mercado. O nosso mercado, a nossa categoria, só se desenvolveu ao fim de 12 anos. E só para dar uma ideia, o timing ótimo para uma empresa destas entrar no mercado é cerca de três anos antes dos mercados desenvolverem”, recorda Paulo.

Paulo Rosado, presidente executivo da Outsystems, durante as gravações do podcast "O CEO é o limite"
Ines Duque

Podia ter corrido mal, muito mal. E quase correu, já que a empresa fintou por duas vezes o risco de falência, antes de ganhar a estrutura que acabaria por transformá-la num dos unicórnios portugueses, com uma avaliação de mais de mil milhões de euros.

Paulo Rosado recorda que a Outsystems entrou no mercado americano "a vender produto num registo muito próximo da mala de cartão de Linda de Suza". A equipa fundadora esteve 12 anos a “empurrar” o projeto até finalmente ver resultados. “Só tem graça a esta distância. Não teve graça nenhuma na altura”, diz.

A resiliência que desenvolveu dá ao presidente executivo da Outsystems o distanciamento necessário para apontar as dificuldades de ser empresário em Portugal e também trabalhador no país. Portugal, diz, “é um país péssimo para ter empresas” e onde “os empresários não são bem tratados”.

O resultado é a ausência de empregos de qualidade no país que se sejam suficientemente aliciantes para reter o talento dentro de portas. Porque afinal, aponta, o que faz os jovens quererem ficar no país “é serem pagos de maneira decente e serem bem tratados”.

Cátia Mateus podcast O CEO é o limite

O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios aqui.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmateus@expresso.impresa.pt

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