Geração 70

Pedro Lomba: “A política para mim teve muitos momentos de desilusão, um deles foi com os jornalistas”

É quase um "filho do exército". Nasceu em abril de 1977 no Hospital Militar, o pai era militar e Santa Margarida foi a sua casa, a escola e o local onde passou as férias de verão em criança. Da infância, marcada pela "ética militar, rigidez e disciplina", recorda as comemorações do dia do exército e os primeiros amigos, mais velhos, já cumprir serviço militar. O advogado e antigo secretário de Estado, Pedro Lomba conversou com Bernardo Ferrão sobre a infância no campo militar, os primeiros passos nos jornais e o salto até ao governo de Pedro Passos Coelho - com uma passagem pelos momentos difíceis e desilusões enquanto governante: “quando entramos na política a pessoa que éramos termina”. Ouça aqui o novo episódio do podcast Geração 70

Bernardo Ferrão

Bernardo Ferrão

Diretor de Informação da SIC e SIC Notícias

Pedro Lomba: “A política para mim teve muitos momentos de desilusão, um deles foi com os jornalistas”

João Martins

Sonoplastia

João Ribeiro

Sonoplasta

NUNO FOX

Nasceu em abril de 1977. Diz-se um “filho do exército” e percebe-se porquê: o pai era militar, nasceu no Hospital Militar e Santa Margarida foi a sua casa e escola durante muitos anos.

Dessa infância, atípica para a generalidade dos portugueses, recorda as comemorações do dia do exército, sempre “um dia muito especial”, e os primeiros amigos, mais velhos e a cumprir serviço militar. A “rigidez e a disciplina” do contexto em que cresceu eram, ainda assim, polvilhados pelo cinema, as piscinas, o ginásio e até as idas à igreja, que tornavam tudo “mais agradável”. Talvez por isso, e ainda que reconheça o papel e a importância das Forças Armadas não se tenha tornado uma pessoa “saudosa do ambiente militar”.

NUNO FOX

Nos anos 90, a família – é o mais novo de cinco irmãos – mudou-se para Queluz, para uma casa arrendada onde morou e viveu muitos anos. Ao contrário do irmão mais velho, não seguiu a carreira militar e rapidamente começou a interessar-se pela escrita e pelos livros. Aos 15 anos, já escrevia para o DN Jovem. No início da vida adulta, em 2002, entrou na blogosfera com a “A Coluna Infame”.

NUNO FOX

Aos 36 anos recebeu um telefonema de Miguel Poiares Maduro, então ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, para ir para o Governo de Pedro Passos Coelho. O facto de escrever regularmente nos jornais e de ser assumidamente uma “voz de oposição” fazia dele um candidato. “No fundo, estava a pedi-las.”

Sem uma relação partidária com o PSD, a entrada na política foi uma “rutura” com o antigo Pedro Lomba, assume o próprio. Como secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional ficou conhecido pela condução dos briefings diários com jornalistas. Uma experiência reconhecidamente falhada, a concretização de uma ideia “péssima” e que durou muito pouco tempo. “Passei a ter um rótulo. Fiz aquilo para não criar a ideia de que fugi e de que não quis assumir as minhas responsabilidades.”


NUNO FOX

Afastado da política ativa desde então, reconhece que se desiludiu em relação ao real poder dos membros do governo e que hoje tem a noção de que é um poder “limitado, diluído e disperso”.

Pedro Lomba, advogado e antigo secretário de Estado é o mais recente convidado do podcast “Geração 70”. Reflete sobre um país “preocupantemente frágil” e sem “patriotismo”, realça a “profunda admiração” por Pedro Passos Coelho, recorda os momentos difíceis no Governo e as desilusões enquanto governante. Regressar à vida política? “Não se coloca”.


Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: bferrao@expresso.impresa.pt

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