O fim de semana são dois dias

Um concerto na capela. Três tigres na arca. Natália Correia no grande ecrã

Um concerto na capela. Três tigres na arca. Natália Correia no grande ecrã

Lia Pereira

Jornalista

"Arca", o novo disco dos Três Tristes Tigres, chega esta sexta-feira
Montagem de Hilda Reis a partir de foto de Cristina Pinto

Boa tarde.

Luca Argel nasceu no Rio de Janeiro, no final da década de 80, mas há mais de uma década que chama casa a Portugal. Primeiro escolheu o Porto para viver e estudar, como nos contou há dois anos no podcast Posto Emissor, depois mudou-se para Lisboa, onde continua a fazer algumas das canções mais curiosas desta língua infinita, que podemos consumir com mais ou menos açúcar.

Amorosas ou interventivas, devedoras do samba ou filiadas em sonoridades mais contemporâneas, as histórias do luso-brasileiro vão poder ouvir-se amanhã, sexta-feira, na abertura de um ciclo de concertos acústicos no àCapela Live Arts & Bar, novo espaço cultural situado no MACAM. Eis uma matriosca singular: inaugurado na passada primavera, o MACAM é um museu que é um hotel - o nosso crítico de artes plásticas, Celso Martins, visitou-o em abril e explica tudo. Agora, o edifício da rua da Junqueira, em Lisboa, vai passar a receber, também, concertos.

O inspirado Luca Argel é o primeiro a subir ao palco da capela do Palácio dos Condes da Ribeira Grande, onde toda esta atividade tem lugar, atuando às 21h30. Até ao final do ano, haverá mais atuações acústicas num edifício do século XVIII que se faz cada vez mais presente.

Mais música para ouvir com calma, finda que está a temporada dos festivais de verão: esta sexta, a portuguesa Inóspita leva a sua guitarra encantada ao ciclo Cidade Escura, no Cine-teatro Turim, em Benfica; em Guimarães, o Centro Cultural Vila Flor recebe Sérgio Godinho e o espetáculo Liberdade 25, na sexta, e o brasileiro Rodrigo Amarante, no sábado.

Setembro é mês de música nova, também em disco. Amanhã, os Três Tristes Tigres, instituição da música independente feita no Porto, lançam “Arca”, o segundo álbum da sua segunda vida (nos anos 90, na primeira existência da banda de Ana Deus e Alexandre Soares, ficaram inscritos três discos de culto). Há meses que singles como ‘Exodus’, com A Garota Não, ‘Animália’ ou ‘Água’ prometiam o melhor, mas “Arca”, que já tive a sorte de escutar na íntegra, supera até essas expectativas. É um disco-espelho de 2025, contemporâneo, feroz e essencial.

No cinema, Rui Pedro Tendinha diz-lhe porque deve partir à descoberta de Natália Correia no documentário-ensaio “A Mulher que Morreu de Pé”, e nos palcos Mário Rui Vieira e Rita Carmo viram em primeira-mão “Adilson”, a ópera escrita por Dino D'Santiago, que aqui apresenta a história real que inspirou a “primeira ópera crioula”. O espetáculo está em cena de sexta a domingo, em Lisboa, seguindo depois para Braga, Faro e Aveiro.

“Isto está a partir-me todo, mas quero perceber quais são os meus limites": as palavras são de Juan Domingues, artista venezuelano radicado em Cantanhede, que em Ponte da Barca pintou um enorme mural de homenagem a Fernão de Magalhães. São 300 metros de cores que celebram o navegador, mas também a vila minhota - para apreciar na Avenida Dr. Mário Soares, ao ar livre e de graça.

Tenha um ótimo fim de semana e até à próxima quinta-feira.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt

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