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BLITZ 2024: “Sou o MacGyver dos compositores: com quase nada eu resolvo!”: longa entrevista a Rodrigo Amarante

Rodrigo Amarante
Rodrigo Amarante

Diz-se “mais teimoso do que talentoso” e fala livremente sobre música e cinema, política e economia, defendendo que “democracia e capitalismo são incompatíveis”. Crítico das “coisas da modernidade”, trocou Los Angeles por Nova Iorque e discorre com propriedade sobre a “riqueza espiritual” de ser estrangeiro. O convite do seu herói Valter Hugo Mãe para escrever um prefácio e os perigos do capitalismo selvagem aplicados à música foram outros dos temas de uma conversa rica que republicamos no final de um ano em que o artista deu três concertos em Lisboa

BLITZ 2024: “Sou o MacGyver dos compositores: com quase nada eu resolvo!”: longa entrevista a Rodrigo Amarante

Lia Pereira

Jornalista

Nascido no Rio de Janeiro há 48 anos, ganhou notoriedade no Brasil à frente da banda Los Hermanos, na qual partilhava o ‘posto’ de vocalista e cantor-compositor com Marcelo Camelo. Há cerca de uma década, reinventou-se a solo, com um álbum que se tornou um culto: “Cavalo”. Em 2021 chegou o seu sucessor, “Drama”, que se juntou a uma discografia onde pontuam trabalhos com a banda Little Joy, colaborações com Devendra Banhart ou a canção do genérico da série “Narcos”, ‘Tuyo’. Radicado nos Estados Unidos há vários anos, acaba de apresentar a banda-sonora do filme “As Três Filhas”, disponível na Netflix. A 23, 24 e 25 de setembro toca no B.leza, em Lisboa: há muito que os concertos estão esgotados. A 13 de outubro, regressará para atuar em Penafiel, na nova sala da cidade, Ponto C. Numa chamada Zoom desde Londres, onde tocou na semana passada, Rodrigo Amarante abriu o livro sobre a sua música e muito mais.

Esta semana dá três concertos no B.leza, em Lisboa. Está entusiasmado com o regresso a Portugal e com o facto de ter tantas pessoas à espera para o ver?

Fico sempre feliz por voltar a Lisboa e a Portugal, de modo geral. Adoro ir aí e sempre quero ficar. Na verdade, o meu plano não era dar três concertos, mas eles foram esgotando e fomos marcando mais. No começo eu pensei: “queria tocar num teatro”, mas acho maravilhoso poder passar três dias em Lisboa. Então, está ótimo.

Vão ser concertos de voz, violão e piano, certo? Irá tocar alguma coisa nova, além dos temas já conhecidos?

Ainda não sei, porque gosto de decidir mais em cima da hora. Mas vou tocar umas músicas novas que escrevi para este filme ["As Três Filhas", disponível na Netflix]. E outras coisas novas. Talvez cante umas músicas minhas mais antigas, também, de que gosto. Antes de sair de casa, pensei: “vou dar uma estudada”.

Como surgiu o convite para fazer a banda-sonora deste filme?
O realizador, Azazel Jacobs, é grande fã da minha música. Conhecemo-nos quando eu morava em Los Angeles. Ele é de Nova Iorque, voltou para lá e, quando escreveu esse filme, pensou em mim e escreveu-me. Pediu-me que lesse o guião. Eu sou grande fã do trabalho dele, dos seus filmes, então fiquei super feliz com o desafio. Porque escrever música para um filme é totalmente diferente: tem tanta coisa significando ali… o texto, a luz, os atores, as roupas, os cenários, as cores. Por isso, é preciso encontrar uma coisa bem precisa, que não seja redundante face ao que é dito. Cada cena pede uma coisa, e esse é um desafio de que eu gosto. Sou apaixonado por cinema, queria ter feito cinema - o meu desejo não era necessariamente ser músico. Então trabalhar com cinema é um grande barato.

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