Boa tarde,
à medida que o verão se aproxima do fim, o calendário da música ao vivo espelha esse ocaso: até sábado, Vilar de Mouros volta a receber o decano dos festivais portugueses. Com uma longa e celebrada história, que remonta ao período pré-25 de Abril, o certame tem tido várias encarnações. Este ano, recebe os míticos Sex Pistols (também eles numa peculiar encarnação, com Frank Carter na vez de Johnny Rotten, hoje à meia-noite), os suecos Refused (na sexta) ou os portugueses Da Weasel (no sábado). O nosso enviado especial ao planeta festivais, Paulo André Cecílio, já está no Alto Minho para lhe trazer as novidades mais palpitantes. Outras informações, de natureza mais prática, estão no nosso guia.
Mais a sul, na cidade que alguns juram não existir, o festival Extramuralhas leva concertos de Matt Elliott, And Also the Trees ou Keeley Forsyth a jardins, teatros e igrejas. Também no distrito de Leiria, o Fazunchar, em Figueiró dos Vinhos, oferece no sábado um concerto d'A Garota Não. É no Jardim do Museu e Centro de Artes que a sadina mostrará a inspirada viagem deste ano, “Ferry Gold”.
Ainda na música, mas desta feita em versão gravada: chegou na passada semana às plataformas do costume “Music for Writers”, o novo capítulo do norte-americano Steve Gunn. Conhecido como guitarrista e cantor-compositor, o homem que em 2014 lançou um disco intitulado “Cantos de Lisboa”, e que é fã confesso de Carlos Paredes, decidiu deixar as palavras de lado. Misturando guitarra, sintetizadores e sons de sinos, motoretas e outros ‘intrusos’, “Music for Writers” é o primeiro álbum instrumental de Steve Gunn, que numa conversa que poderá ler em breve nos explicou este título intrigante: “A música com letra pode distrair bastante. Muitas vezes, as pessoas precisam de som para se concentrarem, e achei que talvez esta música pudesse ser um veículo para conjurar coisas, sejam elas quais forem.” Mr. Gunn tinha razão, e melhor: em novembro estará de volta a Portugal, tal como, de resto, o seu compatriota e ‘vizinho’ sonoro, William Tyler. Há quem sonhe com o mês de agosto, por aqui já suspiramos pela agenda do outono.
Ainda no que toca a discos, ficam mais duas dicas: “Private Music”, outro belo título e outro belo álbum, desta feita da banda mais original e longeva do nu metal, os Deftones (lançado esta sexta, mas já escutado com atenção), e “Willoughby Tucker, I'll Always Love You”, de Ethel Cain. Depois de seduzir muitos fãs com “Preacher's Daughter”, em 2022, e de no início deste ano lançar o hermético “Perverts”, a norte-americana regressa às canções de recorte mais convencional, mas sempre misteriosas, num disco que apresentará ao vivo em Lisboa ainda este ano.
No cinema, e depois do body horror à Cronenberg de “Together - Juntos”, seguem mais duas sugestões de sustos com cabeça: a primeira chama-se “A Hora do Desaparecimento” e começa quando todas as crianças de uma turma (menos uma…) desaparecem de suas casas, exatamente à mesma hora: 2h17. Rui Pedro Tendinha já viu e garante: não é apenas um dos melhores filmes de terror de 2025, mas um dos ‘casos’ deste ano. O outro caso sério é “A Meia-Irmã Feia”, versão feminista da Cinderela também recomendada pelo nosso crítico de cinema - mas a ver com cautela, caso tenha estômago sensível.
Se, tal como eu, não vai sair de Lisboa nos próximos dias, fica uma última ideia: “Crónicas de uma Lisboa Desconhecida”, com cerca de cem imagens, muitas delas inéditas, da capital ao longo das décadas. A exposição está no Museu de Lisboa - Palácio Pimenta, no Campo Grande, pelo preço de um lanche frugal.
Descubra abaixo mais ideias de como ocupar o seu tempo livre e tenha um excelente fim de semana. Voltamos a encontrar-nos na próxima quinta-feira, a última de agosto.
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