O fim de semana são dois dias

Música no Minho, cinema na Baixa do Porto e verão na Montanha Mágica

Música no Minho, cinema na Baixa do Porto e verão na Montanha Mágica

Lia Pereira

Jornalista

Fotografia de Rita Carmo em Paredes de Coura, no verão de 2022
Rita Carmo

Boa tarde.

Chamamos-lhe “silly season”, mas talvez haja ideias mais tolas do que passar o verão - ou pelo menos parte dele - num delírio escapista, dando prioridade ao lazer, à arte e à beleza.

Nesta primeira semana de agosto, a bússola da música aponta para norte: é lá que, por estes dias, a Praia da Duna do Caldeirão, em Âncora, recebe o Sonic Blast, festival dedicado ao stoner rock, com concertos de Fu Manchu, Emma Ruth Rundle ou Circle Jerks. Também no Alto Minho, terra fértil em festivais e outros deleites, arranca hoje o Neo Pop, lugar de peregrinação dos amantes da eletrónica, este ano com Charlotte de Witte, Richie Hawtin e Nina Kraviz no Forte de Santiago da Barra. Na próxima semana, claro, é a vez de o Vodafone Paredes de Coura voltar a receber uma romaria de melómanos tão apaixonados pelo cartaz (este ano há Air e Vampire Weekend, Sharon Van Etten e Franz Ferdinand) como pelo carisma do festival que pôs uma vila no mapa de Portugal. O Minho é verde, viçoso - e nos próximos dias estará em flor com tanta música.

Na cidade, mesmo que a trabalhar, também é verão. E, no Porto, todos os caminhos vão dar ao cinema que voltou a ocupar as ruas da Invicta. A reportagem é de Rui Pedro Tendinha, que foi tentar perceber o segredo do sucesso dos cinemas Trindade e Batalha, bem como do ciclo Passos no Escuro, no Passos Manuel. Cinema de autor, programação criteriosa e o prazer de voltar a ver filmes fora do centro comercial (ou fora de casa) têm atraído cinéfilos de todas as idades. Uma pequena amostra do que pode ver, se viver ou estiver no Porto: os sufocantes “Sirât”, do galego Oliver Laxe, e “Verdades Difíceis”, de Mike Leigh, no Trindade, e os ciclos O Cinema das Independências e O Fogo da Praia, no Batalha.

Em Lisboa, continua até setembro o enorme ciclo dedicado ao belo cinema italiano, no Nimas. Se mesmo no verão o seu coração pede tonalidades mais góticas, a Netflix oferece-lhe a segunda temporada de “Wednesday”, de Tim Burton e com Jenna Ortega. Rui Pedro Tendinha falou com os dois e explica porque é que o regresso de Wednesday Addams (no Brasil, Wandinha) não é mais do mesmo, mas sim “melhor do mesmo”.

Há 16 anos (tantos?), Annie Clark, mais conhecida como St. Vincent, juntava-se aos compatriotas The National para uma versão vagarosa de ‘Sleep All Summer’. O original pertence aos desconhecidos Crooked Fingers, mas é na voz de Matt Berninger & Miss Clark, que em julho esteve em Portugal, que penso sempre que a canícula me inspira este tipo de desejo. Este ano, encontrei uma nova canção para a banda-sonora do verão: chama-se ‘Verão de 2019’ e está no disco “Praia, Campo, Cidade e Montanha”, da dupla portuguesa Montanha Mágica. Se a ideia de uma banda inspirada por Beach Boys e Love a cantar em português sobre raparigas chamadas Ana Cláudia, Marta e Maria lhe agrada, vá por aqui e descubra o álbum de estreia de Hugo Costa e Rui Freire, ambos com pergaminhos na música portuguesa.

Tenha um belo fim de semana - voltamos a encontrar-nos na próxima quinta-feira!

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt

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