Bom dia!
Tem início esta segunda-feira, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a cimeira sobre a questão palestiniana e a solução de dois Estados, que reunirá chefes de Estado e de Governo e será co-presidida por França e Arábia Saudita. O objetivo deste encontro, que decorrerá à margem da Assembleia Geral da ONU, é tentar avançar na “solução de dois Estados”, que permita a israelitas e palestinianos coexistirem dentro de fronteiras seguras e reconhecidas globalmente.
Em abril, durante um discurso proferido no Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU António Guterres chamou a atenção para o “risco” de este processo “desaparecer completamente”. Mais recentemente, Guterres voltou a colocar o dedo na ferida: “Qual é a alternativa? Uma solução de um Estado, no qual os palestinianos ou são expulsos, ou são forçados a viver nas suas terras sem direitos?” E instou a comunidade internacional a “manter viva a solução de dois Estados e, então, materializar as condições para que ela se concretize”.
22 de setembro de 2025 pode ser o dia de todas as decisões. Na véspera, vários países anunciaram o reconhecimento do Estado da Palestina - Reino Unido, Canadá e Austrália foram os primeiros - Portugal seguiu-lhes o exemplo. Ao início da noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, anunciou: “Hoje, dia 21 de setembro de 2025, o Estado português reconhece oficialmente o Estado da Palestina”. “Exortamos do fundo dos nossos corações que cessem todas as hostilidades”, disse ainda o chefe da diplomacia portuguesa, exigindo a “libertação de todos os reféns”. Espera-se que nos próximos dias o mesmo passo seja dado por França, Bélgica, Malta, Luxemburgo, Andorra e São Marino.
A decisão portuguesa tem o “pleno apoio” do Presidente da República. À chegada a Nova Iorque para participar na 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: “O caminho é defender a moderação, afastar-se dos radicalismos. Portugal, desde sempre e com todos os presidentes, defendeu o princípio de dois Estados soberanos. Atuar neste momento é atuar para haver uma hipótese no sentido de haver dois Estados”, disse aos jornalistas.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas - a quem Washington recusou a emissão de um visto de entrada e por esse motivo não estará presente na AG da ONU - aplaudiu a decisão do Reino Unido pelo reconhecimento da Palestina como Estado. Menos satisfeito está, naturalmente, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que fez saber que “nenhum Estado palestiniano será criado a oeste do [rio] Jordão”, num vídeo dirigido aos líderes ocidentais, nomeadamente do Reino Unido, Canadá e Austrália. E chegou mesmo a afirmar que o seu Governo expandirá os colonatos na Cisjordânia ocupada.
Sharren Haskel, vice-ministra dos Negócios Estrangeiros israelita disse que Telavive está “extremamente desapontada” com Portugal, numa entrevista concedida à agência Lusa, mas afastou retaliações diplomáticas contra Portugal, preferindo sublinhar a “grande cooperação em bastantes domínios” entre os dois países.
OUTRAS NOTÍCIAS
Violência. Cinco suspeitos com idades entre os 19 e 29 anos foram detidos pela PJ do Funchal depois de terem sequestrado, agredido a soco, pontapé e bastonada um homem que filmaram a confessar uma violação que não cometeu. A vítima foi encontrada nua num local ermo em São Roque do Faial.
Autárquicas. Habitação, segurança e mobilidade dividiram os candidatos à Câmara do Porto no debate a cinco na SIC. Todos prometem mais casas, exceto o candidato do PSD que prefere a aposta em “espaços verdes”.
Rússia. Uma aeronave russa invadiu este domingo, pela segunda vez em três dias, o espaço aéreo da Estónia sobre o Mar Báltico, o que obrigou a acionar dois caças alemães para intercetá-la. Segundo a Força Aérea da Alemanha, o avião de reconhecimento russo Il-20M desligou os seus transponders e ignorou os pedidos de contacto. Até quando é que a NATO vai tolerar as violações do espaço aéreo por parte da Rússia?, perguntam José Milhazes e Nuno Rogeiro no seu espaço de análise Guerra Fria.
Funeral. Donald Trump transformou a homenagem ao ativista conservador Charlie Kirk, assassinado a 10 de setembro, num ato político-religioso perante dezenas de milhares de pessoas no estádio State Farm, no Arizona. O Presidente dos EUA descreveu-o como um “mártir da liberdade americana”.
Brasil. Dezenas de milhares de brasileiros saíram ontem à rua em várias cidades do país para exigir que o ex-Presidente Jair Bolsonaro não seja amnistiado. Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão no início deste mês por vários crimes, entre os quais tentativa de golpe de Estado.
Viagem. Durante três anos, a família Saldanha-Pisco deu a volta ao mundo a bordo de um veleiro, e agora, dois anos após o regresso a casa ainda tentam readaptar-se: do sonho ao regresso à rotina, contam ao Expresso como é voltar a viver em terra firme.
FRASES
“Reconhecer a Palestina nestas condições (ou, melhor dizendo, sem condições) não é um acto de justiça, é um erro” Pedro Gomes Sanches, no Expresso
“Portugal não reconheceu propriamente o Estado da Palestina. Limitou-se a seguir a tradição da sua política externa, seja qual for o governo ou regime: evitar até ao limite ter uma política externa” Daniel Oliveira, no Expresso
OS NOSSOS PODCASTS
❌Reconhecimento da Palestina é “fundamental”: mostra “claramente” oposição à política seguida por Israel: Helder Gomes conversa com o antigo secretário-geral-adjunto da ONU Victor Ângelo, em O Mundo a Seus Pés
✡️Nuno Rogeiro: “O Estado Palestiniano tem que reconhecer Israel e dizer ‘queremos coexistir’”, no podcast Leste-Oeste
🏠O que vai acontecer com o crédito à habitação nos próximos meses? Pedro Andersson, jornalista especializado em Finanças Pessoais, responde no podcast Contas-poupança
⭐“Pelo meio tivemos sucessos. Mas o sucesso, ao contrário do fracasso, é silencioso”: Rui Lopes, CEO da AgentifAI, no podcast o CEO é o Limite
O QUE ANDO A VER
“À Primeira Vista”, por Margarida Vila-Nova
Recomeça hoje a nova temporada do monólogo interpretado de forma sublime pela atriz Margarida Vila-Nova e encenado por Tiago Guedes. O espetáculo, que se estreou em julho de 2024, é a versão portuguesa de “Prima Facie”, da dramaturga, advogada e argumentista australiana Suzie Miller. A história centra-se em Teresa, uma jovem advogada, que, a determinada altura da vida, é vítima de violência. A peça vai estar em cena no Teatro Maria Matos, até 9 de dezembro, às segundas e terças, e vale muito a pena ir ver!
E com esta sugestão imperdível termino o Curto desta segunda-feira. Continue desse lado, porque ao longo do dia ainda temos para lhe oferecer muito mais notícias, vídeos e podcasts no Expresso, Tribuna, Boa Cama Boa Mesa, Blitz e Sic Notícias.
Boa semana!
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