Está é a crónica de uma demissão anunciada. Francisco Ramos, o coordenador da task- force para a vacinação, já era.
Demitiu-se ontem por causa das irregularidades na vacinação no Hospital da Cruz Vermelha, do qual é da comissão executiva. Há quem diga que era um homem discreto e que não merecia sair assim.
Mas rei morto rei posto. Para o seu lugar foi escolhido o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Resta saber se vai ter mão firme para combater as diversas falcatruas que têm ensombrado este plano.
É bem provável que na escolha do sucessor de Francisco Ramos haja o dedo do presidente Marcelo rebelo de Sousa. A jornalista Ângela Silva escreve que Marcelo pressionou o reforço das Froças Armadas no comando do Plano de Vacinação.
É de prever que a polémica em torno das vacinas continue. O processo avança a passo de caracol e já há quem defenda que se deve recorrer às vacinas russas e chinesas.
Outras notícias
Queixa. As presidenciais já passaram, mas a guerra nem por isso. Ana Gomes, a segunda candidata mais votada, que já durante a campanha tinha contestado a legalidade do Chega, apresenta agora uma participação à PGR, pedindo a ilegalização do partido de André Ventura. Argumentos não lhe faltam – afinal, xenofobia não tem entrada na Constituição.
Responsabilidade é também o tema central do julgamento que está a decorrer em Lisboa: o caso da morte de um cidadão ucraniano nas instalações do SEF. Na segunda sessão, escreve Rui Gustavo, do Expresso, ficou a saber-se que mas horas que antecederam a sua morte por asfixia e espancamento, o imigrante ucraniano esteve preso das mais variadas maneiras: algemas metálicas, fita cola e um lençol.
Calúnia. A bastonária da Ordem dos Enfermeiros é conhecida pelo estilo polémico que, tantas vezes, mistura posições políticas com insultos pessoais. Na campanha presidencial, apareceu ao lado do amigo André Ventura e, nas redes sociais, não mede as palavras. Vai agora ser acusada de “crime de difamação agravada” pelo secretário de estado Jorge Botelho, que coordena o combate à covid-19 no Algarve.
Agonia. O CDS parece estar em vias de extinção. A cada dia que passa há mais uma demissão no núcleo duro do partido. Perante o "definhamento indiscutível" do CDS, Lobo Xavier, um dos históricos do partido defende a convocação de um Congresso para discutir a liderança. Já se sabe que Adolfo Mesquita Nunes pode ser o homem que se segue ja que ninguém acredita que o "Xicão" tenha condições para continuar a liderar o partido.
Itália. Os italianos não podem viver sem uma boa crise política. O presidente Sérgio Matarella considerou inconveniente convocar eleições antecipadas e por isso pedir ajuda a Mário Draghi. O homem que salvou o euro quer agora salvar a Itália e já deixou claro que "temos oportunidade de fazer grandes coisas nestes país". Mas a sua investidura está nas mãos do parlamento.
Processo. Marilyn Manson deixou de ser representado pela agência de comunicação CAA. É a mesma casa que representa alguns dos maiores nomes do entretenimento e do desporto, casos de Beyoncé, Bruce Springsteen, Radiohead, Johnny Depp, Cristiano Ronaldo ou José Mourinho. O desvinculamento surge na sequência das várias acusações de abusos sexuais feitas contra o músico, por, entre outras mulheres, a atriz Evan Rachel Wood.
Música. Não há festivais nem concertos mas o show-bizness continua. Ontem foi anunciado um concerto de The Weeknd… para 22 de Outubro de 2022. A empresa responsável pela promoção do espectáculo é a Everything Is New, que também organiza o NOS Alive. Os bilhetes são colocados à venda na segunda-feira.
Futebol. O treinador do FC Porto, que joga hoje às 19h com a Beleneneses SAD, desvalorizou o atraso pontual do Benfica e diz que ainda há quatro candidatos ao título, incluindo o Sporting de Braga nas contas. Criticou, no entanto, a calendarização da prova rainha do futebol português.
Expresso. Com a edição de amanhã do Expresso é oferecido a todos os leitores um suplementos intitulado 1001 Ideias para Ocupar o Tempo em Dias de Pandemia. São 16 páginas com soluções fáceis paras os dias complicados que vivemos. As sugestões, neste primeiro de três números, vêm de Clara de Sousa, José Luís Peixoto, Isabel Jonet ou Carolina Torres. Saiba também o que Ljubomir Stanisic vai fazer logo que termine a pandemia.
Chuva. Hoje não é um bom dia para sair à rua. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera deixa o aviso: Há seis distritos do continente sob avisa amarelo devido à previsão de forte chuva
Memória. A Guerra Colonial começou há 60 anos, em Angola.
O que ando a ouvir
No Natal, recebi o vinil que há muito desejava - Mar Azul, de Cesária Évora. O disco foi o primeiro grande sucesso de uma das vozes maiores da world music. Cesária já tinha 50 anos quando foi editado e estava longe de imaginar o sucesso que a esperava. E que não seria possível sem José da Silva, o homem que a levou dos bares do Mindelo para os melhores palcos do mundo. Gravado em apenas três noites, deixa qualquer um arrepiado.
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