Francisco Ramos é um homem discreto: é esse o primeiro adjetivo usado por Maria de Belém, ministra da Saúde entre 1995 e 1999 no Governo de António Guterres, para descrever ao Expresso aquele que foi seu secretário de Estado. “A discrição é muito importante, porque em trabalhos de grande responsabilidade há pessoas que ficam muito vaidosas. É importante que se seja discreto.”
Há cerca de três meses, Francisco Ramos, economista da área da saúde, saltou para as capas dos jornais enquanto coordenador da task force para o plano de vacinação contra a covid-19. Deu entrevistas, uma das mais recentes ao Expresso, nas quais apresentou o ponto em que ia o plano e quais os passos seguintes. Mas não resistiu tempo suficiente para ser parte deles. Demitiu-se terça-feira, a decisão foi conhecida esta quarta. Às sucessivas denúncias de administração irregular das vacinas em todo o país juntaram-se as “irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção [para vacinação]de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva”.
“Não merecia sair assim”, considera Maria de Belém, para quem foi “uma conjugação de fatores”, muito mais do que “a ação dele”, a tirar o tapete a Francisco Ramos, “um economista da saúde, uma pessoa humanamente muito agradável, estimável e estimada” e sobretudo “uma pessoa muito conhecedora da área”. “Fico muito contristada.”
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