Bom dia,
Hoje é dia de eleições nos EUA. O dia em que se vai decidir a continuidade de Donald Trump na Casa Branca. Se não quiser perder nada, fique connosco no Expresso. Vamos ficar aqui, madrugada dentro, a acompanhar os resultados ao minuto. Sem a certeza, sequer, de termos um vencedor declarado na manhã de quarta-feira. Já lá vamos.
Neste momento, todas as sondagens apontam para a vitória de Joe Biden. Varia o número, mantém-se a tendência. Com base num modelo que usa sondagens e outras variáveis, o mago das estatísticas Nate Silver, do FiveThirtyEight, atribui uma probabilidade de vitória de 90% ao ex-vice de Barack Obama contra apenas 10% de Donald Trump. Já a revista The Economist ainda dá maiores chances a Biden: 96% de probabilidade de ganhar. Mas, atenção, isto não quer dizer que Trump está derrotado. É, aliás, o próprio Nate Silver que o diz ao lembrar que 10% não é zero.
É a 59ª eleição presidencial nos EUA. Mas não é uma eleição qualquer. Não apenas o país enfrenta uma violenta segunda vaga da pandemia como, apesar da recuperação do PIB no terceiro trimestre, vive sérios problemas na economia. Está em causa a reeleição de Donald Trump que, confirmar-se, avisam alguns, pode ser um perigo para a democracia americana. Leia-se, por exemplo, o editorial do New York Times publicado a meio de outubro que classificava Trump como “a maior ameaça à democracia americana desde a Segunda Guerra Mundial”. Ou o texto do famoso colunista Thomas Friedman, no mesmo diário duas semanas antes, que recorria igualmente à história para colocar o nível da ameaça à democracia acima da Guerra Civil, de Pearl Harbour ou da crise dos mísseis de Cuba. Ou ainda as palavras de Clara Ferreira Alves no Expresso que avisava que “se a eleição correr mal a Trump, não hesitará em atiçar as milícias da igreja de fiéis, e em desafiar a ‘lei e ordem’”.
Na verdade, há sinais de que as coisas podem complicar-se. Há quem garanta que Donald Trump tem um plano para ganhar mesmo não ganhando, antecipando a declaração de vitória antes de estarem contados todos os votos, ou que poderá tentar declarar uma fraude se os números não lhe forem favoráveis. Nada tranquilizador é o facto de as vendas de armas nos EUA terem disparado no mês de outubro. Uma das dúvidas neste momento é saber como irão as principais redes sociais lidar com as eleições numa altura em que tem havido grande polémica sobre algumas das suas decisões.
A poucos dias da eleição, para gáudio de Trump, saíram os dados do PIB dos EUA no terceiro trimestre que deu um salto de 33,1% – na taxa actualizada, ou seja, quatro trimestres a crescer ao ritmo de 7,4% que foi o efectivamente registado naqueles três meses. Mas isso não esconde a dura realidade para o inquilino da Casa Branca: a pandemia e crise económica vieram baralhar drasticamente as contas de Trump que contava ter um ano 2020 de grande pujança. Já agora, confira a aqui as principais propostas económicas dos dois candidatos.
A pandemia é um dos principais pontos de confronto entre ambos. Trump tem sido acusado pela forma como lida com a pandemia e, em particular, por não ter suficiente cuidado. Agora, um estudo da universidade de Stanford estima que os seus comícios tenham provocado 30 mil infetados e 700 mortos – uma notícia do Expresso com direito a reação da Casa Branca.
Para ver também antes da noite eleitoral, um guia sobre o sistema americano que explica como é possível, e já aconteceu várias vezes, um candidato ter o maior número de votos e não ser eleito presidente.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro
Marcelo Rebelo de Sousa vai decretar o estado de emergência, como disse ontem em entrevista à RTP, mas será um estado de emergência “diferente e muito limitado”. O Presidente da República assumiu ainda “a responsabilidade suprema” por “atrasos, improvisos e erros” na gestão da pandemia.
O novo estado de emergência servirá para lidar com quatro questões que António Costa já tinha enunciado de manhã à saída da reunião em Belém: limite à circulação, controlo de temperatura, utilização de meios de saúde privados e a possibilidade de usar funcionários públicos ou militares em tarefas de saúde pública. Foi, aliás, aquilo que Marcelo queria há já algum tempo. Costa justificou o pedido do Estado de emergência com a necessidade de ter enquadramento jurídico adequado. Marcelo Rebelo de Sousa tinha dito, as limitações à circulação entre concelhos no último fim-de-semana eram meras “recomendações agravadas” e agora, avisam os especialistas, tal também acontece com o dever de confinamento domiciliário.
Siga toda a informação no direto do Expresso. Confira também as medidas anunciadas por Costa no último sábado, os últimos números da pandemia no dia com mais mortos de sempre e conheça, em detalhe, como vai funcionar o novo regime de teletrabalho obrigatório.
A contratação colectiva afundou com a pandemia, escreve o Jornal de Negócios na edição de hoje.
PSD, CDS e PPM chegaram ontem a acordo para o Governo dos Açores.
No futebol, hoje é dia de Liga dos Campeões. O FC Porto recebe o Marselha para a terceira jornada da fase de. Uma vitória coloca o Porto em excelente posição para garantir a qualificação.
Ontem à noite, o Benfica perdeu por três golos com o Boavista no Bessa, na sua primeira derrota no campeonato.
A dívida pública subiu em setembro para 130% do PIB, revelou o Banco de Portugal. E a subida não se ficará por aqui até final do ano. Igualmente a subir está o crédito bancário aos particulares, para consumo e para compra de casa.
Recomeçou o julgamento de Tancos. O primeiro dia foi marcado por contradições entre Valter Abreu e Filipe Sousa, tio e sobrinho, cuja dica esteve na origem do assalto.
Lá fora
Embora, por estes dias, o noticiário internacional esteja dominado pelas eleições nos EUA, há outros assuntos na atualidade. Em Viena, na Aústria, vários ataques a tiro que fizeram um número ainda indeterminado de mortos e feridos.
Na Bielorrússia, a repressão continua e, só na manifestação do último domingo em Minsk que juntou entre 20 mil e 30 mil manifestantes, foram detidas 300 pessoas.
Morreu o jornalista britânico Robert Fisk. Tinha 74 anos e era o mais conhecido correspondente estrangeiro no Médio Oriente.Vivia no Líbano desde o final da década de 70 e tem, no currículo, entre muitos outros trabalhos, três entrevistas com Osama bin Laden.
Edward Snowden, o americano que denunciou as atividades de espionagem da agência americana NSA, pediu cidadania russa, país onde vive desde 2013.
No Reino Unido, o antigo eurodeputado eurocético, Nigel Farage, quer transformar o seu partido num partido anti-confinamento. No Labour, muitos não gostaram da reação do ex-líder, Jeremy Corbyn, às acusações de anti-semitismo. Acham que devia “aceitar honestamente as denúncias, pedir desculpa e seguir em frente”.
Trinta e dois jornalistas foram mortos desde o início do ano. Os números são da organização Repórteres sem Fronteiras.
FRASES
“Contam-se pelos dedos os responsáveis políticos que em tempos de pandemia são reeleitos”, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República em entrevista à RTP
“Sabia que não íamos ficar invencíveis” , Jorge Jesus, Treinador do Benfica depois de derrota por 0-3 no Bessa com o Boavista
O QUE ANDO A LER
Colson Withehead conseguiu o feito raro de vencer dois prémios Pulitzer. Primeiro em 2017, com “A Estrada Subterrânea”, e novamente este ano com este “Os Rapazes de Nickel”. Embora de classe privilegiada, com casa nos Hamptons e estudos em Harvard, Whitehead é afro-americano e é sobre isso que escreve. Sobre discriminação, escravatura, racismo e sobre uma sociedade onde, tantos anos depois do fim da Guerra da Secessão, as injustiças prevalecem.
“Os Rapazes de Nickel” conta a história de um jovem negro, bom estudante e com muitos sonhos para concretizar, que foi apanhado numa confusão com a justiça e acabou no reformatório de Nickel, na Flórida. Um sítio sórdido, inspirado na história real da Dozier School for Boys, onde não só negros e brancos eram completamente segregados como, além disso, existiam frequentes abusos físicos e até homicídios.
Sobre o tema do racismo – e da escravatura – vale também a pena da uma espreitadela à feira Good Lord Bird que estreou recentemente na HBO. Com uma notável interpretação de Ethan Hawke, conta a história de um escravo fugido no Kansas que se cruza com John Brown, o abolicionista que na década de 50 do século XIX, combateu de forma violenta a escravatura nos EUA. É inspiração e herói para uns, terrorista para outros.
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