A época dos festivais começou oficialmente com o NOS Primavera Sound, no Porto, mas é hoje que chega em grande com o início do NOS Alive, no enclave lisboeta chamado Algés.
Digo grande porque este ano não há Rock in Rio e assim sendo, o Alive torna-se o maior festival português. Pelo menos é o que dizem os números das últimas temporadas, em que tem conseguido lotação esgotada, anunciado a entrada, por dia, de 55 mil especatdores.
Ainda que pareça que tudo corre como dantes, os mais atentos já notaram que o mundo dos festivais está em profunda transformação. Ao contrário do que aconteceu nas épocas anteriores, o NOS Alive não esgotou nenhum dia, dando conta do menor afluxo de portugueses e, muito provavelmente, dos milhares de turistas que ali têm ocorrido.
E se este é um ano “mau” – entre todos os festivais só o Super Bock Super Rock anunciou ter já esgotado um dia, o de Lana del Rey – isso não se deve apenas a uma conjuntura lusitana menos favorável. Esta semana foi noticiado que as 100 maiores digressões do mundo faturaram menos 26,8% nos primeiros seis meses de 2019 em comparação com o mesmo período do ano passado. São menos cem milhões de dólares por mês, o que é mais que suficiente para ligar os alarmes na indústria da música ao vivo, que agora discute se a quebra se deve ao alto preço dos bilhetes ou ao pousio das maiores estrelas da música que não têm estado em digressão.
A falta de cabeças de cartaz parece ser evidente: hoje à noite, a maior atração do NOS Alive chama-se The Cure, os mesmo que estão na capa da revista especial de festivais da BLITZ que já chegou às bancas. A banda de Robert Smith conta com quatro décadas de história mas recebeu inúmeros elogios quando, há quinze dias, atuou, também enquanto headliner no festival de Glastonbury, o maior da Europa. A BLITZ faz a antevisão de um concerto que promete revisitar todos os pontos mais altos da carreira (como esta versão de “Just Like Heaven”) ao pormenor. E publicará a reportagem logo em cima da hora.
O regresso dos Ornatos Violeta (novas fotografias aqui), a estreia da banda Variações, que fez a música do filme sobre António Variações que vai estrear em agosto (tema inédito aqui) e a atuação dos Hot Chip (entrevista em vídeo aqui) são outros momentos esperados do festival que hoje começa.
Mas se ainda tem dúvidas quanto à menor efervescência do negócio da música ao vivo, saiba que os promotores do festival que comemorava 50 anos de Woodstock não conseguiram montar a festa que tinham prometido este ano. Ou que a Live Nation, o maior conglomerado global de empresas de concertos comprou o Rock in Rio, que regressa a Lisboa em 2020, detendo agora uma participação de 60% na empresa de Roberto Medina.
Como é que tudo isto vai abalar o cenário português, que até agora tem sido conseguido articular o preço baixo dos bilhetes com os melhores artistas, é o que interessa saber nos próximos tempos.
OUTRAS NOTÍCIAS
Está na primeira página dos diários de hoje e também no online do Expresso: Portugal é dos países que mais tempo demora a aceitar novas terapêuticas. Os doentes do Serviço Nacional de Saúde esperam, em média, 634 dias pela introdução de um novo medicamento. Cinco vezes mais do que sucede na Alemanha.
Carlos César diz adeus ao Parlamento. O líder da bancada parlamentar do PS anunciou ontem que não fará parte das listas do seu partido nas próximas legislativas. César diz que deve “dar o lugar a outros” mas que não enjeitará o combate político. Ferro Rodrigues, por seu lado, fica com o caminho aberto para voltar a ser Presidente da Assembleia da República.
Porém, foi o debate do Estado da Nação que dominou ontem a actividade parlamentar. Mais do que análises e estratégias de governação, as várias bancadas ensaiaram argumentos de campanha para as eleições de 6 de outubro. Oito retratos do que se disse (e não disse) aqui, por David Dinis.
No Campus da Justiça também houve debate, neste caso instrutório, do processo de invasão à Academia de Alcochete do Sporting. A procuradora Cândida Vilar adiantou ter novas provas capazes de incriminar Bruno de Carvalho. O acesso às mensagens de WhatsApp do telemóvel de André Geraldes, braço direito do ex-presidente do Sporting, gerou discussão com os arguidos a pedirem a nulidade dessa prova, obtida após perícia no estrangeiro. Na segunda-feira há mais.
Sporting e Benfica perderam. Logo nos primeiros jogos da pré-temporada, as equipas de Lisboa sofreram derrota. O Benfica perdeu em casa contra o Anderlecht, por 2 – 1. Contudo, o ponto alto da Eusébio Cup deste ano foi a despedida de Jonas, que sai depois de ter marcado 136 golos com a camisola do Benfica. O Sporting perdeu pela mesma marca com o modesto Rapperswil-Jona da segunda divisão da Suíça. O golo da equipa de Alvalade foi marcado, de penálti, pelo inevitável Bruno Fernandes.
Ursula menor. A candidata à liderança da Comissão Europeia pode não alcançar o seu objectivo pois os Verdes anunciaram que não validarão o seu nome. Para evitar que Ursula von der Leyen seja derrotada já esta semana em Estrasburgo, há fortes possibilidades de a votação ser adiada para setembro, dando azo a mais negociações.
CDS, PSD e PS vetaram folga no primeiro dia de aulas. A proposta do Bloco de Esquerda que visava alargar aos pais do sector privado a medida que permite o acompanhamento por três horas dos menores de 12 anos foi chumbada.
Porto suspende arrendamento de curta duração em zonas de alta pressão. Executivo camarário aprovou por unanimidade a suspensão de novos registos de Alojamento Local em zonas de contenção turística, por um prazo de seis meses ou até à entrada em vigor do regulamento do setor, prevista para janeiro de 2020.
FRASES
“Nem o diabo apareceu nem a austeridade desapareceu”. António Costa, primeiro-ministro, no Parlamento, durante o debate da Nação
“Sempre achei que os aliados do PS estão à esquerda”. Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, ao ser entrevistado na TVI
“O governo falhou nas áreas onde os acordos foram menos concretos”. Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, no Parlamento, durante o debate da Nação
“Queremos ter a mesma taxa, de 12,5%, de IRC da Irlanda”. Assunção Cristas, líder do CDS, no debate da Nação
“Podem ter uma surpresa em outubro, o PSD ganhará as eleições”. Fernando Negrão, líder da bancada do PSD, durante o debate da Nação
“Voltarei ao mar. É aí que está a necessidade”. Carola Rackete, capitã do navio Sea Watch 3, que desafiou a política migratória italiana, em entrevista ao “El País”
O QUE ANDO A LER
Laura Cumming é crítica de arte do “Observer”, mas tem-se distinguido por publicar livros que não sendo propriamente de História de Arte nem puramente autobiográficos, afirmam um novo lugar para uma literatura romanceada. Julian Barnes, recentemente entrevistado para a Revista do Expresso, classificou-a como uma das melhores escritoras da atualidade, e Colm Tóibin descreveu a sua escrita como assombrosa, o mesmo se passando com Nick Hornby que disse ser “brilhante”. Tudo isto por conta de “The Vanishing Man: in Pursuit of Velazquez”, de 2016, e de que já deixei nota aqui. É a história de um alfarrabista que se viu na posse de um quadro do mestre espanhol sendo então perseguido até se ver obrigado a fugir do Reino Unido e cair olvido. O livro lida também com a morte do pai de Laura Cumming, autora cujos livros ainda não estão ainda traduzidos para português.
É um dos melhores livros que li nos últimos anos, e que volto a recomendar vivamente para o estio que aí vem. O mesmo sucede com “On Chapel Sands”, o novo volume, acabado de publicar, que já tenho mas que ainda não li. Tem resgatado os maiores encómios da crítica e demais especialistas: “an absolute masterpiece. A book bursting with love – love lost and love found, love misunderstood, unsaid and denied” pode ler-se na contracapa, nas palavras de Kaggie Carew. A história, desta vez, anda à volta de uma rapariga de cinco anos que foi raptada durante o outono de 1929, está escrito nas lombadas. Essa rapariga, que viria a aparecer cinco dias depois, era a mãe de Laura Cumming.
Tenha um bom dia. Siga toda a informação atualizada em permanência no site do Expresso. Mais logo, a BLITZ vai estar no festival NOS Alive para acompanhar tudo o que acontece em cima da hora. A Tribuna conta-lhe tudo sobre Alcochete e o Vida Extra fornece soluções para um problema chamado férias. Férias? Quais férias?
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MCadete@impresa.pt