“Aldeia” para pessoas com Alzheimer e Parkinson está a ser construída em Valpaços
Projeto está a ser criado junto a uma das estruturas residenciais da associação
Associação de Solidariedade Social São Pedro
Inspirada num projeto estrangeiro, a Associação de Solidariedade Social São Pedro decidiu criar uma estrutura para responder de forma mais adequada às necessidades das pessoas diagnosticadas com Alzheimer e Parkinson. Na data em que se assinala o Dia Internacional do Idoso, o Expresso conta-lhe mais sobre o projeto cuja abertura está prevista para entre fevereiro e março do próximo ano
Com a crescente longevidade da população, os próximos anos serão marcados por um aumento do número de casos de doenças como Alzheimer e Parkinson. Em Portugal são já cerca de 200 mil e 20 mil, respetivamente. Uma “aldeia” criada especialmente para estas pessoas está a nascer em Sanfins, no concelho de Valpaços, no distrito de Vila Real.
Já com duas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), o presidente da Associação de Solidariedade Social São Pedro sentiu que não estava a ser dada a resposta e o cuidado necessários para quem vive com doenças neurodegenerativas. “Andei a pesquisar e descobri uma aldeia mais ou menos idêntica na Holanda e na Califórnia. Desloquei-me à Holanda para ver e pensámos em criar esta novidade”, conta Leonardo Paredes Batista ao Expresso.
O objetivo é que seja possível manter uma vida normal, com diferentes estímulos no dia a dia. Para isso, o novo projeto com capacidade para 58 utentes contará com serviços e valências que vão desde lojas, mercearia, farmácia e cabeleireiro até música, fisioterapia ou um espaço de snoezelen, atividade que promove a estimulação sensorial. Haverá ainda quiosque e restaurante, para melhor receber as visitas de familiares.
“Sabemos que estas pessoas quando vão às compras não têm noção daquilo que vão comprar. Mas criam esta rotina como que estejam na sua vida ativa, quando tinham saúde. É isso que tentamos dar: criar uma comunidade para que se sintam bem”, sintetiza o responsável.
O jardim sensorial e a presença de animais como cavalos, burros, cães e gatos contribuem para esse bem-estar, enquanto referências do passado. “É muito importante que tenhamos algumas atividades que vão ao encontro daquilo que faziam antigamente. As pessoas estavam habituadas a lidar com os animais”, justifica Leonardo Paredes Batista.
Com abertura prevista para o primeiro trimestre do próximo ano, a estrutura tem um protocolo estabelecido com a Segurança Social, de forma a ser acessível a todos, “independentemente da sua situação económica”. O presidente da associação sublinha que os destinatários são todos os que “tenham estes problemas de saúde”. “Estamos aqui de braços abertos para acolher e ajudar dentro das nossas possibilidades, oferecendo-lhes esta estrutura que é uma novidade.”
O investimento total deverá ultrapassar os três milhões de euros e abrange financiamento do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), da autarquia e da própria instituição através de empréstimos bancários. Num contexto de aumento da necessidade de respostas face ao envelhecimento, a associação tem também previsto um projeto de habitação colaborativa, que contempla a construção de nove apartamentos T0, T1 e T2 com capacidade para 19 residentes.
Lançado em 2022, Longevidade é um projeto do Expresso – com o apoio da Novartis – com a ambição de olhar para as políticas públicas na longevidade, discutindo os nossos comportamentos individuais e sociais com um objetivo: podermos todos viver melhor e por mais tempo. Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.