Longevidade

“Não existe nada de errado em assumir”: nova campanha contra o idadismo procura “normalizar o envelhecimento natural”

“Não existe nada de errado em assumir”: nova campanha contra o idadismo procura “normalizar o envelhecimento natural”
Sara Lanternas

“Original. Sem botox” é o nome da mais recente iniciativa de combate ao idadismo desenvolvida pela associação Cabelos Brancos. O objetivo é “normalizar o envelhecimento natural”, perante a “pressão social relativamente à imagem” que atinge particularmente as mulheres, mas também face à “tendência” entre os mais novos de procurar evitar a passagem do tempo

O passar dos anos traz, inevitavelmente, mudanças físicas. Para assinalar que a beleza pode fazer parte de qualquer fase da vida, a associação Cabelos Brancos lançou uma nova campanha de combate ao idadismo – a discriminação com base na idade.

Sob o mote “Original. Sem botox”, a iniciativa consiste num kit de “empoderamento de beleza natural”, composto por saco, espelho, autocolantes, postal e protetor solar. “Cabelos brancos são um orgulho” e “Amo as minhas rugas” são algumas das frases em destaque.

“Pretendemos normalizar o envelhecimento natural. Não existe nada de errado em assumir. E assumir o envelhecimento natural não quer dizer que sejamos descuidados. Devemos cuidar-nos, mas assumirmos os sinais e as marcas da passagem do tempo não nos retira a beleza”, explica ao Expresso a diretora da associação, Luísa Pinheiro. “A beleza é singular, é irrepetível e existe em todas as fases da vida. Não podemos viver numa sociedade onde a partir dos 30 anos deixamos de ser bonitas.”

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Esta “pressão social relativamente à imagem” afeta “especialmente” as mulheres. “As mulheres sofrem mais. Se pensarmos em questões como rugas ou cabelos brancos nos homens, os próprios ditados, um homem que envelhece fica cada vez melhor, é como o vinho do Porto, é charme”, ilustra a responsável.

E são elas quem protagoniza a sessão fotográfica da campanha, pertencendo a diferentes gerações – com 31, 49, 83 e 87 anos. O trabalho resulta de uma parceria da Cabelos Brancos com o Centro Intergeracional Ferreira Borges, onde as tertúlias dinamizadas pela associação sobre temas como envelhecer enquanto mulher ou as diferenças entre ser mulher antes e depois do 25 de abril contribuíram para a ideia.

Na origem esteve também a “tendência” entre os jovens de recorrer “cada vez mais cedo” a “produtos antienvelhecimento”, como cremes para evitar rugas, e também a procedimentos estéticos, com a ideia de que “só pode haver um único padrão de beleza”, retrata Luísa Pinheiro. “Cada vez mais cedo a cultura do antienvelhecimento predomina, já estamos a falar de crianças. É assustadora a obsessão com a negação e a ocultação da passagem do tempo.”

Daí que a campanha tenciona “normalizar a beleza que já não faz parte do padrão atual” e mostrar que “as pessoas têm o direito de fazer todas as escolhas que querem relativamente à sua imagem e autoestima”. Isto juntando diferentes idades, porque a intergeracionalidade “é uma das soluções mais eficazes para combater o idadismo”.

Lançado em 2022, Longevidade é um projeto do Expresso – com o apoio da Novartis – com a ambição de olhar para as políticas públicas na longevidade, discutindo os nossos comportamentos individuais e sociais com um objetivo: podermos todos viver melhor e por mais tempo. Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: scbaptista@impresa.pt

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