Três dias para refletir sobre o envelhecimento feminino: “A idade não é limitação para nada”
Westend61
Na primeira edição do encontro Women Aging Summit, marcado para março, em Lisboa, temáticas relacionadas com o envelhecimento serão debatidas de forma a incentivar as mulheres a abordar esse processo com mais conhecimento e menos preconceitos, em vez de o tentarem combater
Mãe, filha, trabalhadora, cuidadora. A mulher assume diversas funções no dia a dia e, à medida que o tempo passa, juntam-se preconceitos e tabus, que são obstáculos durante o processo de envelhecimento. A pensar na sensibilização para algo que é natural e inevitável, duas mulheres juntaram-se para criar o encontro Women Aging Summit, a decorrer entre 10 e 12 de março, na Central Tejo, em Lisboa.
As palestras e workshops abrangem temas como saúde física e mental, espiritualidade, menopausa, sexualidade, literacia financeira, trabalho ou idadismo, numa conferência que pretende ser “motivacional e inspiracional”, promovendo a partilha de experiências e encarando o envelhecimento “na forma mais holística”, adjetiva ao Expresso uma das fundadoras, Rebeca Pinheiro da Silva.
Tudo começou quando esta economista encomendou um quadro à artista plástica Maria Seruya, que já tem um projeto na área do envelhecimento feminino – o “Velhas Bonitonas”. Decidiram preparar uma conferência para abordar os variados temas que unem as mulheres, por sentirem necessidade de aprender e com o intuito de “dar dicas e ferramentas”, “desmistificar tabus” e “tirar o peso” que muitas sentem.
Aos 39 anos, grávida do quarto filho e a trabalhar na banca – "um mundo muito corporativo e competitivo” –, Rebeca Pinheiro da Silva dá o seu próprio exemplo. “Sempre vivi com a culpa de trabalhar e de não estar com os filhos, a culpa de sentir que estou a ficar mais velha e que já não tenho tanta energia, que estou a ficar com rugas. A mulher tem todos estes tabus. E o querermos fazer tudo bem e sermos perfeitas.”
Além da maternidade, muitas vezes soma-se o papel de cuidadora de familiares. Em 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, eram cerca de um milhão os prestadores de cuidados informais em Portugal, 65% dos quais mulheres. Também Rebeca fez uma mudança de vida devido à função de mãe e com os pais a envelhecer: “Vivi muitos anos fora e a minha vinda para Portugal foi muito para ter este papel na minha família.”
Entre tantas responsabilidades, há mulheres que acabam por se esquecer de si próprias, o que acabará por ter consequências. “Precisamos de cuidar de nós para cuidar dos outros. Se realmente quisermos estar bem, não basta olharmos só para a beleza exterior. Se não melhorarmos o interior, nunca vamos estar satisfeitas”, defende a cofundadora da conferência.
Como começamos a envelhecer assim que nascemos, o foco não vai estar na chamada velhice, mas nas várias fases ao longo da vida, com o contributo de especialistas para procurar saber “como é que se vive de forma mais plena, tranquila e com paz interior todas estas etapas”.
Entre os 59 oradores estão nomes como a economista e escritora Helena Sacadura Cabral, a investigadora Laura Sagnier (coordenadora do estudo “As mulheres em Portugal, hoje: quem são, o que pensam e como se sentem”), Fernando Ulrich (presidente do conselho de administração do BPI), a nutricionista Ágata Roquette ou a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet.
A segunda edição do Women Aging Summit está já prevista para o próximo ano. O desejo mantém-se: “Que as mulheres se levantem da cadeira, acreditem mais nelas, avancem, que se conheçam melhor e se empoderem. A idade não é limitação para nada.”
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