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Guerra na Ucrânia

“A Wagner é uma galáxia empresarial, incontrolável pelo Estado”: qual o futuro do grupo paramilitar balcanizado entre África e Europa?

PMC Wagner Centre, em São Petersburgo, Rússia
PMC Wagner Centre, em São Petersburgo, Rússia
ANTON VAGANOV/REUTERS

Seiscentas empresas operam sob o apelido Wagner, com comandantes em África e na Europa. A oligarquia do Kremlin esforça-se por desmembrar a rede de Prigozhin e de Utkin, cuja transversalidade dos investimentos envolve a comunicação social, o tráfico de armas, o apoio a forças em conflito ou a capacidade de interferir em países estrangeiros. O que irá acontecer à maior empreitada mercenária deste século?

O caso Wagner desembocou num enredo em aberto. Sem o anunciado exílio, ou a inusitada morte de Yevgeny Prigozhin, após a resignação de Vladimir Putin pela solução pacífica do motim, através de um acordo intermediado pelo Presidente Bielorrusso, Aleksander Lukashenko: o desfecho da maior empreitada mercenária deste século permanece em suspenso.

O Kremlin deu três opções aos amotinados: o exílio na Bielorrússia, a incorporação nas forças armadas russas, ou a aposentadoria do exercício militar. A incorporação forçada dos assalariados nas forças oficiais de Moscovo desencadeou a aparente e aparatosa insubordinação a 26 de junho. Esse processo de assimilação já decorre, mas a dimensão internacional da rede paramilitar complica-o e impulsiona a hipótese de uma balcanização.

A Wagner transformou-se numa empresa paramilitar que subcontrata outros agentes de violência. Um universo complexo e de longos tentáculos. Nenhum grupo mercenário fundado neste século atingiu a dimensão global do liderado por Yevgeny Prigozhin. “Serão mais do que 600 empresas”, indica Dimitri Zufferey, analista da “All Eyes on Wagner”. Exemplifica: “A imprensa ocidental noticiou atividades na Venezuela, mas a Wagner nunca operou lá, apenas subcontratou outras empresas”. Segundo o analista, os soldados do exército privado na Europa não demonstram particular vontade em se alistarem nas forças oficiais do Kremlin.

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