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Contribuir para a transição climática mobiliza economia florestal

Contribuir para a transição climática mobiliza economia florestal
Getty Images

Os novos desafios da indústria ligada à produção florestal e que se pretende assente em produtos e soluções renováveis ou biodegradáveis, com uma forte componente de inovação e de cumprimento de metas ambientais, estará em foco na conferência "Bioeconomia de Base Florestal", que se realiza na próxima terça-feira, 21 de março

A floresta está presente há séculos na economia portuguesa, seja na indústria do mobiliário e da pasta de papel, seja na produção de cortiça em que Portugal é líder mundial. A sua relevância financeira e ambiental é substancial e ao mesmo tempo que o mundo enfrenta tempos de incerteza climática, é importante que o sector se saiba adaptar à nova realidade sem deixar de gerar valor acrescentado.

“Portugal tem uma localização estratégica com potencial de exportação e dispõe de poder de inovação para expandir rapidamente as atividades industriais de base biológica” acredita Adelaide Alves, diretora de R&D da Sonae Arauco. Neste campo, “a fileira do pinho”, por exemplo, é um dos melhores casos "de bioeconomia sustentável e circular", pois “inicia-se com a utilização de matérias-primas de origem sustentável e, numa abordagem circular, fecha o ciclo com a reutilização de subprodutos de madeira e com a reciclagem de resíduos de madeira”, explica.

A utilização de matérias-primas renováveis para substituir as de origem fóssil, com contributo da inovação para acelerar a transição climática é o novo foco do sector que estará em análise no evento “Bioeconomia de Base Florestal”, que junta a Navigator e o Expresso para perceber quais os desafios e os passos que as empresas portuguesas estão a dar.

“No nosso caso não há indústria da cortiça sem uma valorização de toda a cadeia de valor, começando desde logo pela floresta”, garante o administrador executivo e diretor de Inovação e Project Management da Amorim Cork Composites, Eduardo Soares, para quem “fundamentalmente temos de ser capazes de fazer com materiais naturais a mesma tipologia de funções que os materiais fósseis executam de maneira a sermos uma alternativa credível e competitiva tecnologicamente”.

“Temo que Portugal esteja, enquanto país, a negligenciar de forma grosseira o trabalho que há para fazer nas nossas florestas plantadas. Temos caído na tentação simplista (e algo populista) de olhar a floresta apenas na sua dimensão de fixadora de carbono, esquecendo que a sua importância vai muito para além desse papel”, acredita Francisco Gomes da Silva

Na opinião de Francisco Gomes da Silva, professor do Instituto Superior de Agronomia, importa centrar atenções “no conhecimento e na capacidade tecnológica, que temos no nosso país, para recuperarmos o potencial das áreas mais abandonadas da nossa floresta”, até porque se “é verdade que existem dificuldades, tais como a fragmentação e a pequena dimensão da propriedade florestal no centro e norte do país, existem muitos casos bem-sucedidos”.

Temos que “garantir que a bioeconomia e os seus produtos venham de uma base de gestão florestal sustentável e que o ecossistema seja preservado no momento de corte”, para “garantir que os produtos tenham entrada de novo na economia. Caso contrário vão parar ao sistema de resíduos e não queremos isso”, sustenta a pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa, Júlia Seixas. Que revela confiança nas maiores empresas do sector mas por outro lado revela “preocupação” com os pequenos produtores porque “muitas vezes não têm nem literacia suficiente, nem estrutura financeira para levarem para diante diferentes modelos de gestão”. Aqui poderá ser importante o papel das políticas públicas, que “estão a evoluir no bom sentido”.

100 mil milhões

de toneladas de materiais são extraídas em todo o mundo, um valor que é quase quatro vezes superior ao que se verificava há 50 anos. Mais de 90% desses materiais acabam por ser descartados, ou seja, menos de 10% regressam ao processo produtivo

Temas para explorar na conferência que pode conhecer mais em detalhe já a seguir.

Bioeconomia de Base Florestal

O que é?

O evento “Bioeconomia de Base Florestal” faz parte do projeto “Vamos Falar de Sustentabilidade” e é uma iniciativa que junta Navigator e Expresso com o objetivo de debater o papel fundamental das florestas plantadas na transição de uma economia linear e fóssil para uma bioeconomia circular sustentável, baseada em produtos e soluções florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis, favorável para a natureza e neutra para o clima.

Quando, onde e a que horas?

21 de março, terça-feira, no edifício do Grupo Impresa, a partir das 10h.

Quem vai estar presente?

  • Jori Ringman, diretor–geral da CEPI
  • Emídio Gomes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Francisco Gomes da Silva, professor do Instituto Superior de Agronomia
  • Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa
  • Luís Mira, secretário-geral da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal
  • Adelaide Alves, diretora de R&D da Sonae Arauco
  • Carlos Pascoal Neto, diretor do RAIZ
  • Eduardo Soares, administrador executivo e diretor de Inovação e Project Management da Amorim Cork Composites
  • Gabriel Sousa, diretor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da Altri
  • José Oliveira, diretor de Vendas, Marketing e Inovação da DS Smith Packaging
  • António Redondo, CEO da The Navigator Company
  • João Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas

Porque é que este encontro é central?

Porque segundo ao somar-se a pressão do crescimento populacional, as alterações climáticas e a degradação de solos e ecossistemas, torna-se evidente que o futuro da humanidade depende da mudança. Importa por isso discutir as virtudes e os desafios da bioeconomia circular, que junta os princípios da “bioeconomia” com os da “economia circular”, num modelo económico em que florestas, plantas, animais e microrganismos estarão na origem dos bioprodutos, e os recursos serão geridos a longo prazo, em modo contínuo e circular.

Como posso assistir?

Clique AQUI.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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