A atualização salarial para os trabalhadores da CGD para 2024 será processada ainda este mês e contemplará uma atualização salarial média de 3,25%.
Numa nota enviada aos trabalhadores, a que o Expresso teve acesso, pode ler-se que o banco público “aprovou, para todos os colaboradores no ativo, e pré-reformados, uma atualização salarial média de 3,25%, que será aplicada no processamento salarial do corrente mês, com efeitos a 1 de janeiro, como antecipação da revisão que for acordada nos processos negociais que estão em curso”.
Na missiva aos trabalhadores, a Caixa dá nota de que “a atualização média de 3,25% corresponde, em cada nível remuneratório da tabela salarial, a um aumento mínimo de 3%, com aplicação do mínimo de 52,63 euros”.
E o banco diz que será processada a mesma atualização (3,25%) “às cláusulas de expressão pecuniária, com exceção das seguintes rubricas: diuturnidades, abono para falhas, ajudas de custo, valor crédito, habitação e indemnização por morte em acidente de trabalho”, embora não explique o porquê.
O subsídio de refeição no banco estatal “aumenta de 12,50 euros para 12,91 euros (3,25%)” enquanto o “subsídio de apoio ao nascimento tem um aumento de 11,11%, passando de 900 euros para 1000 euros”, de acordo com a nota da CGD.
Esta é apenas uma parte dos aumentos, diz o banco aos trabalhadores, já que, “em conjunto com as promoções, o aumento da massa salarial fixa atingirá 5%”.
A CGD recorda aos trabalhadores o que aconteceu em 2023, referindo que “com a inclusão da componente variável de prémios e incentivos comerciais, que, no ano passado, foi recebida por 93% dos colaboradores, o aumento aplicado significa um incremento de 7,2%”.
A CGD faz ainda saber que com esta atualização “80% dos colaboradores passa desde já a auferir uma remuneração superior a 2000 euros”, e que “as bolsas de estágio dos jovens recrutados de valor mais baixo aumentaram 7,8%. “Com o novo subsídio de refeição o mínimo que um estagiário recebe é 1511 euros”, sublinha a Caixa.
Caixa não entende greve marcada
Na missiva dirigida aos trabalhadores, a CGD afirma que a sua proposta de aumento de 3,25% “foi a segunda proposta oportunamente apresentada ao STEC, Mais Sindicato, SBN e SBC, tendo sido recusada por estes sindicatos, numa altura em que as propostas salariais conhecidas no setor são de 2%”.
O banco público sublinha que “após a realização de apenas três reuniões negociais, nas quais a CGD melhorou a sua proposta de 3% para 3,25%, o STEC (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD), sem aviso, entendeu desvalorizar as negociações através de um pré-aviso de greve (formulado posteriormente pelo Mais, SBC e SBN)”. “Não se compreende, assim, o intuito subjacente à convocatória de uma greve na Caixa”, aponta ainda a instituição financeira, lembrando que o período das negociações ainda decorre.
A proposta da CGD é, até agora, melhor do que a dos outros bancos (Santander, BPI e Novo Banco, entre outros), que estão, como já noticiou o Expresso, no patamar dos 2%. No caso do BCP o patamar dos aumentos está em 2,125% e o Crédito Agrícola avançou com 2,5% antes de fechar negociações com os sindicatos.
O STEC, o sindicato mais representativo dos trabalhadores da CGD, pediu uma atualização de 7%, o Mais Sindicato, o SBN e o SBC defendem uma atualização de 6% e o SNQTB uma atualização de 5,8% para 2024.
A CGD frisa no final do anúncio feito aos trabalhadores que “em função do atual contexto económico” entende ser do interesse do banco proceder a esta atualização “sem colocar em causa a continuidade da negociação coletiva com os sindicatos e o acompanhamento das restantes negociações no setor”.
A CGD tinha, até setembro de 2023, 6378 trabalhadores, menos 258 do que em setembro de 2022, e 515 balcões, os mesmos que tinha em igual período do ano passado.
Em 2023, o STEC e a CGD acordaram um aumento de 76 euros na tabela salarial em todos os níveis remuneratórios.
STEC acusa CGD de “desnorte” devido à greve marcada para dia 1
O sindicato mais representativo dos trabalhadores da Caixa, o STEC, reagiu em comunicado à decisão do banco. “A administração decidiu abrir um grave precedente, nunca verificado na empresa, avançando unilateralmente por decisão da gestão com um adiantamento salarial irrisório de 3,25% (valor médio), realizado à margem das negociações em curso, e que, chocantemente, ainda ignora os reformados da CGD”, aponta o STEC.
“Se dúvidas houvesse quanto ao desnorte da administração da CGD com a greve convocada pelo STEC para o próximo dia 1 de março, foram agora dissipadas”, acrescenta o sindicato, apelando aos trabalhadores que adiram à greve.
O sindicato liderado por Pedro Messias afirma ainda que a decisão da CGD “viola o direito à contratação coletiva” decorrente da Constituição da República Portuguesa e do Código do Trabalho, “subvertendo e desvirtuando o processo negocial”. Diz que esta atitude revela “má-fé, dado que o mesmo foi decidido e aplicado, de forma dissimulada, sem o conhecimento prévio dos representantes dos trabalhadores”.
O mesmo que a CGD alega quanto à marcação da greve.
O STEC refere, contudo, que “não se opõe ao respetivo pagamento, pois apesar de ser bastante inferior ao que reivindica, acaba, naturalmente, por beneficiar os trabalhadores mesmo que de forma ínfima e transitória”.
O sindicato diz ainda que demonstrou estar de boa-fé, quando para alcançar um consenso baixou a sua proposta de 7% para “5,9%, com um aumento mínimo de 110 euros”. O que diz ser “uma proposta perfeitamente comportável com a sustentabilidade financeira de uma empresa que se prepara para apresentar os maiores lucros da sua história”.
Notícia atualizada às 11h38, acrescentando informação sobre posição do STEC face à decisão de atualização unilateral da CGD
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