Em 19 de março de 1948, Luiz Villas-Boas assinou o cartão de sócio nº 1 do Hot Clube de Portugal, que só iria começar a funcionar dois anos mais tarde, após aprovação dos estatutos. Não ia ser fácil, mesmo para Villas-Boas, homem persistente, bem relacionado e com carisma. Portugal vivia então num regime autoritário onde se proibiam livros e revistas e se olhava com desconfiança para manifestações que pudessem contaminar a cultura tradicional.
Os sons do jazz andavam já por toda a parte, sobretudo nos casinos, onde conjuntos, com formato de jazz bands, tocavam foxtrots, dixieland, swing e quick-step. Contudo, o que o Luiz Villas-Boas e os seus amigos pretendiam era criar um espaço para praticar e divulgar o jazz e atribuir-lhe um estatuto cultural. Isso ia contra o que pensavam os peritos musicais consultados pelo Governo Civil, para os quais o jazz não passava de uma “música de pretos” ou de uma música folclórica como outra qualquer. A tarefa de Villas-Boas passou a ser mostrar que não era assim. Para isso, criou um programa no Rádio Clube Português, organizou jam sessions e promoveu conferências. Atraiu para sua órbita jovens que, como ele, tinham descoberto o jazz na adolescência: os irmãos Sangareau, Gérard Castello-Lopes, os irmãos Mayer e Pedro Martins de Lima. Iriam ser eles os pioneiros do jazz em Portugal.
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