Óscares

Óscares: os momentos que marcaram a grande noite de Hollywood

Emma Stone recebeu o Óscar de Melhor Atriz Principal pelo papel em "Pobres Criaturas"
Emma Stone recebeu o Óscar de Melhor Atriz Principal pelo papel em "Pobres Criaturas"
Kevin Winter/Getty

Os discursos emocionados de Emma Stone, vencedora do Óscar de Melhor Atriz Principal pelo papel em “Pobres Criaturas”, e as mensagens políticas de Jonathan Glazer (realizador de “A Zona de Interesse”) e Mstyslav Chernov (autor do documentário “20 Dias em Mariupol”, que ofereceu o primeiro Óscar à Ucrânia) foram alguns dos momentos altos dos Óscares 2024. “Oppenheimer” sagrou-se vencedor de uma noite em que Ryan Gosling, na pele de Ken, e Billie Eilish deram música à plateia. Veja os vídeos

Óscares: os momentos que marcaram a grande noite de Hollywood

Lia Pereira

Jornalista

A cerimónia da 96.ª edição dos Óscares arrancou com dez minutos a cargo de Jimmy Kimmel, apresentador da cerimónia. Entre elogios disfarçados de crítica, e vice-versa, o humorista deu uma no cravo e outra na ferradura, interpelando vários dos atores e realizadores presentes na plateia, mas falando também, com maior seriedade, da greve dos guionistas que afetou a produção de Hollywood no ano passado, e da importância de todos os que trabalham nos bastidores dos filmes.

“Barbie”, o maior filme do ano, como Jimmy Kimmel se referiu ao grande sucesso de bilheteira, foi o primeiro filme mencionado. “Conseguiram pegar numa boneca de que já ninguém gostava - a minha mulher mais depressa comprava um maço de cigarros para as minhas filhas do que uma Barbie - [e torná-lo num sucesso]”, afirmou o apresentador, lembrando a exclusão de Greta Gerwig, realizadora de “Barbie”, e Margot Robbie, sua protagonista, dos nomeados.

Aos esbeltos Margot Robbie e Ryan Gosling, as estrelas de “Barbie”, Jimmy Kimmel deixou ainda um recado: “Mesmo que não ganhem nada esta noite, já ganharam a lotaria genética.”

Em seguida, houve referências a Christopher Nolan, realizador de “Oppenheimer”, que “não tem smartphone e escreve os guiões num computador sem net”, e a “Messi”, o cão de “Anatomia de uma Queda”, presente na plateia: “Não via um ator francês comer vomitado assim desde o Gérard Depardieu.”

Messi, o cão do filme "Anatomia de uma Queda"

A longa duração dos filmes mais populares do último ano (segundo Jimmy Kimmel, os dez filmes mais vistos duraram, em média, 2 horas e 23 minutos) também não passou despercebida ("Durante o ‘Assassinos da Lua das Flores’, tiveram de me mandar o correio"), assim como a presença de Jodie Foster e Robert De Niro, ambos nomeados. “Em 1977 ela tinha idade para ser sua filha, agora só podia ser sua namorada se tivesse menos 20 anos.”

“Olhem para estes lindos atores humanos!”, disse ainda Jimmy Kimmel, numa provável alusão à Inteligência Artificial. “Esta noite está cheia de talento e potencial, mas o filme ‘Madame Webb’ também estava”, troçou ainda.

Considerada favorita à vitória na categoria de Melhor Atriz Secundária, Da'Vine Joy Randolph venceu, de facto, esse Óscar, pelo seu papel no filme “Os Excluídos”, proferindo um emocionado discurso de agradecimento sobre o seu caminho de superação. “Sempre quis ser diferente, mas agora percebo que só tenho de ser eu própria.”

Seguiu-se outra vitória no feminino, para o filme “Anatomia de uma Queda”, da realizadora francesa Justine Triet, também autora do guião, premiado com o Óscar de Melhor Argumento Original. Triet subiu ao palco com Arthur Harari, o outro autor do argumento.

Cord Jefferson, autor do argumento de “American Fiction”, mostrou-se surpreendido com a vitória de Óscar de Melhor Argumento Adaptado, agradecendo a oportunidade dada “a um homem negro que nunca tinha escrito nada”, e Sean Lennon recebeu o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação para "“War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko”, dedicando-o à sua mãe, Yoko Ono, que em fevereiro celebrou 91 anos.

No primeiro momento musical da noite, Billie Eilish, com o irmão Finneas ao piano, cantou ‘What Was I Made For’, da banda-sonora de “Barbie”,

Nas categorias de Melhor Cabelo e Caracterização, Melhor Design de Produção e Melhor Guarda-Roupa, “Pobres Criaturas” levou os respetivos Óscares, com os premiados a elogiarem a criatividade do realizador grego Yorgos Lanthimos e o ambiente no set, proporcionado pelos atores. As dificuldades durante as filmagens, que aconteceram durante a pandemia, foram também lembradas.

“A Zona de Interesse”, arrepiante filme de Jonathan Glazer sobre a vida doméstica do capitão do campo de extermínio de Auschwitz, arrebatou o filme de Melhor Filme Estrangeiro. “Não quisemos dizer: olhem o que eles fizeram então, mas sim: olhem o que nós fazemos agora”, afirmou o realizador britânico, falando das consequências da desumanização, evidentes quer no ataque do Hamas a Israel, a 7 de outubro, quer no ataque de Israel a Palestina. Na plateia, a atriz Sandra Huller, protagonista de “A Zona de Interesse”, chorou copiosamente.

Robert Downey Jr. dedicou o seu Óscar de Melhor Ator Secundário, pelo papel em “Oppenheimer”, à sua “infância horrível” e à Academia, por essa ordem, agradecendo, ainda, à sua mulher, que diz ser responsável pela sua salvação.

“O primeiro Óscar para a Ucrânia. Mas quem me dera nunca ter feito este filme, trocava este Óscar por a Rússia nunca ter atacado a Ucrânia”, disse, emocionado, o autor do filme “20 Dias em Mariupol”, premiado com o Óscar de Melhor Documentário (Longa Metragem), Mstyslav Chernov.

Verdadeira personagem de “A Zona de Interesse”, o som deste filme sobre o Holocausto recebeu o Óscar de Melhor Som. “Obrigada à Academia por ter ouvido o nosso filme”, agradeceram os premiados, antes de Ryan Gosling subir a palco de cor-de-rosa integral para cantar ‘I’m Just Ken', do filme “Barbie”, com a participação de Slash, guitarrista dos Guns N' Roses.

Ryan Gosling cantou 'Im Just Ken'
PATRICK T. FALLON

O prémio de Melhor Banda-Sonora rende a “Oppenheimer” o seu quarto Óscar. Logo de seguida, a plateia vibra com a vitória de Billie Eilish na categoria de Óscar de Melhor Canção Original, por ‘What Was I Made For’, do filme “Barbie”. É o segundo Óscar para Billie Eilish, de 22 anos. A cantora, acompanhada pelo irmão e colaborador Finneas, mostrou-se emocionada e nervosa com a distinção.

Cillian Murphy agradece o quinto Óscar da carreira, desta feita pela interpretação em “Oppenheimer”, filme sobre o ‘pai’ da bomba atómica. “Fizemos um filme sobre o homem que criou a bomba atómica, e para o bem e para o mal, vivemos no mundo dele. Por isso, queria dedicar este Óscar àqueles que fazem a paz”, disse o ator irlandês.

Logo de seguida, mais um prémio para “Oppenheimer”: depois do Óscar de Melhor Ator Principal, Christopher Nolan recebe o Óscar de Melhor Realizador, agradecendo à sua mulher, Emma Thomas, “produtora do filme e dos nossos quatro filhos.”

Emma Stone, protagonista de “Pobres Criaturas”, conquista com aparente surpresa o Óscar de Melhor Atriz Principal. Em lágrimas, presta homenagem às outras nomeadas e lembra o conselho que o realizador, Yorgos Lanthimos, lhe deu: “Não é sobre ti”, agradecendo assim à equipa de “Pobres Criaturas”. “Obrigada pela dádiva de uma vida, a Bella Baxter”, disse ainda, referindo-se à sua personagem no filme e dedicando o prémio à sua filha, que fará três anos dentro de três dias. “Amo-te mais do que ao céu.”

Sem qualquer suspense, Al Pacino simplesmente anunciou o vencedor do Óscar mais aguardado da noite: “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, leva para casa o Óscar de Melhor Filme. Foi bonita a festa, que este ano começou uma hora mais cedo do que é habitual. “Mas não se preocupem, vamos acabar tarde na mesma”, prometeu no início da noite Jimmy Kimmel. E cumpriu.

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