Na hora do seu desaparecimento, Julião Sarmento deixa uma obra imensa e diversificada pontuada por sucessivas inflexões que buscaram quase sempre o compasso com o tempo histórico. Olhando em retrospetiva, parece ter experimentado tudo: do filme à pintura, do som à escultura, passando pela fotografia, o desenho, o objeto, a instalação ou a performance
Com o falecimento de Julião Sarmento na manhã desta terça-feira desaparece, o mais notório e persistente emblema de uma geração individualista e cosmopolita que, nos anos 80, foi capaz de trilhar os caminhos da internacionalização quando fazê-lo parecia uma quimera. Essa consciência, sua e de alguns outros companheiros de geração, supunha uma nova atitude na arte portuguesa, mais profissionalizada, mais consciente do ponto de partida periférico mas também menos complexada na sua atração pelos grandes centros. Mas se essas características ajudam a perceber Julião Sarmento e a sua afirmação como ícone maior da arte portuguesa contemporânea pouco explicam das razões da sua persistência como referência artística central do contexto português dos últimos 50 anos.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt