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Fomos a Londres com Bruce Springsteen ver “Western Stars”

Fomos a Londres com Bruce Springsteen ver “Western Stars”
Rob DeMartin

Nos últimos cinco anos, Bruce Springsteen escreveu um livro e uma peça de teatro e produziu um belo álbum. “Western Stars” é agora um filme, que vimos em Londres, com o seu autor

Fomos a Londres com Bruce Springsteen ver “Western Stars”

Lia Pereira

em Londres

A noite é de chuva e com manifestações pelo clima junto ao Tamisa. No cinema onde decorre o BFI London Film Festival, todos — imprensa convidada e fãs que compraram bilhete — aguardam a chegada de um só homem: Bruce Springsteen, que entra na sala com capacidade para 450 pessoas com tanta elegância como discrição. Vestindo fato negro e camisa branca, um dos derradeiros ícones do rock é recebido com uma estrondosa ovação de pé, reagindo com típica humildade: “Pedia-vos que não aplaudissem cada atuação”, diz, referindo-se às 13 canções que perfazem “Western Stars”, o filme. “Se gostarem, aplaudam no final.” E com a mesma simplicidade com que apareceu, aquele a quem chamam “Boss” senta-se na plateia, duas filas à nossa frente, para assistir ao primeiro filme que realizou (em parceria com o colaborador de longa data Thom Zimny, também presente).

Filmado ao longo de dois dias no passado mês de maio, “Western Stars” (que terá estreia mundial sexta-feira, mas sem data marcada para Portugal) podia ser mais um filme-concerto, daqueles em que o alinhamento de um álbum — no caso, o do disco com o mesmo título, lançado em junho — é recriado tema a tema, sem arroubos de maior. Espelhando a cintilante criatividade recente de Bruce Springsteen, contudo, o filme — que vimos por duas vezes, na projeção de sexta-feira, dia 11, e na manhã seguinte, numa sessão apenas para jornalistas — é precisamente o contrário: intercalado por vinhetas tocantes, o espetáculo em que o veterano se apresenta com uma orquestra, uma pequena banda e Patti Scialfa, a sua mulher, na voz e na guitarra é uma viagem tão pessoal como transmissível ao cerne do que significa ser humano. Parece pomposo e impossível de concretizar em pouco mais de uma hora, mas a magia que o ‘maestro’ opera com as palavras, nos textos que lê entre canções, deixou as duas salas com um nó na garganta; independentemente do trajeto de cada um, é complicado não encontrar pontos de contacto com a análise, sucinta mas riquíssima, que Bruce Springsteen faz da sua caminhada. “Quando era mais novo, se amasse uma pessoa, muito provavelmente a magoaria”, confessa num desses interlúdios para os quais se deixou filmar no deserto de Joshua Tree. “Era um pecado. Consegui melhorar com a ajuda da minha família”, explica, para mais à frente sentenciar que “toda a gente está estragada de alguma forma” e que muitas vezes o amor nasce quando essas peças escangalhadas se juntam numa só. Sem moralismo e com aquela voz de gravilha que até em Marte seria reconhecida, Bruce Springsteen vai debitando estas reflexões como forma de dar a conhecer “a vida interior” das canções novas.

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