1990: Machado, a adega no Bairro Alto onde Amália Rodrigues deixou memória e família
Amália a (en)cantar
Em 1990, Amália Rodrigues deu um concerto histórico no Coliseu dos Recreios, inserido nas celebrações dos 50 anos de carreira. Mário Soares fez questão de a condecorar como corolário de uma vida artística que deixou marca em todos os palcos mundiais por onde (en)cantou. Em Lisboa, vários locais guardam os ecos e memórias da passagem da diva do fado. A Adega Machado, no Bairro Alto, abriu em 1937 pelas mãos de Maria de Lurdes e Armando Machado. Amália era visita assídua e aí atuou várias vezes. Era amiga dos proprietários e madrinha de dois dos filhos do casal. Todas as semanas, para comemorar os 50 anos do Expresso, fazemos uma viagem no tempo, com apoio do Recheio, para relembrar 50 restaurantes que marcaram as últimas décadas em Portugal.
Ouvem-se as notas finais do Hino Nacional no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Descem as luzes e ilumina-se somente a escadaria onde se eleva Amália Rodrigues. Sorri e abre os braços, triunfante. Desce devagar com o longo vestido negro, brincos resplandecentes e batom retocado. “Muito obrigada! Eu já tenho tido muitas noites bonitas e podia já ter tido uma confirmação e uma segurança maior em mim, mas não tenho nenhuma. Ainda bem que vocês são sempre muito simpáticos. Bem hajam e cá estou mais uma vez. Muito obrigada, muito obrigada por terem vindo!”, agradece a cantora à plateia em euforia.
Intensos aplausos introduzem a canção “Que Deus Me Perdoe”, versada a rigor: “Se a minh'alma fechada / Se pudesse mostrar / E o que eu sofro calada / Se pudesse contar / Toda a gente veria / Quanto sou desgraçada / Quanto finjo alegria / Quanto choro a cantar”. Estávamos a 8 de janeiro de 1990, na grande festa dos 50 anos de carreira artística da diva do fado. Ainda em palco, Amália recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada, entregue pelo presidente da República, Mário Soares, que a elogia: “Queria dizer sobretudo à Amália como nós todos a admiramos e como eu aqui, de alguma maneira em nome de Portugal, lhe quero dizer quanto Portugal lhe deve”.
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Atuação da Diva do Fado na Adega Machado
Atuação da Diva do Fado na Adega Machado
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“Foi a última vez que vi a Amália cantar em condições, de uma forma que só ela cantava”, comenta o fadista João Braga, que estava na audiência e tinha combinado cear com a artista no Gambrinus. Ainda foi ao camarim dar-lhe um beijinho e seguiu para o restaurante, onde aguardaram Amália e o marido, César Seabra, além de Rui Valentim de Carvalho, David Mourão-Ferreira e Maluda. Entre lagostins, crepes Suzette, chás e irish coffees, a noite seguiu inspirada. O concerto correra “muito bem” e Amália “estava bem disposta, radiante”.
João Braga começou ainda novo a frequentar a casa de Amália e a ouvir as histórias de viagens e concertos. Após escutar o tema “Povo que Lavas no Rio”, despertou para o fado e foi de mão dada com a lenda que estreou, no Teatro São Luiz, a canção “Amália”, com letra de Manuel Alegre (escrita a caminho do bloco operatório) e guitarra de José Fontes Rocha. Por sua vez, a amiga costumava chegar às sardinhadas na casa de João pelas 16h. Passavam, então, para a mesa e servia-se um fartote de “fantásticas” sardinhas de Peniche em fatias de pão saloio, mais a salada. Esses almoços podiam findar “às 5h00 ou 6h00 da manhã”.
Amália na Adega Machado
Nasceu uma adega de fadistas
O crescimento de Amália como artista acompanha a evolução das casas de fado em Lisboa. O Café Luso, onde atuou muitas vezes – um concerto de 1955 seria editado na década de 70 -, foi a primeira a abrir no Bairro Alto. Seguiu-se outra casa emblemática, fundada em 1937, e a que Amália se ligou para sempre. Armando Machado, que tocava viola e compôs dezenas de fados, e a mulher, Maria de Lurdes Machado, fadista, compraram a tasquinha Barrete Verde e aí abriram a Adega Machado. O Bairro Alto era “uma aldeia onde todos se conheciam, se ajudavam e onde havia muita prostituição”, refere Filipe Machado, um dos filhos, apoiando-se nos relatos de Maria de Lurdes. Além Filipe, o casal teve mais quatro filhos: Armando José Machado, António Tomaz Machado (o Tricas), Carlos Manuel Machado e Maria Rita Machado.
A fadista com os afilhados Maria Rita e António Machado
A Adega Machado (Rua do Norte, 91, Lisboa, Tel. 213422282) começa a vender copos de vinho, carapauzinhos, iscas, miúdos de frango e pastéis de bacalhau. Amplia-se para uma segunda sala, mas uma obra posterior de Diamantino Tojal transformou-a numa “grande adega”, apenas com um espaço generoso. A icónica fachada de azulejos amarelos, pintados por Thomaz de Mello (Tom), é uma ode à portugalidade e nos interiores viam-se arcos, tijolo, candeeiros antigos e azulejos. As paredes enchiam-se de pinturas e fotografias de clientes e artistas, aproveitando o laboratório de fotografia “acoplado” à adega, a primeira casa de fados com espetáculos diários, de início ao almoço e jantar (à tarde não fechava). Armando e Maria de Lurdes asseguram os shows até virem outros fadistas, como Fernando Maurício ou Maria da Fé, que depois abriu a sua casa. As três gerações de Marceneiros cantaram ali: ti Alfredo Marceneiro, Alfredo Duarte e Vítor Duarte, este amadoramente. “O Alfredo Marceneiro sentava-se numa mesinha ao pé do controle, onde tiravam as contas, e às vezes pedia um bocadinho de arroz de tomate e um tomatinho de salada. O Chico perguntava se não queria mais nada e ele dizia que não. Depois, metia a mão no bolso do casaco, tirava um embrulho com uns carapauzinhos fritos e punha-os no prato. Era uma figura muito engraçada”, comenta Filipe.
Icónica fachada da Adega Machado, da autoria de Thomaz de Mello
As noites eram longas e os dias de Maria de Lurdes começavam cedo. Ia com a cozinheira Maria José – abriria a Severa – à província buscar produtos para o almoço. Bifes à portuguesa, Lulas recheadas, Frango na púcara com batatinhas e cebolinhas, o Bacalhau à Machado, Caril de frango ou de gambas, a Mousse de chocolate, o Pudim à Machado e a boa garrafeira fidelizavam clientes. Sensivelmente a meio dos espetáculos faziam-se marchas com arquinhos e balões, como nos Santos Populares. “As artistas e empregadas de mesa iam buscar clientes às mesas, davam uma voltinha na sala e tiravam fotos, que se vendiam”, recorda Maria Rita Machado. “A minha sogra estava à frente do tempo. Tudo o que resolvia fazer na casa dela, as outras copiavam. A mesa levava toalha branca e toalhete branco por cima. No fim do jantar, o empregado tirava tudo e punha uns lenços de Viana. E as outras casas começaram a fazer isso...”, exemplifica Rosa Maria Machado, mulher de Filipe. Maria de Lurdes trazia objetos das viagens e a comida servia em peças de barro feitas na Olaria do Desterro, de onde saíam ainda os mini fogareiros com assadores de castanhas postos nas mesas. A anfitriã “adorava” ensaiar o Carnaval, mandava fazer “Santo Antónios” personalizados para os clientes e escondia “machadinhos” em ouro nos bolos-reis.
Cavaco Silva num espetáculo de Amália Rodrigues na Adega Machado
Amália, os beijinhos e os autógrafos
Ramalho e Manuela Eanes, Carlos Coelho, Raul Solnado, Beatriz Costa, Maria José Valério, Ivon Curi, Ramos Horta e Juscelino Kubitschek frequentaram a Adega Machado. Cavaco Silva também, e há fotos em que aparece em espetáculos de Amália Rodrigues. A figura maior do fado português tinha uma relação muito próxima com esta adega do Bairro Alto. “Devia ter 18 ou 19 anos quando pediu à minha mãe para ficar lá em casa, porque se tinha zangado com a família por causa de um namorado. Foi durante pouco tempo, até fazerem as pazes”, revela Filipe Machado. Era amiga de Maria de Lurdes e da família Machado, vinha “muito” à adega com amigos e “trazia toda aquela gente que andava à volta dela”. A dada altura, Amália torna-se madrinha de Maria Rita Machado e de António Tomás Machado. O padrinho era Thomaz de Mello. “Tenho muito orgulho porque a minha madrinha era uma pessoa espetacular. Uma mulher excecional, muito educada, muito simples... Falava inglês, francês, italiano, era super culta. Falou-se muita mentira dela”, emociona-se Maria Rita. “Uma vez ela veio cá almoçar e disse assim: ó Maria de Lurdes, eu queria muito ir ali ao David & David, na Rua Garret, ver uns tecidos. Em geral, os vestidos dela eram feitos por uma modista e ela escolhia-os, mas naquele dia apeteceu-lhe ir à Baixa. E lá fomos, ela com os seus óculos escuros e a minha mãe também. Bem... parámos 50 vezes! Ai a Amália Rodrigues, a Amália Rodrigues, deixe-me dar-lhe um beijinho! E ela dava. A minha mãe dizia assim: ó comadre ponha assim a cabeça para baixo... E a Amália respondia - Não, eu gosto de ser reconhecida, deixe estar”, recorda a afilhada. Quando vinha jantar à Adega Machado também acontecia. Uma senhora interpelou-a: “Ó dona Amália, veja lá que eu trago na carteira uma fotografia sua”. É como se fosse “a Nossa Senhora de Fátima”, ilustra Maria Rita. O jantar podia esperar, Amália arranjou tempo para o autógrafo: “Não, primeiro estão as pessoas, foram elas que me fizeram ser quem sou hoje”, lembra-se a afilhada. Filipe Machado diz que a fadista tinha um “grande coração”. No fim das atuações, sentava-se a uma mesa “e recebia e falava com toda a gente e assinava o que as pessoas pediam”.
A diva com os guitarristas da Adega Machado
Em palco, em casa e rumo ao ferry-boat
Amália tanto podia aparecer em almoços da família, como vir almoçar com amigos e sair de madrugada. Mal os vizinhos a viam entrar, abeiravam-se das janelas e da porta para ver se ela ia cantar o fado. Se isso acontecesse, Maria de Lurdes mandava abrir as janelas para o povo ouvir. Realizou, também, vários espetáculos na Adega Machado como artista paga, durante os quais não havia serviço. Fazia-se um menu do evento, que ela podia assinar, e chegaram a cair reservas de Angola, África do Sul, Estados Unidos e do chefe da Casa Real do rei Humberto II. Um dos concertos foi adiado uma semana para Cavaco Silva poder assistir. Quando Amália saía do camarim e atravessava a sala, as pessoas “ficavam arrepiadas”. “Roçava o vestido e a pessoa ficava... A Amália passou por mim... Aqui estavam muito perto dela, quase lhe podiam tocar e ela tinha uma aura... Houve, há, e haverá fadistas ótimas, mas ela entrava e era outra coisa”, descreve Filipe. Maria Rita concorda, e acrescenta que, apesar da melancolia, a madrinha gostava muito de alegria. “Era uma contadora de anedotas fabulosa”, nota o irmão. Apesar de ter de “estar sempre a puxar pelo sentido de humor para a pôr bem disposta”, João Braga diz que, quando a diva se animava, “ninguém a aguentava”, o que era sinal de vitalidade.
Rosa Maria, Filipe e Maria Rita Machado em fotografia atual
Por vezes, a fadista ligava a Maria de Lurdes convidando os afilhados para um serão em casa. “Levávamos uns cestinhos com pastéis de bacalhau, carapauzinhos que ela adorava, broa e chouriço assado. Encontrei-me lá com a Maluda e muitos amalianos. Por mais do que uma vez, o serão terminou no quarto dela. Ficávamos até... olhe, até ela adormecer. Uma vez lembro-me que eram umas 6h00 ou 7h00 quando saí de lá. Ela tinha de estar sempre acompanhada, tinha essa necessidade”, conta Maria Rita. Uma vez, foi com os padrinhos a Monção e Amália comprou-lhe uma boneca. Rita esqueceu-se dela e voltaram à loja. Filipe relata outro episódio, contado pela mãe: “Um dia, os meus pais convidam a Amália para ir à casa do Portinho da Arrábida. A passagem do Tejo, na altura, era por ferry-boat e às vezes havia filas de carros do Campo das Cebolas ao Cais do Sodré. A minha mãe guiava e a Amália estava sentada atrás, com um lenço na cabeça e óculos escuros. Alguém passa e reconhece-a - Amália, é a Amália! Daí a pouco, teve de ir a polícia de trânsito meter o carro no ferry-boat que aquilo era uma multidão que ninguém se entendia”.
A fachada da Adega Machado, em Lisboa
A nova Adega Machado
A pouco e pouco, os filhos de Armando e Maria foram ajudando nas lides do restaurante, até ficarem Filipe e Maria Rita. O espaço acabou por fechar e, em 2009, é alugado e intervencionado pelo grupo Fado & Food, que também gere o Café Luso, o Clube de Fado e o Timpanas. “A mudança deixou-nos muito tristes”, lamenta Maria Rita. É que, com exceção da fachada e do vasto espólio fotográfico nas paredes, tudo se alterou. Perdeu-se a rusticidade e o restaurante apresenta, agora, uma linha moderna. O diretor geral do grupo Fado & Food, Nuno Fernandes, assumiu funções já depois da obra ser feita e entende as críticas, mas pergunta: “é melhor ficar uma casa completamente abandonada, fechar e desaparecer ou alguém pegar nela e fazer algo que mantém a sua história, não mantendo a aparência física, é verdade, mas ganhando condições e a flexibilidade como não existe noutra casa de fado em Lisboa?”. Se a decisão tivesse sido dele, “se calhar não seria tão radical” ao nível das paredes. “Percebo perfeitamente o que a família sente, mas ver vida nisto também vale muito. A Adega Machado estava em declínio e não existiria se não fosse isto. Estamos longe da perfeição, mas tentamos o mais possível manter o que é a Adega Machado”, defende.
Os interiores da "nova" Adega Machado
Através de um investimento “gigante”, recuperou-se a sala principal, onde se canta o fado. Escavou-se outra zona, expondo mais espólio, criou-se uma sala mais íntima para eventos privados (todos os dias, às 17h, há sessões em que se explica o fado) com um bar, melhorou-se a zona de produção e camarins, e abriu-se um terraço para cocktails, jantares e eventos. A Adega funciona 364 dias por ano (exceto noite de Natal). Fechou na pandemia e a reabertura da Adega Machado está prevista para março de 2023, com horário das 19h30 à 01h00. Serve-se um menu de degustação com cinco pratospor €40 (sem vinhos) e alguns já apresentados foram Escabeche de aves, Bacalhau e grão, Corvina com amêijoas e Jardineira.
Vitela Estufada, Grão e Cenoura
O elenco inclui elementos fixos, contratados, e alguns convidados. O fadista Marco Rodrigues já atuava no Café Luso e o convite para fazer a gestão artística de um espaço “que era quase a segunda casa da Amália”, deixou-o muito feliz. Poder construir um elenco do zero, reavivando uma casa onde Amália estava muito presente, “é um desafio ainda maior”. “Gosto muito de estar aqui a cantar. Esta casa tem características que a tornam especial, intimista e fazem com que as pessoas consigam sentir a história. Quando a luz diminui e fica a penumbra e os quadros, a seriedade com que o fado é apresentado pode recriar um bocadinho do que existia. A forma como o turista sai daqui, muitas vezes cilindrado, quase sem perceber as palavras que cantamos, deixa-me muito orgulhoso e faz-me sentir que tudo isto vale a pena”, comenta.
Para Marco Rodrigues, que também integra o elenco de “Amar Amália”, o vulto que imortalizou o “Barco Negro” e “Gaivota” tinha características “que fizeram com que, no tempo em que viveu, fosse a maior artista portuguesa de sempre”. Porquê? “Porque era mesmo artista, ao contrário de outras grandes fadistas e vozes que havia nas casas de fado. A Amália era artista quando era entrevistada, quando cantava, quando ia para os camarins e quando saía de casa para ir às compras. Era artista.”, realça Marco Rodrigues, lembrando ainda que Amália foi criticada por “não cantar poetas populares e cantar Luís de Camões ou Fernando Pessoa”, e até por jornalistas, sobre suas opções: “tem toda a razão, isto não é fado, é Amália”, atirou uma vez. “É a prova de que ela era muito mais do que aquela capacidade incrível que tinha, aquele timbre capaz de fazer tudo e mais alguma coisa. Tinha uma parte de inteligência e sensibilidade que quase nenhuma naquela altura tinha. Se tivéssemos de, entre todas, definir quem podia ser A artista deste país, era a Amália”, sentencia Marco Rodrigues.
Amália Rodrigues faleceu em casa, a 6 de outubro de 1999, aos 79 anos. Deixou de herança uma voz ímpar, imortalizando poemas como o de “Estranha Forma de Vida”, que, garante João Braga, “arrepia qualquer insensível” e é “uma coisa do outro mundo, do outro mundo...”
Dedicatória de Amália na Adega Machado
Para comemorar os 50 anos do Expresso e do Recheio, fazemos uma viagem no tempo para relembrar restaurantes que marcaram as últimas cinco décadas. Acompanhe, todas as semanas, no Boa Cama Boa Mesa.
Recorde os primeiros restaurantes desta iniciativa:
Em 1990, ano em que se constituiu a Hussel, uma cadeia especializada no segmento dos doces (chocolates e guloseimas), foi também concretizada a compra do Arminho, que era um Cash & Carry bem posicionado no setor, em Braga. Esta operação da Jerónimo Martins possibilitou aumentar a dimensão e, consequentemente, “acelerar o crescimento” do grupo. António Sousa, gerente da loja Recheio do Porto, ainda é do tempo do Arminho, onde começou a trabalhar em 1981, em Braga. Quando a insígnia passou para as mãos do Recheio, “a diferença foi enorme e sempre a subir”. “Passámos a ter mais clientes”, salienta o responsável.
A marca Recheio surgiu no mercado em 1972. 50 anos depois, dispõe de 40 lojas e três plataformas distribuídas por todo o território nacional, mantendo como grande objetivo ir ao encontro das necessidades dos clientes ao apresentar desde os ingredientes às soluções, assumindo claramente um compromisso de estar ao lado dos empresários do canal HoReCa e retalho tradicional, contribuindo para o desenvolvimento do negócio, como um parceiro.
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