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Como chegou o festival Sónar a Lisboa. “Tudo começou com um e-mail e a resposta não tardou. Lisboa é um espaço criativo único”

Sónar Barcelona, em 2018
Sónar Barcelona, em 2018
Getty Images

Lisboa junta-se a cidades como Tóquio, Hong Kong, Buenos Aires, Istambul ou Reiquiavique como anfitriã do festival que desde 1994 tem afirmado Barcelona como centro nevrálgico da música eletrónica contemporânea. Numa apresentação esta quinta-feira no Hub Criativo do Beato, os organizadores portugueses e espanhóis do festival explicaram as razões que levaram à escolha da capital portuguesa como novo palco do Sónar “pelo menos nos próximos cinco anos”

“Tudo começou com um email”, explicou ao Expresso João Meneses, que antes da pandemia tomou a iniciativa de abordar o evento catalão manifestando vontade de criar uma extensão da célebre celebração de música eletrónica e arte digital no nosso país. “A resposta não tardou e rapidamente tudo se encaixou”, explicou o promotor que juntamente com parceiros como a Made of You, empresa que organiza o festival Neopop em Viana do Castelo, igualmente focado na música eletrónica, colocou de pé a primeira manifestação portuguesa do Sónar.

Artistas como Arca, Thundercat, Alessandro Cortini, Floating Points, Nina Kraviz, Dixon ou IAMDBB juntam-se a 8, 9 e 10 de abril a um cartaz com fortíssima representação nacional. “Lisboa”, sublinhou João Meneses, “é um espaço criativo único, com uma cena singular que não se encontra em mais lugar nenhum do mundo”. Razão mais do que suficiente para que artistas como Pongo, Branko, Moullinex e Xinobi, Rui Vargas, eu.clides, Pedro da Linha ou Riot e Nídia prometam abalar os sistemas de som dos diferentes espaços lisboetas ocupados pelo festival. Enric Palau, um dos diretores do evento catalão, contou ao Expresso que esta extensão lisboeta é mais do que lógica: “Programámos os Buraka Som Sistema um par de vezes e estivemos sempre atentos à cena que nos últimos anos se desenvolveu em Lisboa. Trazer o festival para uma cidade que está aberta ao futuro - e o Web Summit é apenas um dos indicadores - e que está a desenvolver um som que não existe noutro lugar faz total sentido”.

A edição lisboeta do Sónar, como faz questão de sublinhar Antònia Folguera, diretora e programadora do Sónar+D, programa de exposições e conferências em que se enquadra, por exemplo, 'Nati Infiniti' de Alessandro Cortini, tem o mesmo grau de ambição do seu parceiro de Barcelona: “em várias das outras cidades em que realizámos extensões do Sónar no passado, o programa Sónar+D foi sempre apenas uma pequena amostra do que fazemos na Catalunha. Mas o programa em Lisboa é vasto e tem ambição”. Cientistas, investigadores nas mais diferentes áreas, artistas e ativistas digitais vão convergir num programa de palestras, exposições e instalações que pretende questionar o futuro enquanto explora ideias de inclusão, sustentabilidade e responsabilidade social num mundo vergado aos efeitos do capitalismo ou da emergência climática. “Queremos mostrar caminhos alternativos”, refere a curadora.

Para lá do Hub Criativo do Beato, que ao longo de três dias se assume como epicentro de desafiantes ideias e apresentações que cruzarão artistas plásticos, neurocientistas, sociólogos e músicos em projetos inovadores, os concertos e DJ sets tomarão conta de espaços como o Pavilhão Carlos Lopes, Centro de Congressos de Lisboa ou Coliseu dos Recreios num primeiro ensaio que já garantiu mais quatro edições. “E esperamos”, diz Patrícia Craveiro Lopes, outra das parceiras portuguesas do Sónar Lisboa, “que estes cinco anos que acordámos sejam os primeiros numa história bem mais longa”.

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