Começou como jornalista em 1989, tendo passado pelas redações do "Século", "Diário de Lisboa", "Já", "Vida Mundial" e "Diário Económico". Participou, como jornalista, editor e autor, em seis programas diferentes da RTP. Em 1998, venceu o prémio revelação Gazeta, do Clube dos Jornalistas. Experimentou, por um ano, ser publicitário. Dedicou-se à atividade política, hoje prefere a atividade cívica. Tem esta coluna no "Expresso", participa nos programas "Eixo do Mal" e "Sem Moderação", na SIC Notícias, e faz um podcast de entrevistas “Perguntar Não Ofende", no Expresso. Nascido em 1969, é alfacinha apaixonado, português sem orgulho nem vergonha e acredita que isto ainda vai melhorar.
Há um acordo entre partes da comunicação social e do poder judicial: uns desistiram de investigar, outros de julgar. Trocando de lugar, magistrados investigam para jornalistas, recolhendo material que estes nunca poderiam obter legalmente; jornalistas condenam para magistrados, sem precisarem da mesma exigência de prova
Perante este momento histórico, o jornalismo pode ter linhas editoriais em defesa do Estado ocupado. É o meu lado. Mas tem de se afastar da propaganda. Ao contrário do que acontece com muita imprensa nos EUA, as televisões portuguesas acham que os cidadãos não aguentam mais do que uma narrativa simples que os anime para o esforço de guerra
As personagens parecem retiradas do Príncipe Real. E, no entanto, a história é incompreensível sem dar a sentir a miséria de Rabo de Peixe. Um ligeiro sotaque açoriano tornaria demasiado diferente do que se faz lá fora. O mundo fornece histórias à Netflix e elas são transformadas em produtos comestíveis estandardizados. Nada contra o McDonald’s. Mas boa comida é outra coisa
O BE tem de ser mais do que um movimento eleitoral. É da capacidade de representar o descontentamento social, acordando a esquerda da ressaca do fim da geringonça, da chegada em força da extrema-direita e da desilusão com Costa, que depende o seu futuro
Passa-se com Costa o que se passou com Cavaco, oito anos depois de chegar ao poder. Sem redes sociais e ciclos de 24 horas, esperávamos pela sexta-feira para conhecer mais um escândalo de um Governo pejado de gente eticamente pouco recomendável. Tudo acompanhado por muita arrogância. Mas, como Cavaco sabe, os mandatos não encurtam quando o fim do ciclo se aproxima
Ninguém acredita que uma CPI sobre o SIS manterá em segredo informação que, se for pública, pode pôr em risco a segurança do Estado e direitos de cidadãos. Querem fiscalizar o SIS para impedir que seja usado como instrumento do poder político? Mudem o funcionamento de um Conselho de Fiscalização que não fiscaliza
A ideia de que a resposta para a crise de habitação se tem de concentrar em mais nova construção ignora que Portugal é o país europeu com maior número de casas por milhão de habitantes, o aumento dos custos de construção, a debilidade das construtoras desde a crise financeira e que o ponto de comparação são décadas em que se construiu muito acima da média europeia. A nova oferta irá para os segmentos mais lucrativos
PR e PM estão a jogar poker aberto. E nenhum tem grande jogo. Costa deve assumir que um ministro que perdeu as condições para o ser não as passa a ter só porque demiti-lo é uma cedência ao Presidente. Marcelo deve assumir que a estabilidade política que nos prometeu não deixa de ser um objetivo só porque parte da direita a considera sinal de fraqueza. Se os dois fecharem esta novela, os discursos raivosos de Cavaco valerão o que sempre valeram desde que saiu de Belém
A PT deixou de ser quem mais investia em tecnologia e investigação, a Cimpor quase desapareceu, os CTT passaram de marca prestigiada a exemplo de incompetência, a ANA multiplicou as taxas, a EDP e a REN estão nas mãos da China
Os números da economia são bons. Mas há uma sensação de crise. Por uma razão real: ele não chega ao bolso dos portugueses. Outra artificial. Não é o que se passa na TAP, bem grave, como o depoimento de Frederico Pinheiro deixa claro. É a centralidade que a novela ganhou, num momento difícil para os portugueses. Ela não trabalha para a afirmação de uma alternativa, mas para o crescimento da extrema-direita. A receita para um mandato completo