Ambiente

Desflorestação da Amazónia com o pior fevereiro de sempre

Desflorestação na Amazónia. Julho de 2021
Desflorestação na Amazónia. Julho de 2021
AMANDA PEROBELLI/REUTERS

Mesmo com Lula da Silva no poder, foram destruídos em fevereiro 322 quilómetros quadrados da maior floresta tropical do mundo

A desflorestação da Amazónia brasileira aumentou em fevereiro, atingindo o valor mais alto alguma vez registado nesse mês. Foram destruídos 322 quilométros quadrados da maior floresta tropical do mundo no mês passado, indica o sistema de monitorização por satélite governamental. Este novo recorde num mês de fevereiro mostra o enorme desafio que o Presidente Lula da Silva tem pela frente para reverter a política de Jair Bolsonaro.

Comparada com fevereiro de 2022, a desflorestação da Amazónia aumentou 62% no mês passado – cerca de 60 dias depois de Lula tomar posse. Em janeiro tinha-se registado uma queda. No entanto, várias organizações ambientais alertaram que a taxa de desmatamento é tipicamente mais baixa no início do ano, dada a maior dificuldade em monitorizar a destruição da floresta devido às condições meteorológicas, nomeadamente maior nebulosidade.

De forma a travar a desflorestação, o Governo de Lula da Silva começou logo por descongelar o Fundo Amazónia. “Este fundo pode atuar de forma a financiar duas áreas prioritárias de ação: combater o crime ambiental e financiar modelos económicos sustentáveis”, explicava ao Expresso, em janeiro, Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, a principal rede de grupos ambientalistas do Brasil.

Este fundo para a conservação da Amazónia foi criado em 2008, durante o segundo mandato de Lula, e tinha ficado paralisado no Governo de Jair Bolsonaro, com cerca de 3,2 milhões de reais (aproximadamente 576 mil euros). Além do desmatamento, durante os quatro anos da presidência Bolsonaro aumentou a exploração ilegal de minério e madeira, bem como a invasão de áreas protegidas e territórios indígenas.

Durante o mandato do ex-Presidente do Brasil, a taxa de destruição da floresta amazónica aumentou 59,5%, segundo os dados divulgados pelo órgão governamental Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), calculados pelo Observatório do Clima. Trata-se do maior aumento alguma vez registado num mandato de um Presidente brasileiro. Só em 2022, o último ano de Bolsonaro no poder, a Amazónia perdeu mais de 10 mil quilómetros de cobertura vegetal — um valor recorde na desflorestação do ‘pulmão verde’ do planeta.

Para reverter este ‘legado’ ambiental, Lula promete afastar-se totalmente das políticas destrutivas do seu antecessor. E, para isso, trouxe de volta Marina da Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que já tinha assumido esta pasta entre 2003 e 2008. Durante este período, Marina da Silva conseguiu reduzir consideravelmente a taxa de desmatamento da maior floresta tropical do mundo.

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