Desflorestação da Amazónia com o pior fevereiro de sempre
Mesmo com Lula da Silva no poder, foram destruídos em fevereiro 322 quilómetros quadrados da maior floresta tropical do mundo
Mesmo com Lula da Silva no poder, foram destruídos em fevereiro 322 quilómetros quadrados da maior floresta tropical do mundo
A desflorestação da Amazónia brasileira aumentou em fevereiro, atingindo o valor mais alto alguma vez registado nesse mês. Foram destruídos 322 quilométros quadrados da maior floresta tropical do mundo no mês passado, indica o sistema de monitorização por satélite governamental. Este novo recorde num mês de fevereiro mostra o enorme desafio que o Presidente Lula da Silva tem pela frente para reverter a política de Jair Bolsonaro.
Comparada com fevereiro de 2022, a desflorestação da Amazónia aumentou 62% no mês passado – cerca de 60 dias depois de Lula tomar posse. Em janeiro tinha-se registado uma queda. No entanto, várias organizações ambientais alertaram que a taxa de desmatamento é tipicamente mais baixa no início do ano, dada a maior dificuldade em monitorizar a destruição da floresta devido às condições meteorológicas, nomeadamente maior nebulosidade.
De forma a travar a desflorestação, o Governo de Lula da Silva começou logo por descongelar o Fundo Amazónia. “Este fundo pode atuar de forma a financiar duas áreas prioritárias de ação: combater o crime ambiental e financiar modelos económicos sustentáveis”, explicava ao Expresso, em janeiro, Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, a principal rede de grupos ambientalistas do Brasil.
Este fundo para a conservação da Amazónia foi criado em 2008, durante o segundo mandato de Lula, e tinha ficado paralisado no Governo de Jair Bolsonaro, com cerca de 3,2 milhões de reais (aproximadamente 576 mil euros). Além do desmatamento, durante os quatro anos da presidência Bolsonaro aumentou a exploração ilegal de minério e madeira, bem como a invasão de áreas protegidas e territórios indígenas.
Durante o mandato do ex-Presidente do Brasil, a taxa de destruição da floresta amazónica aumentou 59,5%, segundo os dados divulgados pelo órgão governamental Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), calculados pelo Observatório do Clima. Trata-se do maior aumento alguma vez registado num mandato de um Presidente brasileiro. Só em 2022, o último ano de Bolsonaro no poder, a Amazónia perdeu mais de 10 mil quilómetros de cobertura vegetal — um valor recorde na desflorestação do ‘pulmão verde’ do planeta.
Para reverter este ‘legado’ ambiental, Lula promete afastar-se totalmente das políticas destrutivas do seu antecessor. E, para isso, trouxe de volta Marina da Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que já tinha assumido esta pasta entre 2003 e 2008. Durante este período, Marina da Silva conseguiu reduzir consideravelmente a taxa de desmatamento da maior floresta tropical do mundo.
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