Confrontada no parlamento pela deputada socialista Mariana Vieira da Silva sobre os mais de 9 mil doentes que o Governo, aquando da apresentação do Plano de Emergência da Saúde, disse estarem a aguardar cirurgia fora dos Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG), a ministra afirmou: “os mais de 9 mil são doentes oncológicos que, a partir do momento em que o são, todas as patologias que requerem proposta cirúrgica são prioritárias”.
Em março, do número total de doentes oncológicos à espera de cirurgia, apenas 25% (o que equivalia a cerca de 2300 pessoas) das intervenções estavam relacionadas diretamente com a doença oncológica, disse deputada do PS.
Mariana Vieira da Silva apontava que era impossível, assim, saber se, caso estes casos reduzam para metade dentro de meses, o Governo se estará a referir ao número de utentes oncológicos que estão acima dos TMRG ou ao número de doentes que, padecendo de doença oncológica, necessitem também de outras intervenções cirúrgicas.
Confrontada com estes números, Ana Paula Martins disse: “Todos os doentes oncológicos devem ter prioridade em relação a outros não oncológicos, de acordo com o que é sempre a classificação médica”. E ainda afirmou que, para o governo, está bem estabelecido que “um doente oncológico é sempre prioritário” e que essa “é uma ideia política assumida”.
Ainda sobre os doentes oncológicos, a ministra disse que vai passar a haver “registo fino” da espera para exames, tal como existe para as cirurgias.
“Vai passar a estar registado e nenhum doente vai atrasar o seu diagnóstico por não ter MCDT [meio complementar e diagnóstico e terapêutica]”, disse a ministra, acrescentando: “Há áreas, como o cancro do pulmão ou do pâncreas, em que levamos mais de um mês a fazer diagnóstico por falta de meios complementares de diagnóstico”.
Ana Paula Martins reconheceu ainda que os TMRG definidos, nalguns casos, estão desatualizados e devem ser revistos.
Quase cinco mil cirurgias oncológicas que estavam à espera agendadas até 30 de abril
A ministra da Saúde anunciou que, até 30 de abril, foram agendadas 4959 cirurgias oncológicas, das quais 1364 já estavam acima dos TMRG.
A governante confirmou o envio de um 'email' às unidades de saúde para que agendassem até 14 de junho, “até ao limite da capacidade”, todos os doentes da sua lista de espera que estivessem acima dos TMRG para que sejam operados até 31 de agosto.
“A unidade de gestão acesso contactou todas as unidades para reforçar a necessidade de fazer todos os agendamentos. Os doentes não agendados serão considerados transferíveis e o processo transferência inicia-se a 17 junho. Se o hospital não consegue responder, terá de ser um hospital na área de residência preferencialmente”, explicou.
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