Saúde

Bastonária dos Nutricionistas: “Portugal retrocedeu 10 anos no excesso de peso e da obesidade em crianças”

Bastonária dos Nutricionistas: “Portugal retrocedeu 10 anos no excesso de peso e da obesidade em crianças”
Foto José Caria

Bastonária pede “a urgente intensificação de medidas para combater a obesidade infantil”, um dos "mais preocupantes problemas de saúde pública da atualidade”. Prevalência da obesidade aumentou em crianças entre os seis e os oito anos

É preciso fazer alguma coisa já. O alerta é feito pela bastonária da Ordem dos Nutricionistas no dia em que foi noticiado um aumento da obesidade entre as crianças portuguesas. Entre 2019 e 2022, o excesso de peso na faixa etária dos seis aos oito anos aumentou de 30% para 32% e a obesidade infantil subiu 1,6 pontos percentuais, para 13,5%, revela o Instituto Ricardo Jorge na sexta ronda do estudo COSI.

“A redução que o país conseguiu na última década, entre 2008 e 2019, relativamente a esta matéria, com uma tendência decrescente do excesso de peso e obesidade nas crianças, tornou-se uma otimista conquista. Infelizmente, constatar que estes dados já se encontram no sentido contrário, e que voltamos aos números de 2013, é sem dúvida preocupante”, afirma Alexandra Bento. E avisa: “Com o cenário atual, e caso não se definam novas políticas de resposta a esta doença, poderão ser precisos mais dez anos para voltarmos aos números de 2019.”

Segundo a nutricionista, “estes dados só reforçam o que tem vindo a ser defendido pela ordem”, isto é, ser “fundamental priorizar a integração de nutricionistas nos cuidados de saúde primários, profissionais capacitados para trabalhar as questões relacionadas com a prevenção da doença e promoção de saúde, nomeadamente no que diz respeito a intervenções especificas de identificação precoce e seguimento”. Alexandra Bento reforça: “Acresce ainda as escolas portuguesas continuarem desertas de nutricionista.”

O contexto internacional não passou ao lado do diagnóstico agora realizado entre as crianças. “A conjuntura mundial económico-financeira vivida por fatores inesperados, como a pandemia, guerra e inflação, também comprometeram os progressos alcançados na melhoria do estado nutricional das crianças, pelo que teria sido fundamental uma monitorização mais atempada e regular desta doença, bem como termos tido a capacidade de antecipar e agir preventivamente de forma a travar o avanço de uma epidemia que sabemos pode ser prevenida e, no entanto, ameaça a saúde das nossas crianças.”

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