Coronavírus

Covid-19. Já estive infetado, preciso de tomar a vacina? Respostas a esta e a outras nove perguntas sobre as vacinas

Covid-19. Já estive infetado, preciso de tomar a vacina? Respostas a esta e a outras nove perguntas sobre as vacinas
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Está marcada para o próximo mês a chegada das primeiras vacinas a Portugal, num plano que terá três fases distintas. Mas há ainda algumas questões em aberto

As vacinas para a covid-19 chegam a Portugal no início de 2021 e sobre elas muito se tem escrito e falado. Mas há ainda perguntas no ar, umas com resposta certa, outras para as quais teremos de esperar mais algumas semanas.

1. Vou ser obrigado a tomar a vacina?

Não, a vacina é facultativa. Especialistas ouvidos pelo Expresso explicam que não se pode obrigar ninguém, “especialmente adultos”, a tomar uma vacina, mas também alertam que há um dever de promoção da saúde que não deve ser esquecido.

2. O processo foi muito rápido. As vacinas são 100% seguras?

Sim. Os critérios de aprovação e avaliação das vacinas não mudaram em nada, e todos os ensaios foram realizados da mesma forma. O que mudou foi a agilidade dos reguladores, dada a urgência da questão, mas também essa rapidez não significa menos exigência.

A velocidade com que as vacinas entretanto vão chegar aos países explica-se ainda pelo facto de as empresas terem continuado a produzir mesmo antes da aprovação: assim, no momento em que recebem o “ok”, têm já milhões de doses prontas para exportação.

3. Mas não confio em todas as empresas. Posso escolher a minha vacina?

Não. Há várias empresas com vacinas à espera de aprovação da Agência Europeia do Medicamento (EMA) e os critérios para qual delas utilizar, no caso de haver mais do que uma disponível, serão da responsabilidade das autoridades da saúde. A vacina é facultativa, mas escolher qual delas quer tomar não está entre as opções.

4. Posso ser penalizado se decidir não tomar a vacina?

Talvez. Nem os constitucionalistas estão de acordo quanto a esta ideia, mas o certo é que Christa Schweng, presidente do Comité Económico e Social Europeu, órgão consultivo da União Europeia, sugeriu na semana passada que uma empresa podia recusar trabalho a alguém que não queira tomar a vacina. Disse-o em entrevista à agência espanhola Efe, não colocando em causa o caráter facultativo da vacinação.

Há quem defenda que no sector público e dos serviços, seria justo e defensável recusar a entrada ou acesso a quem não queira tomar a vacina, mas também há os que dizem que, se ela é opcional, ninguém pode sair penalizado por não a querer tomar. Ainda é preciso esperar para ter respostas mais concretas.

Noutros países, como nos EUA, ideias semelhantes estão a ser estudadas, como o impedimento de acesso a espaços como escolas ou escritórios a quem não queira ser vacinado.

5. Quem vai tomar a vacina primeiro?

O plano para Portugal foi apresentado pelo Governo na passada sexta-feira, 3 de dezembro, e divide-se em três fases. A primeira, que deverá decorrer entre janeiro e março de 2021, passa por vacinar pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, além de residentes e profissionais em lares e unidades de cuidados continuados, profissionais de saúde, das forças armadas, das forças de segurança e de outros serviços críticos. Perto de 950 mil pessoas terão acesso à vacina nesta primeira fase.

Segue-se uma segunda, alargada a 1,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos e cerca de 900 mil com patologias associadas e mais de 50 anos.

Na terceira fase, pretende-se imunizar o resto da população, a um ritmo que vai depender também das entregas.

6. Tenho mais de 50 anos e faço parte de um grupo de risco. Vou ser contactado pelo meu centro de saúde?

Sim. Os utilizadores dos centros de saúde elegíveis para a vacina na primeira fase do plano serão contactados. Quem não estiver inscrito, mas fizer parte de um grupo de risco, deve contactar o centro de saúde e levar uma declaração médica que comprove a patologia.

7. Já estive infetado. Preciso mesmo de tomar a vacina?

É uma das perguntas para as quais ainda não há resposta certa. Primeiro é preciso que a EMA dê luz verde às vacinas e especifique os critérios da sua utilização. De qualquer forma, uma pista: os ensaios clínicos incluíram pessoas infetadas com covid-19.

8. Se for vacinado, não preciso de cumprir as restrições?

Precisa. As restrições que vierem a ser impostas em Portugal, a nível nacional ou local, são sempre para todos, mesmo quem já tenha recuperado da doença ou recebido a vacina. O objetivo é atingir a imunidade de grupo, o que só acontecerá quando entre 60% a 70% dos portugueses estiverem vacinados.

9. Depois de tomar a vacina, por quanto tempo vou ficar imune?

Ainda não há resposta. Só depois dos ensaios clínicos será possível dizê-lo com mais certezas.

10. A partir de que idade se pode levar a vacina? As crianças devem tomá-la?

Esperam-se ainda resultados de ensaios clínicos e a decisão da EMA para definir parâmetros e idades. No Reino Unido, porém, já foi autorizada a vacinação a maiores de 16 anos. Em Portugal ainda não há indicação de que as vacinas possam ser administradas a menores de 18 anos. Como se sabe, as crianças são menos vulneráveis à covid-19.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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