Como a Europa lida com a segunda vaga: confinamento e recolher obrigatório são tendências, mas escolas mantêm-se maioritariamente abertas
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Cada um à sua maneira, os países europeus tentam conter os casos de contágio pelo vírus da covid-19. Há medidas antigas, outras que foram anunciadas nas últimas semanas e outras ainda impostas nos últimos dias. É o caso, por exemplo, da Grécia, onde creches e escolas primárias foram encerradas esta segunda-feira. Confira aqui algumas destas medidas
A Europa tem 50 países e terá outros tantos conjuntos de medidas impostas para combater a segunda vaga da covid-19, umas que têm já muitas semanas e outras impostas nos últimos dias, incluindo confinamentos. Espanha já havia anunciado em outubro o estado de emergência até maio de 2021, mas o Governo da Grécia, onde as pessoas têm de enviar um SMS às autoridades sempre que querem sair de casa, anunciou entretanto o encerramento das creches e escolas primárias.
A descoberta de uma mutação do vírus na Dinamarca fez confinar parte da região norte do país (e matar milhões de animais) e na República da Irlanda nem as reuniões familiares são permitidas — pode-se sair de casa mas para fazer exercício e pouco mais, e com muitas restrições: é proibido afastar-se mais do que cinco quilómetros da habitação e só se pode estar acompanhado de uma pessoa do mesmo agregado familiar. Já nos Países Baixos a prioridade parece ser a prática de exercício: ginásios, piscinas e saunas mantêm-se abertas e as pessoas com menos de 18 anos podem continuar a praticar desportos coletivos.
Fazemos aqui uma ronda por alguns países europeus, sendo que, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e controlo de doenças, na semana passada estavam em vigor confinamentos nos seguintes países: Irlanda, República Checa e França (total) e Bélgica, Eslovénia, Espanha, Luxemburgo, Eslováquia, Áustria, Hungria,. Chipre, Itália e Reino Unido (parcial),
Espanha: estado de emergência até maio de 2021
Em Espanha, foi decretado o estado de emergência até ao início de maio de 2021. À exceção das Ilhas Canárias, a população está proibida de sair de casa a partir das 23h00, podendo voltar a sair a partir das 6h00 do dia seguinte. Há, claro, exceções: é permitido sair para ir trabalhar, comprar medicamentos e cuidar de crianças e idosos. As diferentes regiões têm autonomia para definir a hora de início e fim do recolher obrigatório, e ainda para impedir as deslocações entre regiões, se assim o entenderem.
Encontros sociais no espaço público, e mesmo em espaços privados (incluindo em casa) estão limitados a seis pessoas. O uso de máscara é obrigatório nos transportes públicos para maiores de seis anos, assim como em espaços públicos fechados, em todo o território espanhol. Em algumas regiões espanholas, o seu uso é obrigatório ao ar livre. Quanto aos aeroportos, será obrigatório, a partir do dia 23 de novembro, apresentar à chegada a Espanha um teste negativo do vírus realizado nas 72 horas anteriores.
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Itália: vermelho, laranja e verde
Zonas vermelhas, laranja e verdes: assim se encontra dividido o território italiano neste momento. A cor define um nível de risco, sendo as áreas assinaladas a vermelho as mais problemáticas em termos de número de infeções. Aí, estão fechados bares, restaurantes e a maioria das lojas, incluindo cabeleireiro e salões de beleza. Fábricas e serviços essenciais — que incluem farmácias e supermercados — mantêm-se abertos.
Nas zonas cobertas a laranja, os restaurantes e os bares estão fechados mas os cabeleireiros e salões de beleza abertos. Finalmente, nas zonas verdes, restaurantes e bares podem estar abertos até às 18h00, mas os museus, teatros, cinemas, ginásios e piscinas estão encerrados, tal como no resto do país. Mas há mais: está em vigor o recolher obrigatório em todo o país (das 22h00 às 5h00 da manhã do dia seguinte) e os casamentos, batismos e funerais estão proibidos. Os alunos dos anos de escolaridade mais avançados estão a ter aulas à distância e é obrigatório o uso de máscara em todo o lado, excepto, claro, em casa.
França: confinamento total
A segunda vaga “será indiscutivelmente mais dura e mortal do que a primeira” e, se não houver uma “travagem brutal nos contágios, os hospitais vão colapsar”. Assim disse o Presidente francês, Emmanuel Macron, no final de outubro. Dias depois, o país entrou num novo confinamento nacional que irá prolongar-se pelo menos até 1 de dezembro.
Há, contudo, exceções: é permitido sair de casa para ir trabalhar, comprar bens essenciais, ir ao hospital ou ao centro de saúde ou receber outro tipo de ajuda médica, e fazer exercício durante uma hora por dia. Qualquer pessoa que deixe a sua residência deve fazer-se acompanhar de uma declaração a justificar a saída. O comércio não essencial está encerrado, bares e restaurantes também, mas as escolas e as creches mantêm-se abertas. Os encontros sociais foram banidos.
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Bélgica: um dos países com mais infeções, e também com mais mortes
Na Bélgica, um dos países europeus com mais casos de infeção (e também com mais mortes causadas pelo vírus da covid-19), todo o comércio e serviços não essenciais estão encerrados. Os restantes estão obrigados a encerrar às 22h00. Também os restaurantes, bares e cafés estão fechados, mas podem servir em “take-away” até às 22h00 (a venda de álcool é proibida a partir das 20h00). O uso de máscara é obrigatório em todo os locais e os encontros entre pessoas em espaços públicos estão limitados a quatro pessoas.
Nas regiões de Valónia e Bruxelas, há recolher obrigatório das 22h00 às 6h00 - e as exceções são semelhantes às dos outros países, sendo possível sair neste período para trabalhar e para receber cuidados médicos urgentes (na Flandres, o recolher obrigatório começa mais tarde e acaba mais cedo, das 00h00 às 5h00). Ginásios, piscinas e instalações culturais e de lazer estão fechadas, não sendo também permitidos mercados de Natal e festivais. Também não é permitido assistir a eventos desportivos.
Alemanha: confinamento parcial
Também no final de outubro, a Alemanha entrou em confinamento parcial, com a imposição de medidas que a chanceler alemã Angela Merkel reconheceu serem “duras”. Foram limitados ainda mais os contactos sociais — com os encontros em espaços públicos limitados a 10 pessoas de duas famílias — e os cinemas, assim como os teatros, ginásios, piscinas, saunas, restaurantes e bares foram encerrados (no caso dos restaurantes, podem apenas servir em “take-away”).
Escolas, creches, supermercados e salões de cabeleireiro continuam abertos, tal como se mantêm em funcionamento os serviços religiosos. Os eventos de grandes dimensões foram cancelados e não é permitido assistir a eventos desportivos. É proibido dormir em hotéis se não for por razões profissionais e todas as viagens consideradas não essenciais foram desaconselhadas. Será assim até 30 de novembro.
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Grécia: enviar um SMS às autoridades de saúde para poder sair de casa
Medidas ainda mais duras estão em vigor na Grécia: é necessário pedir autorização às autoridades de saúde para sair de casa, enviando para o efeito uma mensagem (SMS), e todos os dias a população está obrigada a recolher às 21h00 (podendo apenas sair de casa a partir das 5h00 do dia seguinte). Além dessa medida de restrição da mobilidade, estão proibidas também as deslocações entre as diferentes regiões gregas. E se, no contexto das novas medidas impostas no país, as creches e as escolas primárias começaram por poder estar abertas, entretanto foi anunciado o seu encerramento a partir desta segunda-feira, durante duas semanas. Escolas secundárias e lojas já estavam encerradas. Há ainda outro detalhe: qualquer pessoa que viaje para a Grécia deve apresentar um teste de deteção do vírus negativo à chegada ao país.
República Checa, onde até as escolas estão encerradas
Na República Checa, outro dos países mais afetados nesta segunda vaga do vírus (apesar de uma diminuição recente do número de casos diários), foram encerradas as escolas, bares, restaurantes e comércio, à exceção da venda de bens essenciais. É também unicamente para comprar esses bens — e para receber cuidados médicos ou atender a outras emergências — que as pessoas estão autorizadas a sair de casa. A República Checa foi, aliás, um dos primeiros países a impor um novo confinamento e as medidas descritas estão em vigor até 20 de novembro. Quanto às escolas primárias (1.ª e 2.ª classe, aliás), abrem já na quarta-feira, dia 18, com os alunos a terem de usar máscara, mesmo durante as aulas.
Dinamarca: descoberta de mutação de vírus fecha região norte do país
Com a descoberta de uma mutação do vírus SARS-CoV-2 em visons, que terá infetado 214 pessoas, a situação na Dinamarca complicou-se — inclusive para estes animais, que estão a ser abatidos aos milhões. Sete províncias do norte do país estão em confinamento desde a tal descoberta. No resto do país, os encontros sociais estão limitados a dez pessoas e o uso de máscara é obrigatório em espaços fechados. Também está proibida a venda de álcool a partir das 22h00, hora a partir da qual também estão obrigados a encerrar os bares, restaurantes e clubes noturnos em Copenhaga e zonas circundantes. Estas restrições vão estar em vigor até ao dia 2 de janeiro.
Países Baixos: escolas são prioridade, mas exercício físico também
Nos Países Baixos, o comércio e as lojas, à exceção dos supermercados, estão a encerrar especialmente cedo, às 20h00 (hora a partir da qual também não se pode vender álcool). Bares, restaurantes e cafés estão simplesmente fechados, embora possam servir em “take-away”, assim como também estão encerrados museus, teatros, cinemas, jardins zoológicos e parques de diversões.
Os encontros sociais estão limitados a duas pessoas (se forem de diferentes agregados familiares) e o uso de máscara será obrigatório em todos os espaços fechados a partir do dia 1 de dezembro (já era obrigatório nos transportes públicos, lojas e comércio). As escolas estão abertas e a prática de exercício físico parece ser uma prioridade para o Governo dos Países Baixos, ou não permanecessem os ginásios, piscinas e saunas abertas. Jovens com menos de 18 anos podem continuar a praticar desportos coletivos.
República da Irlanda: proibidos encontros em casa
Nenhum tipo de encontro é permitido na República da Irlanda, nem entre amigos, nem entre familiares alargados, mesmo dentro de casa. É permitido, contudo, sair para fazer exercício, mas apenas a uma distância de cinco quilómetros de casa, no máximo, e com uma pessoa do mesmo agregado familiar. Grande parte do comércio não essencial está fechado, assim como também estão fechados os cabeleireiros, bares e restaurantes (nestes dois últimos casos, é permitido servir em “take-away”). A presença em casamentos está limitada a 25 pessoas e, em funerais, a dez pessoas. As escolas e as creches mantêm-se abertas, assim como o setor da construção e do desporto de alta competição.
