Diário da Peste,
16 Abril
Calígula era um imperador sanguinário.
Mas deitava-se na cama com medo quando ouvia trovões.
Quando beijava uma das amantes, brincava: «Basta que dê uma ordem e esta linda cabeça será cortada.»” (D.)
“Proclamou-se Júpiter” e mandou decapitar as estátuas dos deuses para pôr lá a sua cabeça”.
Queria também dominar o céu.
Mandou fazer uma máquina que imitava o estrondo dos relâmpagos.
E desses não tinha medo.
Calígula tinha muitas insónias.
À noite andava de um lado para o outro do palácio “exigindo em altos gritos que aparecesse o dia”.
A razão não é a mesma.
Mas hoje há muitos que também não conseguem dormir.
E a meio da noite, às duas da manhã, gritam a exigir que o dia comece.
Mas não tem começado.
(in memoriam de Rubem Fonseca, Luis Sepúlveda e Maria de Sousa)
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