
Doze pessoas pediram ajuda para tratar dependência. Prescrição médica do analgésico fentanil, que é 50 vezes mais potente que a heroína, disparou em Portugal nos últimos anos. Recomendações da DGS são de 2008 e desvalorizam risco de adição
Doze pessoas pediram ajuda para tratar dependência. Prescrição médica do analgésico fentanil, que é 50 vezes mais potente que a heroína, disparou em Portugal nos últimos anos. Recomendações da DGS são de 2008 e desvalorizam risco de adição
Jornalista
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Em Portugal, 12 pessoas já pediram ajuda para serem tratadas por dependência de fentanil — um analgésico opioide altamente viciante e que está a causar uma “epidemia” de mortes por overdose nos EUA. De acordo com dados do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), os casos ocorreram no ano passado e um já este ano. Entre estas 12 pessoas, oito usavam fentanil juntamente com outras drogas, mas as restantes quatro estavam exclusivamente viciadas nesta substância, que nos últimos anos tem vindo a ser cada vez mais prescrita pelos médicos para o controlo da dor.
O Expresso sabe que um dos casos se refere a um homem com cerca de 50 anos, sem histórico de abuso de drogas, a quem foi prescrito fentanil num hospital privado de Lisboa para alívio de uma dor lombar. Depois de algumas semanas a usar os adesivos comprados na farmácia, o doente, que não foi informado do risco de adição, chegou ao fim da embalagem sem ter uma nova receita para aviar. Entrou em “privação imediata”. “A dor que tinha não justificava o uso de fentanil. Foi-lhe prescrito à americana. Quando percebeu que estava dependente, procurou ajuda”, diz Miguel Vasconcelos, coordenador da Unidade de Desabituação do Centro das Taipas, em Lisboa. Noutro caso, o analgésico foi prescrito a um jovem com cerca de 30 anos que sofria de um problema grave de saúde, com dor intensa. “Ainda se tentou fazer a desabituação física em ambulatório, mas acabou por ter de ficar internado cerca de 10 dias”, adianta.
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